Prólogo — A Aposta Milionária
Narrado por Lana Ferreira
Meu Deus… Eu nunca pensei que estagiar na empresa onde o papai trabalha há mais de vinte anos como porteiro fosse me causar tantos problemas.
Sério. Eu só queria cumprir meu estágio, ganhar experiência, entregar meu relatório da faculdade e ir embora em paz. Mas não… simplesmente a noiva do senhor Patrick, meu chefe, resolveu que não gosta da minha cara.
Tudo bem, ela é uma Barbie. Alta, loira, magra. Eu sou uma plus. E me amo do jeito que eu sou, tá? Sempre me amei. Mas, pelo visto, autoestima é uma ofensa para certas pessoas.
No restaurante da empresa foi o auge do vexame.
Eu estava lá, sentada com as meninas da recepção, almoçando quieta no meu canto, quando a Barbie do inferno resolveu fazer um escândalo. “O que esse barril de banha está fazendo aqui?” — ela falou em alto e bom som, como se fosse engraçado.
Todo mundo ouviu.
As secretárias que estavam comigo tentaram amenizar, pediram para eu não dar confiança, que gente assim não vale a pena. Mas, sinceramente? Aquilo foi humilhante.
E como se não bastasse, o primo do senhor Patrick, o senhor Harry, e o irmão dele, o senhor Louis, ainda resolveram fazer uma aposta ridícula. Apostaram que me conquistariam, só para debochar da Barbie. Eu vi. Eu ouvi. Foi constrangedor.
Se eu não precisasse tanto desse estágio, juro que teria mandado todo mundo para aquele lugar e ido embora. Mas eu preciso. E muito.
Dias depois, eu estava nos corredores, entregando uns documentos, quando vi a Barbie chegando. Linda, montada na arrogância, salto agulha que parecia perfurar o mármore. Mas ela não entrou na sala do senhor Patrick, não. Passou direto para a sala de reuniões.
Achei estranho.
Fui seguindo meu caminho, mas comecei a ouvir uns barulhos esquisitos vindo de lá. Não barulhos de reunião, se é que me entende. Aquilo estava mais para gemidos do que para uma conversa sobre relatórios financeiros.
Meu coração disparou.
Eu podia muito bem fingir que não vi, mas a curiosidade foi maior. Bati na porta da secretária, expliquei que achava que alguém estava passando m*l na sala de reuniões e pedi para chamarem o senhor Patrick. Eu só queria ajudar… acho.
O senhor Patrick chegou em questão de segundos.
Entrou na sala como um furacão silencioso. E, pronto. Lá estava a cena que ninguém quer ver: a noiva dele, a Barbie, fazendo sexo com o diretor do financeiro, senhor Richard, em cima da mesa.
Que absurdo.
Que vergonha.
Eu não sabia onde enfiar a cara.
O senhor Patrick não gritou. Não quebrou nada. Ele só olhou. E foi aquele olhar que me fez entender que, dali em diante, tudo mudaria.
Inclusive, para mim.