#Parabéns, Papai. Em Dose Tripla

1704 Words
Ao sair do consultório com os exames em mãos e o coração saltando de emoção, Lana respirou fundo. O sol do final da tarde acariciava sua pele enquanto as palavras da médica ecoavam em sua mente: trigêmeos. Ela ainda não conseguiu acreditar por completo. Ela pegou o celular e ligou para a clínica da nutricionista indicada, mas a recepcionista foi direta: — Só temos horário daqui a dois dias, senhorita Lana. — Tudo bem, pode agendar, por favor. O mais cedo que tiver. Desligou e se virou para Lena e Nice com um sorriso malandro. — Agora é o seguinte... A gente vai dar uma passadinha no shopping. — No shopping? — Lena perguntou, arqueando uma sobrancelha. — Você vai começar o enxoval hoje? — Ainda não. Hoje eu vou comprar um presente. Eu não quero contar o sexo dos bebês ainda — ela disse, acariciando a barriga — mas quero fazer uma surpresa para o Patrick. Ele merece. — Já sei! — exclamou Nice, empolgada. — Vamos comprar três macaquinhos? — Isso mesmo! Mas tudo é neutro. Nada de rosa, nem azul. Vamos de branco. Chegando ao shopping, entraram em uma loja especializada em roupas de bebê. As três vibraram quando encontraram os modelinhos perfeitos: três macacões brancos com a frase bordada em azul-acinzentado e dourado suave: “Parabéns, Papai. Estamos Chegando.” Cada um vinha com uma toquinha delicada e um sapatinho de lã. — Vai embrulhar os três juntos? — perguntou a vendedora. — Sim — disse Lana com os olhos brilhando. — Coloque tudo numa caixa bonita. Ele vai receber isso amanhã. Depois da loja de bebês, Lana passou numa papelaria e escolheu um papel de presente especial: branco perolado com laço dourado. A surpresa estava pronta. Ao chegar em casa, encontrou os pais na varanda. O pai lia jornal e a mãe fazia crochê, como de costume. — Oi, minha filha — disse Dona Teresa, olhando para o rosto da filha. — Você está com uma luz diferente... o que aconteceu? Lana sorriu e entregou a caixinha para os dois. A mãe abriu devagar, puxando a fita com delicadeza. Quando viu os três macaquinhos lado a lado, os olhos dela se arregalaram. — Lana... minha filha... você tá grávida?! — Sim, mãe, estou ôl. E são três. — Três?! — exclamou a mãe, levando a mão ao coração. — Antes de casar, menina?! Eu pensei que você ia esperar... — Mãe... eu já vou casar no final do mês. O Patrick quer se casar logo. Nem eu esperava por isso. Seu Francisco se levantou com um sorriso largo, pegando os macacões nas mãos. — Parabéns, minha filha. Quer dizer que eu vou ser avô de três netos de uma vez só? — Ele gargalhou. — É assim mesmo. Tu puxou foi pra tua tia. Aquela lá teve três de uma vez também. Ele olhou para Lena com ar brincalhão: — Cuidado, viu Lena? Se a Lana vai ter três, você pode ter dois ou quatro! — Quatro, pai? Por favor, né?! — Lena fez careta, rindo. — É bem capaz! — ele retrucou, e logo emendou com um olhar observador. — Aliás, você acha que eu não percebo não que o tal do Harry vive arrastando asa pra você? Lena tentou disfarçar, mas ficou vermelha. — E o pior — continuou o pai — nunca mais vi aquele rapaz com nenhuma mulher. Acho que está se endireitando. Lana trocou um olhar maroto com a prima. Lena riu, tentando mudar de assunto. — E o Luiz, hein? — Ah, aquele... — respondeu o pai, se acomodando na cadeira de novo. — Agora só vive no escritório. Antigamente, ele saía direto pra “dar umas voltas”. Hoje ele se despede dizendo: “Boa noite, seu Francisco, até amanhã. Indo pra casa descansar.” — Ele gargalhou. — Esses meninos estão mudando. Acho que vocês três estão fazendo mágica nesses rapazes. Lana abraçou a mãe por trás e encostou o queixo no ombro dela. — A senhora vai me ajudar com os preparativos do casamento, né? Dona Teresa enxugou uma lágrima disfarçadamente e assentiu, emocionada. — Eu vou cuidar de tudo. Os doces, o bolo, os salgados... e tudo mais que uma mãe sabe fazer com amor. — Obrigada, mãe. Porque agora... é mais amor ainda. No dia seguinte, Lana chegou cedo à empresa, vestida com um vestido soltinho que começava a evidenciar a barriguinha discreta. Trazia nas mãos uma sacola elegante com uma caixa embrulhada em papel branco perolado e um laço dourado. Ela respirou fundo na porta da sala de Patrick. Quando entrou, ele já estava sentado à sua mesa, revendo relatórios. Assim que a viu, seus olhos se suavizaram. — Bom dia, amor — disse ela com um sorriso contido. Patrick sorriu de volta, curioso com a sacola. — Bom dia, meu bem. O que é isso aí? — Um presente. Trouxe pra você. — Pra mim? Ela assentiu, caminhando até ele. — Lembra que ontem você me perguntou se eu tinha alguma coisa pra te contar? Pois é… toma. Está aqui. Ela estendeu a caixa e o coração dele acelerou. Patrick levantou, passou os braços ao redor da cintura dela e lhe deu um beijo terno nos lábios, antes de pegar o pacote. — Você está misteriosa… o que será que aprontou, hein? — Só vai descobrir se abrir — provocou ela, com os olhos faiscando de alegria. Ele desfez o laço com cuidado e abriu a tampa da caixa. Por um segundo, tudo ficou em silêncio. Depois, ele arregalou os olhos. Dentro, estavam três macaquinhos brancos, acompanhados de três sapatinhos e três toquinhas delicadas. Bordado em cada um, com letras suaves em dourado e azul acinzentado, estava escrito: "Parabéns, Papai. Estamos chegando." Patrick arregalou ainda mais os olhos. Passou os dedos devagar pelos tecidos, atônito. — Três? Amor… você comprou… três? Ele olhou para ela, ainda sem entender. — Isso quer dizer… você... você comprou três roupinhas pra um bebê só? Ou...? Lana riu e cruzou os braços sobre a barriga com carinho. — Não, Patrick. Eu comprei três porque… são três. Trigêmeos, amor. — O quê?! — ele engasgou, deu um passo para trás e segurou na cadeira. — Você tá brincando comigo... — Eu teria coragem de brincar com isso? Patrick piscou algumas vezes, como se o cérebro estivesse tentando alcançar o coração. — Três filhos? De uma vez só? — Sim. Eu queria tanto te dar a notícia de um filho… mas a vida resolveu exagerar na dose. E olha só: você foi promovido a pai... em dose tripla. Ele levou a mão ao peito, depois à boca, e respirou fundo, tentando conter a emoção. Os olhos começaram a se encher. — Meu Deus... — murmurou. — Eu… eu nem sei o que dizer... Ele se ajoelhou diante dela, segurou o rosto da amada com reverência e encostou a testa em sua barriga, ainda quase invisível sob o tecido. — Meus filhos... meus filhos... — sussurrou, emocionado. Ela acariciou os cabelos dele com ternura. — E eu achando que você ia passar m*l, não era eu que devia estar com tontura? Ele riu entre as lágrimas. — Eu queria tanto ser pai... tanto. Mas três? Amor, você me deu o maior presente do mundo. Eu te amo tanto. Levantou-se devagar, ainda em choque, mas completamente tomado de felicidade. Beijou a testa dela, depois a boca, e voltou a olhar para os macacões, como se estivesse diante de um tesouro. — E você aí, achando que eu ia te dar um susto — brincou ela, limpando discretamente uma lágrima que teimava em escorrer. — Você me deu o melhor susto da minha vida. O Projeto dos Trigêmeos Patrick respirou fundo, ainda tentando assimilar a avalanche de emoções. Então olhou para Lana, ainda de olhos marejados, e disse com um sorriso já pensando no futuro: — Agora nós vamos ter que arrumar aquela suíte maior para os três. Colocar três berços... Meu Deus, temos que contratar um arquiteto. Já tem que mandar decorar tudo. Lana assentiu com carinho, sentando-se na poltrona ao lado. — A médica falou que precisamos providenciar o enxoval o quanto antes. Como são três, vão nascer antes do tempo. Ela disse que é bem provável que os bebês precisem de incubadora, amor. Patrick passou a mão no rosto, surpreso. — Não acredito... passar por tudo que a Brittany está passando, só que com um a mais. — Pois é. Ela teve dois… e nós vamos ter três. — Mas ela pelo menos está sozinha, né? Você tem a mim, tem a Lena... todo o suporte. Lana balançou a cabeça, firme. — A Brittany não está sozinha. Ela tem a gente. Mas tem uma coisa que só ela pode fazer: conversar com os filhos, amamentar, acolher. E, segundo a doutora, você nem imagina. Ela está sendo uma mãe gavião. — Quem diria? — Patrick disse, surpreso. — É, Patrick. Toda aquela amargura dela... aquele jeito arrogante, aquela soberba... no fundo, tudo que ela queria era atenção. Amor. E agora ela tem a atenção que precisa: dos filhos. Eu só espero que a mãe dela amadureça e mude, pra poder conviver com aqueles anjinhos. Patrick assentiu, pensativo. — Eu também espero. O Driel está dando total apoio. E a Brittany… está de parabéns. Pela primeira vez na vida, eu tô admirando ela como ser humano. Ele sorriu com uma ideia repentina. — E já que ela disse que vai trabalhar, já sei: mesmo ela estando no hospital, vamos pedir que ela faça o projeto do quarto dos nossos filhos. Ela é arquiteta. E ninguém melhor pra esse projeto do que ela. Lana sorriu, encantada com a proposta. — Mesmo. Não tem arquiteta melhor. Enquanto ela está lá, quietinha, de repouso, ela já pode ir desenhando. Vai ajudar ela também a se sentir útil. — Isso mesmo. E hoje mesmo, a gente vai lá visitá-la. Se for permitido, vamos visitar os bebês também. E já encomendamos esse projeto. — Isso, amor... isso mesmo. Ela o abraçou e encostou o rosto no peito dele, sentindo o coração bater acelerado. Pela primeira vez, os dois estavam começando a construir, juntos, o mundo dos seus filhos.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD