— E essa Lena… — Harry ajeitou-se na cadeira, fingindo casualidade, mas os olhos brilhando de interesse — por acaso você tem uma foto dela, Patrícia?
— Tenho sim! — respondeu prontamente, pegando o celular na bolsa. — Aqui, ó. Essa aqui somos nós três na biblioteca, semana passada. Essa do meio é a que vocês conhecem, é a Lana. A Lena é a da direita, de r**o de cavalo. A outra é a Elenice, prima delas, mas estuda outra coisa.
Todos se inclinaram curiosos sobre o celular. Harry foi o primeiro a falar:
— Uau. Ela é linda… Diferente das garotas que a gente costuma ver por aí. O rosto dela é marcante. Olha esse cabelo, esses olhos…
Louis assobiou em tom de brincadeira.
— A Lana também é um escândalo. Parece uma pin-up misturada com boneca de porcelana. E a terceira? Até a prima puxou a beleza da família, mas ela é ruiva?
Patrícia sorriu com orgulho, mas também com ternura:
— Todas são maravilhosas. Mas sabe o que me chamou atenção nelas desde o começo? O jeito. A Lana tem um humor sagaz, sarcástico até, mas sem ser grosseira. A Lena é firme, direta, mas gentil. E a Elenice… ela é só alegria. As três são muito ligadas. Estão sempre juntas, uma defendendo a outra. E olha que a faculdade pode ser c***l, viu? Principalmente com meninas como elas… fora do tal “padrãozinho”.
A mãe de Harry murmurou:
— E mesmo assim, elas se destacam?
— Muito! — Patrícia confirmou. — A Lana se formou em Economia com louvor. A Lena tá terminando Administração. A Elenice ainda está no terceiro ano de Psicologia. Eu admiro muito elas. É uma amizade que vale a pena manter. São inspiradoras. E engraçadas, viu? Quando estão juntas, é gargalhada certa.
Harry continuava olhando fixamente para a foto.
— Ela tem uma presença… Mesmo em foto. Dá pra sentir. E esse sorriso…
— Pode ir parando, galã — brincou Louis, cutucando o primo com o cotovelo. — Se alguém for se apaixonar primeiro, sou eu.
— Sonha — respondeu Harry, sem tirar os olhos da imagem.
Patrick não disse nada. Mas seu olhar também havia sido atraído pela figura de Lena na tela. Ele não comentaria ali, mas no fundo… também sentira algo. Um desconforto, uma curiosidade. Um certo... incômodo inexplicável.
A mãe de Patrick, então, mudou levemente o tom:
— Patrícia, você poderia convidá-las aqui um dia. Para jantar. Gostaríamos de conhecê-las. E, sinceramente, depois de tudo o que a Cindy fez hoje, precisamos relembrar como se trata uma dama de verdade.
— Caramba… — murmurou Harry. — A Lena é… de tirar o fôlego. E essa Nice… tem um olhar firme, meio misterioso.
— As três são lindas, sim — confirmou Patrícia, com um sorriso de admiração verdadeira. — Mas o mais bonito nelas é a postura. Elas não se misturam com qualquer um, não vivem em rodinhas fúteis ou querendo chamar atenção. São discretas, focadas, e ainda assim têm uma presença que impõe respeito. Todo mundo sabe quem são, mas ninguém fala delas com deboche. Muito pelo contrário.
A mãe do Patrick arqueou uma sobrancelha, interessada:
— E você, filha? São suas amigas desde quando?
— Desde o meu primeiro semestre. Me aproximei da Lena numa aula de apresentação e, desde então, não me afastei mais. São as melhores amizades que já tive. Nunca senti falta de ninguém depois que as conheci. Sabe aquelas amizades que te completam? Elas me ajudaram a amadurecer, a crescer como pessoa.
Patrick, até então calado, soltou uma risada abafada.
— Essa menina é um fenômeno.
— É, e vai por mim, ela é tudo isso com a maior elegância. A Lana é mais serena, mais racional, mas tem pulso firme. E a Nice? Ah, a Nice é direta. Fala o que pensa, não tem papas na língua. Mas nunca ofende ninguém à toa. São diferentes, mas têm o mesmo coração bom e firmeza de caráter.
A mãe do Patrick trocou um olhar discreto com o marido. E naquele momento, todos sabiam: alguma coisa estava mudando no ar — especialmente na mente de Patrick.