A noite m*l havia terminado para Lana e Patrick, ainda envolvidos pela magia de um jantar perfeito e uma madrugada de entrega apaixonada. Pela primeira vez em muito tempo, ele dormira tranquilo, com o coração aquecido e os braços envoltos em um futuro que parecia certo.
Mas o amanhecer de sábado traria mais do que raios de sol pelas janelas envidraçadas da cobertura: traria uma tempestade.
Na ala psiquiátrica emergencial do Hospital Saint Luke’s, Brittany estava contida por sedativos. Após o surto em frente ao condomínio de Patrick, fora levada pela patrulha à delegacia, mas a gravidade emocional do estado dela fez com que o delegado acionasse a assistência médica.
Gritava, chutava, chorava, gargalhava e depois voltava a chorar. Entre gritos desconexos e delírios, repetia:
— Ele era meu! Meu! Ela não pode tirar isso de mim! Ela roubou tudo! Ele ainda é meu noivo!
Os médicos a sedaram. Quando acordou, horas depois, já estava deitada numa sala branca, com monitores e um enfermeiro ao lado.
— Onde eu estou? — sussurrou.
— Hospital, senhorita. A senhorita foi trazida por uma crise emocional grave.
— Ele... o Patrick... Ele ainda é meu. Ele me ama...
— Calma... Vamos fazer alguns exames. Ver como a senhorita está.
O médico de plantão, após escutar o relato do delegado, autorizou uma bateria de exames. E então veio a bomba.
— Doutor... Beta-HCG deu positivo. Níveis indicam gravidez de cerca de três meses.
O médico franziu o cenho. Era um dado inesperado.
— E o pai? — perguntou, ainda sem saber da história toda.
Brittany fechou os olhos. E então, com a frieza da manipulação aflorando por trás da instabilidade, ela respirou fundo... e disse:
— O pai... é Patrick Dourado. Meu noivo. Ainda estávamos juntos quando isso aconteceu.
Horas depois, a notícia começava a circular nos bastidores da empresa. Um jornalista de uma coluna sensacionalista, amigo da antiga assessora de Brittany, publicou uma nota:
“Ex-noiva de magnata é internada em hospital psiquiátrico e estaria grávida. Fontes afirmam: o pai é Patrick Dourado.”
No apartamento de Patrick, o celular tocava sem parar. Ele ainda estava deitado, Lana deitada em seu peito, em um torpor apaixonado e sereno. Quando finalmente ele atendeu, era Louis, o irmão.
— Mano... você já viu a internet?
— Não. Por quê?
— Brittany surtou. Foi internada ontem, depois de tentar invadir seu prédio. E agora... saiu uma nota dizendo que ela está grávida. De três meses. E que o filho é seu.
Patrick levantou tão rápido que Lana quase caiu da cama.
— O quê?
— Você ouviu. E está em tudo quanto é rede social.
— Isso é impossível! Eu terminei com ela há dois meses. E mesmo antes disso... a gente m*l se via, Louis. Isso não faz sentido.
— Ela disse que é seu.
Patrick passou a mão pelos cabelos, tentando respirar.
— Eu vou até lá. Vou resolver isso.
Lana, que agora ouvia a conversa, sentou-se na cama, assustada.
— O que aconteceu, Patrick?
Ele se aproximou e segurou seu rosto.
— Brittany está internada. Está dizendo que está grávida. E que o filho é meu.
Lana sentiu o chão sumir.
— Mas... isso é verdade?
— Não. Eu juro por tudo, Lana. Eu terminei com ela antes disso. Ela está mentindo.
Ela ficou em silêncio, o olhar perdido.
— Lana, por favor, acredita em mim. Eu nunca te trairia.
— Eu acredito... mas isso vai virar um escândalo, Patrick.
No hospital, Patrick chegou ainda pela manhã. Foi recebido pelo médico que o reconheceu imediatamente.
— Senhor Dourado. Ela está estável agora. Mas... está dizendo que está grávida do senhor.
— Ela está?
— Sim. Três meses, aproximadamente.
Patrick engoliu em seco.
— Eu quero um teste de DNA. Assim que for possível. Isso pode ser uma mentira.
O médico assentiu.
— Podemos fazer um teste pré-natal não invasivo, mas precisa da autorização da paciente.
Patrick caminhou até o leito, onde Brittany o aguardava com um sorrisinho satisfeito.
— Eu sabia que você viria.
— Brittany, se isso for mais um jogo...
— Jogo? Você acha que eu brincaria com uma vida? — Ela se levantou devagar. — Patrick, é seu filho. Você me abandonou, mas ele não.
Ele não respondeu. Apenas encarou aquele rosto que agora parecia ainda mais distante do que nunca.
— Nós vamos fazer um teste. Se for meu, eu assumo. Mas se não for... você vai responder por tudo. Inclusive por difamação.
Brittany apenas sorriu. Mas nos olhos dela, pela primeira vez, surgiu uma sombra de incerteza.
No escritório da Dourado Corporation, o caos estava armado.
— Lana, você precisa se manter firme — disse Harry, preocupado. — Isso é um jogo dela. Você sabe que é.
— Eu sei, Harry. Mas eu também sei como a opinião pública funciona. Eu sou a “nova”, a “substituta”. Para muitos, eu sou a culpada.
Patrick entrou pouco depois, direto da reunião com os médicos. Aproximou-se de Lana e a abraçou.
— Eu pedi o teste. Em até uma semana teremos o resultado. E se esse filho for meu, Lana... eu vou assumir. Mas não abro mão de você. Nem do nosso futuro.
Ela respirou fundo. Ainda estava abalada, mas apertou a mão dele com firmeza.
— Eu estou com você, Patrick. Mas, se ela estiver mentindo... ela vai pagar.
E nos olhos de Lana, agora, não havia apenas tristeza ou medo. Havia fogo. E Brittany... havia cavado seu próprio buraco.