Mais tarde naquela noite, o jantar já estava servido na sala de refeições. A governanta caprichara: arroz cremoso com amêndoas, legumes assados na manteiga e filé de salmão ao molho de maracujá — o prato preferido de Lana desde a gravidez. Patrick puxou a cadeira para ela, com todo o cuidado, e depois sentou ao seu lado.
— Você está se alimentando bem? — ele perguntou, servindo suco natural no copo dela. — Sua médica falou comigo essa semana e disse que seu peso está ótimo, mas que precisa descansar mais.
— Tô tentando, amor. A hidroginástica ajuda muito, mas eu canso fácil… os três estão pesadinhos. — Ela fez carinho na barriga, sorrindo.
— Depois que nascerem, você vai ter que andar com crachá de heroína. — ele brincou. — E eu vou colar um “pai de trigêmeos” na testa.
Eles riram juntos. O clima naquela casa era leve, cúmplice, cheio de amor e promessas silenciosas. Quando terminaram o jantar, subiram juntos até o quarto recém-decorado.
Patrick levou uma bandeja com chá de camomila e biscoitinhos, e Lana trouxe a lista. No centro do quarto havia uma poltrona de amamentação e um tapetinho fofo, onde ela se sentou com as perninhas dobradas de lado, ajeitando as almofadas para apoiar as costas. Patrick se agachou ao lado das malinhas abertas.
— Ok, general Lana… missão maternidade em andamento. O que temos aqui?
Ela riu.
— Três bodies brancos, três pares de luvinhas, três touquinhas, três macacõezinhos de saída da maternidade… tudo em dose tripla. Ah, e as fraldinhas personalizadas que a sua mãe mandou bordar.
— As com as iniciais? — ele pegou uma. — Gente, olha isso: “A.L.”, “B.L.” e “C.L.” — ele leu as letrinhas com carinho. — Eu ainda tô me acostumando com a ideia de que teremos três anjinhos com nosso sobrenome.
— E cada um vai carregar um pedaço nosso — Lana murmurou, emocionada. — Você percebeu que todos os nomes deles têm um pouco de mim e de você?
— Eu percebi… e amei.
Com cuidado, eles foram dobrando as roupinhas, colocando em saquinhos organizadores, separando mamadeiras esterilizadas, fraldinhas de pano, e pequenos brinquedinhos sensoriais que Lana havia comprado. Patrick se mostrou paciente e prestativo, como sempre.
— Agora só falta a minha mala — ela disse. — Já coloquei camisolas com a******a pra amamentação, chinelo, absorventes especiais, a nécessaire, documentos, e até a playlist que eu quero ouvir na sala de parto.
— Eu posso narrar tudo como um documentário do National Geographic. — ele disse em tom divertido. — "E aqui vemos a guerreira em sua batalha final antes de trazer três novas vidas ao mundo."
— Se fizer isso, eu jogo a almofada de amamentação em você.
— Aceito o risco.
Ambos riram alto, até que Lana levou a mão à barriga de repente.
— Eles mexeram! — ela disse. — Olha, amor…
Patrick encostou as mãos, e os olhos dele se arregalaram.
— Eu senti… meu Deus. Estão dançando? Ou treinando para os Jogos Olímpicos?
— Eles sabem que o pai tá por perto. — Ela sorriu, os olhos cheios de brilho.
Ele se aproximou e depositou um beijo na barriga.
— Papai ama vocês, meus filhos… e ama profundamente essa mulher incrível que me deu o maior presente da vida.
Ela puxou o rosto dele para perto e disse baixinho:
— Eu te amo, Patrick… com todo o meu ser.
E naquela noite, cercados pelo quarto recém-preparado, pelas malinhas alinhadas e por sonhos ainda por vir, Patrick e Lana viveram um dos momentos mais doces e simbólicos de sua história.
Na manhã seguinte, o sol ainda se espreguiçava atrás das cortinas claras do quarto. A casa estava silenciosa, como se o mundo inteiro estivesse em pausa, respeitando o sono tranquilo de Lana e dos bebês que cresciam dentro dela.
Patrick acordou antes. Observou por longos minutos a mulher que amava, deitada de lado, abraçada a uma almofada de maternidade, com a mão sobre a barriga — o gesto protetor que já se tornara instintivo. O coração dele se derreteu. Era impossível explicar o que sentia vendo aquela imagem: era amor, era gratidão, era uma admiração que transbordava o peito.
Ele se levantou devagar, foi até a cozinha e preparou uma bandeja de café da manhã com o maior cuidado. Colocou torradinhas integrais com geleia de morango, iogurte com frutas picadas, suco de laranja espremido na hora e uma florzinha do jardim, só para enfeitar. Acrescentou um pequeno bilhete:
“Para a mulher da minha vida e mãe dos nossos três milagres. Bom dia, meu amor. – Patrick”
Subiu de volta e entrou no quarto sem fazer barulho. Colocou a bandeja sobre a cômoda e sentou-se ao lado da cama, acariciando de leve o cabelo de Lana.
— Bom dia, meu amor… — ele sussurrou. — Hora de acordar. Eu trouxe o café da manhã da rainha da casa.
Lana abriu os olhos lentamente, ainda sonolenta.
— Hm… que cheiro bom. — murmurou. — Você fez café da manhã?
— Eu estou treinando para chef, dou conta de trigêmeos, café da manhã e, se quiser, faço massagem também. — ele piscou, arrancando um riso suave dela.
Ela se sentou devagar, apoiando-se nos travesseiros.
— Você é maravilhoso, Patrick… Eu agradeço todos os dias por ter você. — disse, com a voz rouca de sono.
— E eu agradeço por cada segundo com você, Lana. Olha ali… — ele apontou para a bandeja. — Seu café, senhora Leclerc.
Ela sorriu ao ver o bilhete e a florzinha.
— Você é um exagerado. — disse, com os olhos brilhando.
— Sou mesmo. Exageradamente seu.
Ela tomou o suco e ele ficou ali, observando, como se ver aquela cena simples fosse o ápice de sua felicidade. Depois do café, Lana disse que queria tomar banho e, para a surpresa dela, quando entrou no banheiro, encontrou a banheira já cheia de água morna, com sais perfumados e pétalas de rosa flutuando.
— Isso é sério? — ela exclamou, encantada.
— Só se você prometer me deixar lavar seus pés. — ele sorriu, galante.
— Patrick! — ela disse rindo, tapando o rosto. — Para com isso, você vai me fazer chorar!
— Você merece tudo de melhor, Lana. Eu te vejo, te admiro, e quero que você se sinta amada todos os dias da sua vida.
Ela mergulhou os pés, depois o corpo, e ele sentou-se ao lado da banheira, com a toalha no colo, massageando os pés dela com delicadeza. Eles conversaram sobre os nomes dos bebês, sobre as possibilidades do futuro, e sobre como seriam os primeiros dias após o parto.
— Eu vou ser seu assistente pessoal nos primeiros meses — ele disse. — E se você quiser, eu dou a mamadeira, troco fralda, faço as compras, cozinho… Só não prometo amamentar.
— Pena — ela brincou. — Seria bem útil, já pensou?
Ambos riram.
E foi assim, entre carinhos, brincadeiras e declarações espontâneas, que aquela manhã passou — marcada não por grandes eventos, mas pelos detalhes. Porque era nos detalhes que o amor deles morava: em um café da manhã preparado com carinho, em uma banheira cheia de pétalas, em um toque leve nos pés cansados da mulher que carregava seus filhos.
E no coração dos dois, a certeza: a vida estava apenas começando.