Patrick desceu do elevador com o rosto ainda carregando os vestígios da tempestade interna que enfrentou durante o dia. A gravata já estava um pouco solta, as mangas dobradas até os antebraços e o olhar... longe.
Mas foi interrompido por uma voz conhecida e sempre respeitosa:
— Boa noite, doutor Patrick!
Era o Francisco, o porteiro. Sempre impecável, uniforme alinhado, sorriso discreto no rosto. Patrick sorriu de volta com genuína simpatia.
— Boa noite, seu Francisco. Tudo certo por aqui?
— Sim, senhor! Tudo dentro da rotina. E... como anda minha menina lá em cima? Está dando trabalho?
Patrick riu com sinceridade e negou com a cabeça, parando diante dele.
— Melhor do que nunca. A sua filha é perfeita, seu Francisco. E não estou exagerando. Ela tem a sua disciplina, sua dedicação... e o carisma da dona Teresa. Vocês dois estão de parabéns. A Lana é uma profissional rara. Nós ganhamos uma joia aqui na empresa.
O brilho nos olhos do Francisco denunciava o orgulho.
— Muito obrigado, doutor... Muito obrigado mesmo. A gente sempre tentou ensinar a ela o valor das coisas, o respeito, o trabalho. Fico feliz de saber que ela tá honrando isso.
Patrick assentiu.
— Ela não só honra… Ela engrandece tudo o que toca.
Eles trocaram mais um aceno cordial e Patrick seguiu para o carro, com aquele elogio ainda ecoando no próprio peito. Não porque fosse sobre Lana. Mas porque era verdade.
E talvez… perigosa demais, aquela verdade.
Apartamento de Patrick – 20h22
Ele jogou o paletó sobre a poltrona, soltou um suspiro longo e pegou o celular. O grupo “Irmãos e Primos” já estava pipocando de mensagens.
Louis:
“Hoje vai rolar? Já tô com a camisa preta separada.”
Harry:
“Avisa se é boate ou se é rodada de poker. Ou se é sofrimento romântico mesmo. ”
Patrick digitou:
“Hoje não. Vou descansar. Amanhã é sexta… e aí sim, a gente faz história.”
Louis:
“Aposta de um milhão de dólares ainda tá valendo, hein.”
Harry:
“E cada decote da Lana vai tirando 10 mil da sua resistência. ”
Patrick apenas sorriu. Jogou o celular longe.
Sim.
Amanhã seria sexta.
E a sexta prometia fogo.
Ele se revirava na cama. O lençol preso entre as pernas, a respiração entrecortada.
Estava quente.
Muito quente.
O ar-condicionado parecia não dar conta do calor que vinha de dentro.
— Patrick…
A voz sussurrada, doce e envolvente, atravessou seus pensamentos como uma brisa quente. Ele não sabia se era sonho, ilusão ou desejo materializado… mas ela estava lá.
Lana.
De vestido nenhum.
Apenas um conjunto de lingerie branca, rendada, que moldava as curvas como se tivesse sido desenhado especialmente para aquele corpo.
A pele dela era luz. O cabelo, solto, bagunçado como se tivesse acabado de acordar. E os olhos? Dois faróis que hipnotizam. Ela se aproximava… lenta, segura, e ele? Paralisado.
No sonho, ele estava no escritório. Mas não havia ninguém. Só ele… e ela.
Ela parou diante da mesa, apoiou as mãos no tampo e perguntou, com a voz baixa e rouca:
— O senhor quer que eu continue com as planilhas… ou prefere que eu cuide da sua tensão de outro jeito?
Patrick não respondeu. Apenas levantou-se da cadeira, com um olhar que dizia tudo.
Ela se aproximou, ficando a milímetros dele.
Ele levou a mão à cintura dela… sentiu o calor, a firmeza da curva, o arrepio sob seus dedos.
— Isso aqui é um sonho… — ele sussurrou, com os lábios quase roçando os dela.
— Então aproveita — ela respondeu, puxando-o pela gravata.
O beijo foi inevitável.
E quando veio, veio como um vendaval. Intenso, profundo, desesperado. As mãos dele exploraram o corpo dela com reverência, como se tocasse algo sagrado. E ela... ela retribuiu com um gemido baixo, entre os beijos, enquanto se colava nele como se fossem feitos um para o outro.
Ela sentou-se sobre a mesa, abriu as pernas e o puxou para mais perto. Ele passou as mãos pelas coxas dela, subindo devagar até alcançar os quadris.
— Você não sabe o que faz comigo… — ele murmurou, roçando os lábios pelo pescoço dela.
— Sei sim — ela provocou, mordendo o lábio inferior. — E você adora.
Ele começou a beijar cada pedaço da pele que se revelava… o pescoço, os ombros, a clavícula… até chegar ao colo. Os s***s, cobertos pela renda branca, subiam e desciam com a respiração ofegante dela.
Ele os beijou por cima do tecido, com um carinho insano, faminto, quase reverente.
Lana jogou a cabeça para trás e gemeu seu nome:
— Patrick…
E foi aí que ele acordou.
Suado. Tenso. Ofegante.
O quarto estava escuro. A realidade voltava como um soco.
Ele sentou na cama, levou as mãos ao rosto e resmungou:
— Isso tá saindo do controle…
Olhou para o relógio.
03h13.
E pela primeira vez em muito tempo, ele não queria mais dormir.
Porque se sonhasse com ela de novo…
Não saberia se teria forças para acordar.
Quarto da Lana – 02h03 da madrugada
A noite estava silenciosa. A respiração de sua irmã, ao lado, era leve. Mas o coração de Lana… esse batia alto demais.
Ela se virou de lado, abraçando o travesseiro. Os pensamentos do dia rodavam na cabeça: o olhar insistente do Patrick, o jeito como ele passava a mão no cabelo, o modo como ficava sério… e bonito… e tão absurdamente atraente.
Ela adormeceu…
Mas não descansou.
No sonho, ela estava no escritório. Era fim de expediente. A luz do pôr-do-sol atravessava as persianas, banhando tudo com um tom dourado.
Patrick estava de pé, de costas para ela, olhando a cidade pela janela.
Ela entrou com uma pasta nas mãos, mas ele não se virou. Apenas falou com a voz grave, arrastada:
— Tranque a porta.
Ela obedeceu, meio confusa, meio… excitada.
— Doutor Patrick… eu trouxe os relatórios…
— Esquece os relatórios.
Ele virou-se devagar. Os olhos estavam sombrios. Desejo puro. Fome.
Lana deu um passo para trás, mas ele avançou.
— Você tem noção do que tá fazendo comigo, Lana?
— Eu… eu só estou fazendo meu trabalho…
— Não. Você está me enlouquecendo. Você e esse vestido colado. Essa voz doce. Esse olhar que me desmonta.
Ela engoliu seco. Sentia o corpo quente. Os joelhos fracos.
Ele se aproximou mais. Parou na frente dela. Levou uma das mãos ao rosto dela, acariciando devagar.
— Se você me disser pra parar… eu paro.
Ela não disse nada.
Então ele a beijou.
Com fome. Com ternura. Com tudo que estava preso por trás daquela fachada de chefe sério e distante.
Ela se entregou. As mãos foram parar nos ombros dele, depois no peito. Ele segurou firme sua cintura e a ergueu até sentá-la sobre a mesa. Os corpos se colaram. O calor, insuportável.
Ele beijava o pescoço dela como se estivesse descobrindo um segredo. As mãos deslizavam pelas costas, pelos quadris, pelos braços. Cada toque era um arrepio novo. Uma explosão interna.
— Patrick… — ela gemeu, baixinho, sem pensar.
— Repete — ele pediu, roçando os lábios pelo colo dela. — Diz meu nome de novo…
— Patrick…
E então… ela acordou.
Ofegante. Quente. Coração disparado. As pernas trêmulas debaixo do lençol.
Levou a mão à testa, sentindo o suor frio.
— Que loucura foi essa… — murmurou para si mesma.
Virou de lado, apertando o travesseiro contra o peito.
Mas a imagem do sonho não saía da cabeça.
O toque. O beijo. A intensidade.
“Isso não pode acontecer…”
Mas estava.
E por mais que tentasse negar…
O senhor Patrick já habitava os desejos mais íntimos dela.