Sonhos íntimos

1304 Words
— Certo, rapazes já deu por hoje. Amanhã é sexta, temos reuniões o dia inteiro. Vão pra casa — disse Patrick, levantando do sofá, esticando as costas, como se carregasse um peso invisível sobre os ombros. — Tá tentando se livrar da gente ou da tentação? — brincou Harry, pegando as chaves e se levantando. — Dos dois. — Patrick respondeu, num meio sorriso. Louis deu um tapa leve no ombro do irmão. — Se cuida, CEO. E sonha com moderação. — Tô tentando, mas ela não sai da minha cabeça — ele murmurou, já se afastando para o corredor. Assim que fechou a porta, Patrick encostou-se à madeira, soltando o ar como se tivesse segurado o fôlego o dia inteiro. Caminhou até o quarto, tirou a camisa e deixou cair a calça com um movimento cansado. Entrou no banheiro e ligou o chuveiro. A água morna desceu como um alívio sobre os ombros, mas não apagou o calor que vinha de dentro. Fechou os olhos… e lá estava ela. O vestido rosa claro, justo, o salto combinando, os lábios com brilho suave, os olhos atentos. A voz doce dizendo: — Se o senhor estiver com dor de cabeça, tome o chá e o remédio. Mas se continuar, procure um neurologista, doutor Patrick... A preocupação dela soava como carinho. Como zelo. E isso o desarmava mais do que qualquer roupa provocante. Ele imaginou-a de novo, mas dessa vez, não no escritório. Estavam em sua sala, sozinhos, e ela se aproximava devagar, o olhar curioso e hesitante. A mão dele tocava a cintura dela com delicadeza. Os olhos se encontravam, e quando ele inclinava o rosto, os lábios dela se entregaram, convidando-o a descobrir o gosto daquele beijo que vinha assombrando seus sonhos noite após noite. Ela sussurrava seu nome no ouvido dele, com aquela voz doce que o fazia perder o eixo. Lana… A toalha escorregou das mãos dele quando saiu do banho. Encostou-se na bancada, respirando com dificuldade. As lembranças do sonho da noite passada se misturavam às imagens que sua mente construía agora. Ele sabia o que viria. Mais uma noite em que o desejo o venceria. Deitou-se na cama, puxou o lençol até a cintura, tentou fechar os olhos. Mas bastou um segundo e o rosto dela surgiu. Os cabelos soltos. A risada é leve. Os dedos tocando os botões da camisa dele, como se pedissem permissão para ir além. Ele se via beijando a curva do pescoço dela, os dois enlaçados em silêncio, guiados apenas pelo desejo mudo que ardia entre eles. Um beijo atrás do outro. Mãos curiosas. Respiração entrecortada. Um calor crescente que fazia os corpos se moverem como se já se conhecessem. No sonho, ela o abraçava com doçura, mas também com ousadia. E quando ele murmurou o nome dela… Lana… acordou. Com o corpo em alerta. — Droga — disse, jogando a cabeça contra o travesseiro. Levantou-se com pressa e foi direto ao banheiro, tentando se recompor. Minutos depois, debruçado sobre a pia, olhando para o próprio reflexo, murmurou: — Isso nunca aconteceu comigo. Passou a mão pelos cabelos, frustrado. — Eu nunca desejei uma mulher como estou desejando a filha do seu Francisco. E isso precisa parar. Mas, no fundo, ele sabia. Era tarde demais. Não era mais só um desejo. Era algo maior. Algo que ele não sabia nomear, mas que já tinha tomado conta do peito. — Ela merece respeito — sussurrou. — Ela é uma excelente profissional. É filha do seu Francisco. Ela merece muito mais do que isso que eu estou sentindo... Mas nem ele acreditava nas próprias palavras. Ele voltou para a cama, mas não conseguia fechar os olhos. A imagem dela permanecia vívida demais. Forte demais. Intensa demais. Patrick virou de lado, tentando encontrar uma posição que acalmasse o corpo — mas era a mente que estava em conflito. Ali, no silêncio do quarto, começou a refletir. Quantas mulheres já haviam passado pela vida dele? Várias. Algumas lindas, elegantes, inteligentes, outras sensuais, ousadas. Cindy, inclusive, era tudo isso... no papel. Mas nunca fez o coração dele disparar de verdade. Nunca fez o corpo reagir com essa violência silenciosa. Nunca mexeu com ele como Lana fazia apenas com um olhar tímido ou um sorriso nervoso. A Cindy era vaidosa, fria e calculista. E, no fundo, ele sabia — o que eles tiveram não era amor. Era conveniência, status, aparência. Com Lana, não havia absolutamente nada que justificasse esse desejo irracional. Nada, além de tudo. Ela era doce, dedicada, tinha um coração leve, uma inteligência firme. Mas também era dona de um corpo que gritava pecado em cada curva. Um corpo que contrastava com aquela aura delicada de menina séria, educada e respeitosa. Essa dualidade o enlouquecia. E talvez fosse isso. Talvez fosse a inocência dela que o deixava assim. “Será que ela é virgem?”, ele se perguntou, sentindo um arrepio percorrer a espinha só com a possibilidade. Engoliu seco. “Será que é por isso que meu corpo reage desse jeito? Como se ela fosse... única?” Mas era mais do que instinto. Mais do que desejo carnal. Era a forma como ela o ouvia. A forma como ela se lembrava de cada detalhe. Como se preocupava com a saúde dele, como organizava os papéis na ordem exata que ele preferia, sem que ele pedisse. Era o modo como ela… olhava para ele. Como se enxergasse algo que nem ele sabia que existia. — Eu estou ferrado… — murmurou, levando as mãos ao rosto. Se deixou afundar no travesseiro. — Amanhã eu vou resistir — disse, como se fosse uma promessa solene feita ao teto do quarto. — Amanhã eu vou resistir. Eu preciso resistir… Mas por dentro, ele já sabia. Resistir à Lana estava se tornando um desafio maior do que qualquer negociação bilionária que ele já enfrentou. Fechou os olhos. E, mesmo tentando fugir, adormeceu com o nome dela na mente… e a imagem daquele vestido rosa gravado como tatuagem no coração. Casa de Francisco – Quarto das irmãs – 03h15 Lana se revirava na cama. O lençol estava embolado entre as pernas. O corpo inquieto. A mente… uma bagunça sensual. No sonho, ela estava em uma sala cercada de livros, o som abafado de chuva na janela. Patrick estava diante dela, a gravata solta, a camisa desabotoada, o olhar cravado nos olhos dela. Ele se aproximava devagar. — Você tem ideia do que está fazendo comigo, Lana? Ela recuava um passo, mas ele avançava dois. A respiração dele era quente contra o pescoço dela. Os dedos roçaram sua cintura. E então... — Lana… — ele sussurrava. — Você é... a tentação em pessoa. As mãos dele seguravam as dela, puxando-a com firmeza. Ela sentia o calor do corpo dele, os lábios quase tocando os seus… — Lana, Lana... — LANA! Ela acordou num susto, sentando-se na cama, suada e corada. — Quê?! O quê?! — disse, ofegante. Lena, a irmã, estava com a testa franzida e o celular na mão. — Menina! Você estava falando o nome do seu chefe no sonho! Alto! Três vezes! — Eu, eu falei? — Lana piscou, confusa. — Falou. Patrick isso, Patrick aquilo... até eu fiquei com vergonha por você! — Lena cruzou os braços, divertida. — Não acredito… — Pois acredite. Me conta, que história é essa? Você está apaixonada por ele? Sonhou com o homem? Lana desviou o olhar, ainda com o coração acelerado. — Eu... nem sei. Acho que era só um sonho estranho. Não lembro direito… — Ah, claro. Esqueceu justo a parte onde sussurrava “me beija, doutor Patrick” no meio da madrugada? — Lena! — ela se escondeu debaixo do cobertor, queimando de vergonha. — Não me tortura... — Vou torturar sim! Agora você vai me contar tudo. Desde o começo.
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