Ele entrou na sala ajeitando o paletó, ainda com o gosto do café amargo na boca. Mas não foi o café que despertou seus sentidos. Foi a visão dela, ali, concentrada, debruçada sobre os papéis da mesa.
Lana estava sentada de frente pro notebook, o corpo ligeiramente inclinado para frente, e Patrick não teve como não notar como os s***s dela subiam e desciam suavemente com cada respiração.
A blusa justa realçava tudo. E quando ela mordeu o lábio inferior, franzindo o cenho por causa de alguma dúvida na planilha, ele sentiu o estômago revirar. E não era fome.
Era desejo. Nu e cru.
Ela levantou num impulso, indo até a impressora. E foi aí que ele perdeu o último resquício de sanidade.
O vestido tubinho marfim abraçava as curvas dela como se tivesse sido desenhado por um arquiteto que amava pecar. E aquele quadril... Meu Deus. O bumbum dela parecia desfilar num ritmo próprio. E ele ali, tentando manter a compostura, fingindo que estava relendo os e-mails.
— Senhor Patrick? — a voz dela o arrancou de seus devaneios, mas não de seus impulsos.
Ele tossiu leve, tentando disfarçar.
— Sim... claro, Lana. Pode falar.
— Esses relatórios estão um pouco inconsistentes. Eu fiz algumas marcações em vermelho, se o senhor quiser revisar...
Ela estendeu a planilha para ele, e, ao fazer isso, os dedos dos dois quase se tocaram.
Patrick fechou os olhos por um segundo. Força, homem... foco!
— Obrigado... — ele disse, com a voz mais grave do que pretendia.
Ela se sentou de novo, e ele acompanhou — ou melhor, foi obrigado a assistir — enquanto ela cruzava as pernas e voltava a digitar.
E ali, no meio do escritório, ele percebeu o inferno que seriam as próximas horas.
Estava com uma ereção absurda, do tipo que nem o terno italiano conseguia esconder totalmente.
Tentou ajustar-se discretamente na cadeira, respirando fundo. O laptop à sua frente virou escudo. E Lana, inocente, continuava com os movimentos lentos, a postura ereta, o pescoço exposto.
“Se ela soubesse o efeito que causa... ou será que sabe?”
Patrick se inclinou para frente, apoiando os cotovelos na mesa. Precisava de ar. De foco. De outra vida talvez.
Porque com Lana naquele vestido, com aquele jeito doce e aquela mente afiada, ele não sabia quanto tempo mais conseguiria fingir que era apenas o chefe.
A única certeza?
Sexta-feira estava longe demais.
Patrick olhava fixamente para o gráfico na tela, mas tudo que via era o contorno dos lábios dela, o brilho discreto no canto dos olhos e aquele pescoço… aquele maldito coque bagunçado que deixava a nuca dela à mostra.
Ela estava inclinada para frente de novo, analisando outra planilha. Mordeu a tampa da caneta. Depois passou a ponta nos lábios, distraída. Ele engoliu seco.
“Ela tá fazendo isso de propósito.”
Claro que não estava. Mas a mente dele já não raciocinava mais com lógica. Só com instinto.
Tentou puxar o ar. O terno já parecia justo demais. A cueca, um instrumento de tortura.
Ela se levantou de novo. Foi pegar um café.
Patrick seguiu com o olhar. Aqueles saltos nude tilintando pelo piso. O quadril dela rebolava sutil, mas suficiente para causar uma guerra interna entre o CEO racional e o homem em combustão.
Ela voltou com a xícara, se sentou, cruzou as pernas novamente — e viu o vestidinho marfim subir alguns centímetros a mais. Nada exagerado. Só o suficiente para dar margem à imaginação. A bendita imaginação já tinha feito um longa-metragem nos pensamentos dele.
“Isso é tortura. Isso é um castigo. Isso é carma de vidas passadas.”
— Lana... — ele chamou, sem nem pensar direito.
— Sim, doutor? — ela respondeu com aquele tom doce, os olhos castanhos arregalados, genuinamente inocente.
Ele hesitou. Esqueceu o que ia dizer. Quase disse "meu Deus, casa comigo."
— Nada... — ele disfarçou. — Continue o relatório. Está ótimo.
Ela sorriu, meio tímida, e voltou ao trabalho. Mas agora… agora ela também percebeu que ele estava diferente. O olhar mais denso. O tom mais rouco. A tensão entre eles quase ganhava forma, como se fosse possível tocar no ar denso que os cercava.
Patrick jogou o corpo para trás na cadeira, massageando a própria nuca. A respiração estava entrecortada. Tudo em si gritava por ela.
O celular vibrou.
Louis — no grupo dos Primos e Irmãos:
“Como vai o autocontrole, CEO de gelo? Ainda intacto? ”
Harry:
“Já perdeu o juízo ou ainda tá fingindo que dá conta? Aposto que hoje você baba no teclado!”
Ele olhou para Lana, depois para o celular e digitou:
Patrick:
“Vão todos pro inferno. Não aguento mais um dia desse. UM. DIA.”
Louis:
“Isso quer dizer que eu vou ganhar a aposta… duas semanas no máximo. ”
Harry:
“Tsc tsc… se perder, paga com juros emocionais. Lembre-se: resistir demais dá nó no cérebro. E na calça. ”
Patrick soltou um riso abafado e deixou o celular de lado.
Ele não ia cair. Ainda.
Mas sabia que estava prestes.
E bastava mais um suspiro, mais um olhar, mais uma passada daquela mulher… e tudo ia pelos ares.
Lana digitava com concentração, mas seus olhos, de vez em quando, escapavam da tela e pousavam discretamente sobre Patrick. Ele estava inquieto demais. Passava a mão nos cabelos, estalava os dedos, mexia os ombros como se estivesse preso numa camisa apertada.
Ela franziu o cenho. "Ele está estranho desde o almoço..."
Lentamente, ela se virou para ele.
— Doutor Patrick, está tudo bem?
Ele ergueu os olhos na mesma hora, como se tivesse sido pego no flagra. Ajeitou a postura.
— Sim... — pigarro. — Está tudo ótimo. Por quê?
Ela hesitou. Mordeu o lábio inferior, como sempre fazia quando estava tentando medir as palavras.
— É que... o senhor parece tenso. Dor de cabeça de novo?
— Pode-se dizer que sim — respondeu, com um meio sorriso. — Mas eu já estou resolvendo internamente.
Ela assentiu, compreensiva, e voltou os olhos para o computador. Mas sua mente já estava a mil. "Será que ele está pensando na Cindy? Será que ainda está abalado com tudo aquilo?"
A resposta mais lógica era sim. Afinal, tinha sido uma decepção pública, uma traição c***l, uma humilhação. Patrick era um homem reservado, orgulhoso… e aquilo estava machucado. Muito.
“Será que ele ainda sente algo por ela? Ou está apenas magoado pelo escândalo?”
Lana engoliu seco, sentindo o peito apertar de leve. Não que fosse da conta dela, mas não sabia explicar o motivo, mas isso a incomodava.
Apenas por precaução, ela se levantou devagar, foi até a pequena copa no canto da sala e preparou um chá.
— Trouxe chá, doutor. Camomila com hortelã.
— Lana… você não precisava — ele disse, olhando diretamente para ela, os olhos um pouco avermelhados e gentis. Gentis demais.
Ela sorriu, tímida.
— Eu sei. Mas trouxe mesmo assim.
Quando ela se afastou, ele a acompanhou com o olhar, o rosto mais suave do que há instantes. E ela pensava, voltando à sua mesa:
“Ele está assim por causa dela... Claro que está.”
Mas não estava.
Não tinha mais Cindy nos pensamentos dele.
Tinha Lana. Só Lana.
E isso… estava virando um problema.
Ou uma solução.
Depende do ponto de vista.
A água escorria gelada pelo corpo dele. Os músculos tensionados. A mente? Um caos.
“Eles estão certos…”
Ele se apoiou na parede de azulejos, de olhos fechados, tentando se lembrar de qualquer coisa que não fosse o som da voz da Lana dizendo:
— Está se sentindo bem, doutor Patrick?
— Se quiser, posso buscar algo para aliviar...
Aquelas palavras inocentes, ditas com um tom gentil, soavam para ele como um convite direto ao inferno de desejos que ele tentava controlar.
E falhava.
Saiu do banho, enrolado apenas numa toalha, abriu o celular.
Mensagem de Louis:
"Boa noite, senhor CEO. Já sonhou com a Lana hoje? Se não, tá atrasado."
Patrick sorriu. Um sorriso torto, cansado.
Porque sim. Ele ia sonhar.
E se torturar mais uma vez.