A tarde estava fresca, com o céu em tom pêssego e nuvens alvas anunciando que o tempo havia dado uma trégua. A casa do senhor Drew estava em silêncio, até que o som da campainha ecoou, rompendo a tranquilidade com doçura.
Britney caminhou com calma até a porta, usando uma camisola leve e confortável. Seu rosto, ainda um pouco pálido, iluminou-se ao ver Lana sorrindo ao lado da irmã Lena e da prima Nice — todas segurando pacotes coloridos, uma caixa com doces e uma cesta com salgados e bolos cuidadosamente preparados pela mãe de Lana.
— Surpresa! — gritaram as três em uníssono.
— O que é isso?! — Britney levou a mão à boca, os olhos marejando.
— Um chá de bebê improvisado, versão soft! — disse Nice, erguendo um bolo embrulhado num pano rendado.
— A gente não ia deixar você passar por esse momento sozinha — completou Lena com um sorriso maroto. — Afinal, grávida muda tudo, né?
Britney riu, emocionada, mas sentindo o nó na garganta apertar.
— Entrem, por favor. Isso... isso é muito mais do que eu mereço — disse, abrindo espaço para que elas entrassem.
Na sala, elas ajeitaram os presentes, a comida, os balões e um pequeno varal com dois bodies minúsculos — um rosa e um azul. Lana se aproximou com uma caixa branca com laço de cetim e disse com ternura:
— Eu trouxe isso pra você. É a saída de maternidade dos bebês. Eu escolhi com muito carinho. Se você quiser, eu ficaria muito feliz se eles usassem.
Britney abriu a caixa com mãos trêmulas e se deparou com dois conjuntinhos: um de tricô branco com detalhes azuis e outro com detalhes rosados, ambos com casaquinhos bordados à mão.
— Meu Deus... são lindos, Lana. Lindos! — ela disse, levando as mãos ao rosto e desabando em lágrimas silenciosas. — Vocês são incríveis... eu nunca... eu nunca tive isso.
Lena, sempre com seu jeito espontâneo, comentou:
— É, garota, precisava você engravidar pra virar gente, né? — e riu em seguida, sem maldade.
— Pois é — completou Nice. — Mas ficou ótima nessa nova versão. Maternidade combina contigo.
Britney enxugou as lágrimas, rindo também.
— Vocês têm razão. Eu fui insuportável por muito tempo. E tudo isso... era carência. Eu fui criada por uma mãe que só pensava em status, beleza, festas e aparências. Nunca me deu um abraço sem segundas intenções. Eu fazia de tudo pra chamar atenção. Achava que se eu fosse a melhor, a mais bonita, todos me amariam. Mas eu me tornei... tudo que eu odiava.
As três ouviram em silêncio respeitoso.
— Quando eu surtei lá no prédio do Patrick e desmaiei... eu soube da gravidez. E ali, naquele instante, eu soube que eu não estava mais sozinha. Eu tenho duas vidas aqui dentro de mim, e elas dependem de mim. Eu tenho que ser melhor por elas. Não por homem nenhum, nem por aprovação social... mas por mim, por elas.
Lana se aproximou e a abraçou.
— Você está sendo muito corajosa, Britney. E o mais bonito é que há sinceridade. Eu vejo isso nos seus olhos.
— Eu queria... — Britney hesitou. — Eu queria pedir que você e o Patrick fossem padrinhos das crianças. Independente de serem ou não filhos dele.
— Claro que sim — respondeu Lana, emocionada. — E não importa quem é o pai biológico. Eles vão ser muito amados por mim, e eu já me sinto uma tia de coração.
— Você quer ser minha irmã? — Britney novamente perguntou com voz trêmula. — Eu nunca tive irmãs. Só essa mãe socialite que nunca me viu de verdade.
Lana sorriu.
— Melhor do que isso: você vai ter três. Eu, minha irmã Lena e a nossa prima Nice.
— Jura? — Britney sorriu largo, como uma criança sendo acolhida.
— Juro. E no próximo domingo nós vamos vir novamente na sua casa ver o quartinho dos bebês.
Britney olhou para as três, emocionada.
— Obrigada... por me darem uma nova chance. Por me mostrarem o que é amizade de verdade.
O portão da casa se abriu automaticamente, revelando o jardim impecável da mansão de Drew. As três meninas já estavam na varanda quando a porta principal se abriu e o próprio Drew apareceu, elegante como sempre, em roupas esportivas, com o taco de golfe apoiado no ombro.
Ao ver Lana, Lena e Nice, ele sorriu, surpreso e visivelmente feliz.
— Bom dia, meninas! Sejam muito bem-vindas. Fiquem à vontade, a casa é de vocês.
— Muito obrigada, senhor Drew — disse Lana, educada.
— Hoje eu vou aproveitar o sol para jogar um pouco de golfe. Vocês fiquem à vontade com a minha filha. Ela merece bons momentos. E vocês já estão fazendo isso por ela.
Ele piscou para elas com ternura e se despediu.
Assim que ele saiu, Britney apareceu no topo da escada com as mãos apoiadas na barriga ainda discreta. Seus olhos brilharam ao ver as visitantes.
— Querem ver o quarto dos bebês?
— Lógico! — responderam em coro, animadas.
— Então vamos! E já aviso: o chá de bebê surpresa vai ser lá mesmo, hein!
As meninas riram e subiram com ela. Ao entrarem no quarto, ficaram boquiabertas. Era como uma página viva de revista de decoração: móveis sob medida em tom fendi com detalhes dourados suaves, berços gêmeos com dossel, papel de parede com ilustrações de ursinhos e flores, cortinas delicadas, e um tapete macio em tom neutro que acolhia todo o espaço.
— Nossa... — murmurou Lena. — Nós agora ficamos envergonhadas.
— Trouxemos presentes simples... — comentou Nice, já rindo. — E vocês moram num castelo!
— O presente de vocês é o mais valioso de todos — disse Britney, com sinceridade nos olhos. — São os únicos que os meus bebês receberam, fora o que o meu pai está dando. O de vocês e o da Lana e do Patrick foram os únicos que chegaram por carinho... E não por obrigação.
Lana se aproximou e entregou a caixa com um presente especial.
— Esse aqui é a saída da maternidade. Escolhi com muito carinho. Espero que goste.
Britney abriu e chorou ao ver o conjunto bordado com os nomes “Esperança” e “Benício” gravados em delicadas etiquetas de cetim.
— Agora você vai ter que adivinhar o que tem nos outros presentes — disse Lena, piscando. — Senta aí, futura mamãe!
Rindo, Britney sentou-se numa poltrona decorada com almofadas, e o chá de bebê surpresa começou. As meninas improvisaram brincadeiras, adivinhações e até uma dança, que fez Britney rir até chorar.
— Eu nunca me diverti tanto na minha vida! — ela disse, enquanto Lana a pintava com batom nas bochechas.
— Isso porque é a primeira vez que você não está tentando impressionar ninguém — disse Nice, abraçando-a. — Só está sendo você.
Ao final, Britney chorava abraçada às três.
— Depois de tudo que eu fiz com você, Lana... O m*l que eu te fiz... E você me paga com o bem. Isso... Isso é tão... tão grande. Eu prometo... Eu prometo que vou ser a melhor mãe possível. Essas crianças... elas me salvaram. Eu não quero repetir minha história. Eles vão receber amor. Com ou sem pai. Mas nunca vão sentir o vazio que eu senti.
As três se emocionaram, e Lana respondeu com ternura:
— E você não está mais sozinha.
Quando elas se despediram, deixando mais doces, cartões e sorrisos, Britney ficou no quarto, sentada, olhando os presentes.
Mais tarde, o pai entrou pela porta da frente, limpando as mãos com a toalha do carro.
— Como foi o chá?
— Papai... Eu nunca me senti tão feliz. A Lana, a irmã dela e a prima vieram. Elas foram incríveis. Agora eu sei como é ter amigas de verdade. E não é socialite, nem falsidade. São de verdade.
Ela se levantou, segurando uma fralda de pano bordada.
— Eu pedi para Lana e o Patrick serem padrinhos. Mesmo que o Patrick não seja o pai, eu sei que não é, que eles vão amar essas crianças como se fossem deles. Se algo acontecer comigo, eles vão se proteger. Eu confio nisso.
O olhar de Drew marejou. Ele a abraçou com força.
— Nada vai acontecer com você, minha filha. Você me tem. E agora você também tem quem te ama de verdade. E eu nunca estive tão orgulhoso de você como hoje.