Apartamento do Patrick – Quinta-feira, 19h52

1045 Words
Assim que Patrick estacionou, Louis e Harry já estavam no portão do condomínio de luxo. Tinham saído junto com ele da empresa, como dois cupins de ansiedade para colocar fogo na mente do pobre CEO. — Vamos subir logo — disse Harry, esfregando as mãos. — Hoje a gente tira a verdade desse homem! Patrick bufou, segurando o riso. — Vocês dois são uma praga. Já no apartamento, Patrick largou a pasta na poltrona, afrouxou a gravata e foi direto servir três doses de uísque. — Vamos lá… O que vocês querem saber hoje? — disse ele, servindo os copos. Louis pegou o dele, ergueu no ar e respondeu, com aquele olhar maroto: — Queremos detalhes. Hoje você quase caiu da cadeira quando a Lana se abaixou pra pegar aquele relatório. — E mordeu a tampa da caneta — completou Harry, rindo. — Aquilo ali foi golpe baixo. Eu fiquei suando por você, meu amigo! Patrick passou a mão no rosto e virou o copo de uma vez. — Vocês são doentes. — Não, nós somos observadores — corrigiu Louis. — E a aposta continua de pé. Um milhão em créditos virtuais. Eu dou duas semanas, o Harry dá um mês. Mas, sinceramente? Eu acho que você já perdeu, irmão. — Eu tô no controle. — Patrick tentou dizer sério, mas até ele duvidou da própria convicção. — Controle? — Harry gargalhou. — Tu teve que ir se "refrescar" no banheiro, Patrick. E ainda gritou o nome da moça! Se a Lana não tivesse entrado de fininho, tinha sido flagrado no ato. Patrick arregalou os olhos. — Ela entrou?! — Claro que entrou, bobão. — Louis falou, mordendo um pedaço de pizza que acabara de chegar. — A mulher achou que você tava passando m*l! Mas saiu em silêncio pra não te constranger. Só que agora... agora ela sabe, Patrick. Patrick passou a mão na nuca, envergonhado, mas no fundo... e******o. Uma parte dele se sentia exposto. A outra... queria que ela tivesse visto mais. — Vocês são um problema — murmurou, encarando o teto como se buscasse forças nos deuses da sanidade. Eles riram mais. Até as nove da noite, foi uma tortura: falaram da Lana, do corpo escultural, da voz de anjo, do perfume suave que ficava no ar. Relembraram os momentos da semana, os olhares, os sorrisos tímidos, as frases gentis. Cada comentário era uma faca cravada na concentração de Patrick. — Vamos indo, que amanhã é sexta — disse Harry, levantando-se e pegando a última fatia de pizza. — E amanhã à noite nós vamos sair — completou Louis, apontando o dedo. — Sem desculpa, sem dor de cabeça. Você precisa descarregar essa energia, Patrick, senão vai explodir. — Tá combinado. Amanhã a gente sai — disse o CEO, tentando manter a postura. Mas assim que os primos saíram, ele fechou a porta, encostou a testa na madeira e murmurou: — Ou eu saio… ou eu enlouqueço. A caixa da pizza já estava quase vazia sobre a mesinha de centro. Louis recostou no sofá como se tivesse vencido uma maratona de provocações, enquanto Harry ainda segurava uma latinha de cerveja, rindo das últimas provocações que haviam lançado sobre o pobre do Patrick. — Cara… você tá irreconhecível — comentou Harry, balançando a latinha no ar. — Um CEO honrado, metódico, virando uma bomba-relógio por causa de uma assistente de salto nude. — Assistente não — corrigiu Louis, apontando com o indicador, teatral. — Deusa personalizada em vestido tubinho cor de rosa, com olhos de fada e boca que faz homem perder a memória de trabalho. Patrick revirou os olhos, tentando disfarçar o rubor no rosto. Não respondeu — apenas se inclinou para alcançar outra fatia de pizza, mas não comeu. — Eu vou perder essa aposta, né? — lamentou Harry, dramático. — E o pior, vou perder com gosto. Porque, sinceramente, ela é irresistível. Louis olhou para Patrick com aquele sorrisinho maroto que só irmão mais velho consegue fazer. — E então? Vai aguentar até quando? Ainda acredita que dura mais uma semana? Patrick fechou os olhos por um instante, buscando compostura, mas sua voz saiu mais rouca do que pretendia. — Hoje quase não consegui trabalhar. — E por quê, excelência? — provocou Harry, aproximando-se com olhos arregalados. — Por acaso aqueles olhos dela ficaram fixos demais nos seus? Patrick meneou levemente a cabeça, exausto. — Ela foi pegar chá pra mim. Deixou o analgésico do lado. Disse que desde que comecei com essas dores de cabeça, tudo piorou depois da descoberta da fraude. Louis levantou uma sobrancelha. — Ou seja, além de linda, é atenciosa e preocupada. — Não ajuda! — Patrick estourou, jogando a almofada no irmão. — Vocês dois são um tormento. Sabem o quanto eu tô tentando me manter racional? Harry riu alto, desviando do ataque. Louis só cruzou os braços e o observou por um instante. — Sabe o que você precisa? Sair. Amanhã é sexta, nós vamos pra boate, sim. Nem pense em dar desculpas. — Concordo — completou Harry. — Se você não liberar essa tensão logo, vai acabar desmaiando em cima do notebook. E, por favor, se for sonhar com ela de novo... lembra de não gritar o nome da Lana em voz alta. Vai que a Shirley escuta. Patrick suspirou, mas não sorriu dessa vez. — Eu juro que tentei focar o resto da tarde… mas até quando ela digitava, com os ombros retos e a coluna alinhada, eu reparava em como os s***s dela se moviam. Eu tô… ferrado. — Amanhã a gente resolve isso — disse Louis, levantando-se. — Mas por hoje, vamos embora. Dorme. Sonha com ela. Amanhã, você recomeça a tortura com aquele vestido azul-marinho que ela gosta de usar… — Ele odeia esse vestido — sussurrou Harry para Louis. — Porque ama demais. Os dois riram e saíram, deixando Patrick sozinho na penumbra do apartamento. Ele foi até o quarto, jogou-se na cama sem forças e encarou o teto como se buscasse respostas no gesso. Mas tudo o que encontrou foi o nome dela na cabeça. A imagem dela. O perfume suave. A forma como o cabelo escapava do coque e tocava levemente a nuca. E quando os olhos fecharam... o sonho veio. Quente, nítido, provocador.
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