O restaurante escolhido por Patrick era discreto, elegante e afastado do centro. Um lugar reservado, onde não haveria flashes de paparazzi ou olhares curiosos. Ele sabia que Lana não gostava de exposição, e depois da homenagem pública na empresa, ela merecia uma noite tranquila — só os dois.
Quando chegaram, os garçons já sabiam seus nomes. A mesa estava reservada, próxima a uma janela panorâmica com vista para um jardim iluminado por pequenas luzes âmbar.
— Isso aqui parece cenário de filme — comentou Lana, olhando ao redor.
Patrick sorriu, estendendo a mão sobre a mesa.
— Tudo que eu mais quero agora... é viver um filme com você.
Ela baixou os olhos, um sorriso tímido tomando conta de seu rosto.
O jantar transcorreu com leveza. Risadas, lembranças de infância, planos. Lana falou da infância no bairro simples, dos sonhos que pareciam inalcançáveis. Patrick contou da rigidez do colégio interno, das cobranças como herdeiro da empresa, dos dias em que só queria desaparecer por umas horas para viver como um garoto comum.
Ao final, o garçom trouxe uma pequena caixa em uma bandeja, junto à sobremesa.
Patrick segurou a caixinha, olhou nos olhos de Lana e abriu.
Era um anel de ouro branco, com uma pequena pedra esmeralda no centro.
— Não é um pedido de noivado... ainda — ele disse, e ela prendeu a respiração. — Mas é um símbolo. Um compromisso. De que eu te respeito, te admiro... e quero fazer parte da sua vida.
Lana levou a mão à boca, emocionada. Quando ele colocou o anel em seu dedo, um calor inexplicável tomou conta do peito dela. Não era ostentação. Era cuidado. Era amor.
Ela disse apenas:
— Sim.
No carro, a caminho de casa, não se falava muito. As mãos permaneciam entrelaçadas no console central, e o silêncio era confortável.
Na manhã seguinte, ao chegar à empresa, o clima era outro. Boatos já circulavam, mas com respeito. Todos sabiam o que ela havia conquistado por mérito. Sabiam da dedicação. E, agora, sabiam também do coração.
Na recepção, seu pai, Francisco Alves, estava com o crachá pendurado no peito e um sorriso discreto.
— Bom dia, filha.
— Bom dia, pai.
Ele não perguntou nada. Mas antes dela seguir para o elevador, ele apenas disse:
— Ele é um bom rapaz. Nunca vi um patrão tratar um funcionário com tanta dignidade. Mas se ele fizer você chorar, vai se entender comigo.
Ela riu e entrou no elevador com os olhos marejados.
Na sala, a assistente de Patrick, Shirley, bateu levemente na porta.
— Senhora Lana, tem um presente para você na sala de reuniões.
Lana arqueou uma sobrancelha. Shirley estava sorrindo como quem guarda um segredo delicioso.
Quando Lana entrou, todos os diretores estavam lá. Patrick, ao fundo, de pé, com as mãos cruzadas.
Sobre a mesa, um arranjo de flores brancas, uma caixa elegante de madeira e uma placa dourada.
— Pela integridade, competência e coragem de ser quem é. Uma homenagem da diretoria a Lana — disse um dos membros, em nome de todos.
Os aplausos encheram a sala. Patrick foi o último a bater palmas.
Ao seu lado, estavam também Francisco e Teresa, os pais de Lana. E os pais da Nisse. A presença deles ali fez os olhos de Lana marejarem mais uma vez.
— Parabéns, minha filha — disse Teresa, emocionada. — Você honra nosso nome.
— E honra a si mesma — completou o pai, segurando o choro.
Naquele momento, Lana soube que não importava o que viesse. Estava pronta.
Pronta para viver um amor. Para enfrentar inimigos. Para ser a mulher que sempre sonhou ser.
E o mundo... teria que se acostumar com isso.
Naquela noite, Lana m*l conseguiu pregar os olhos. O anel no dedo parecia pulsar como se fosse parte do seu próprio corpo. Um símbolo não apenas de um relacionamento, mas de tudo o que ela havia superado — o preconceito, a desconfiança, as pressões de um ambiente onde poucos apostavam em uma mulher como ela para ocupar cargos de destaque… e muito menos o coração do CEO.
Na segunda-feira pela manhã, a empresa parecia respirar um novo ar. Quando ela chegou à recepção, todos os olhares se voltaram com um misto de respeito e curiosidade. Shirley, a secretária do Patrick, piscou discretamente para ela ao passar com uma pilha de pastas. O próprio Francisco, seu pai, ergueu as sobrancelhas com um leve sorrisinho ao vê-la de aliança no dedo.
— Alguém aí foi promovida a namorada oficial do patrão? — murmurou ele, brincando enquanto segurava a porta do elevador.
Lana riu, com um brilho tímido nos olhos.
— Fui promovida a... prioridade — respondeu, antes que as portas se fechassem.
Ao chegar no andar da presidência, encontrou o ambiente já movimentado. Louis e Harry estavam em uma das salas de reunião, revisando os últimos relatórios da auditoria. A diretoria executiva havia pedido uma nova projeção financeira após a descoberta das fraudes — e os números eram animadores.
Patrick saiu de sua sala e a encontrou junto à máquina de café.
— Bom dia, minha mulher linda — murmurou em tom baixo, para que só ela ouvisse.
Ela sorriu, corando até a raiz dos cabelos.
— Bom dia, senhor CEO que anda perigando me deixar sem fôlego.
Ele a tomou pela mão discretamente e beijou o dorso, mantendo o tom profissional ao notar que dois assistentes da contabilidade passavam por ali. Mas o gesto já dizia tudo. Eles não estavam mais escondendo. Não havia mais necessidade.
Mais tarde, durante uma reunião com o comitê administrativo, foi Patrick quem deixou claro o que todos já sabiam.
— Eu gostaria de registrar que estou em um relacionamento com a minha assistente pessoal, Lana Alves. Foi comunicado à diretoria previamente e aprovado, desde que a ética e a discrição sejam mantidas. E serão. A nossa prioridade sempre será a empresa.
O presidente do conselho sorriu e murmurou:
— Desde que continue trazendo resultados como esse, pode até casar na sala de reuniões.
Risadas ecoaram pelo ambiente, e Lana ficou sem graça, mas firme. Ela não era só a assistente. Era agora parte do coração que movia aquele império.
Mas como toda calmaria antes da tempestade, a tarde traria algo inesperado.
Shirley bateu suavemente à porta da sala de Patrick e entrou com o celular nas mãos.
— Senhor Patrick… tem uma mulher na recepção querendo subir. Ela diz que é... a senhorita Britney Castellani.
Lana, que estava ao lado dele revisando um contrato, sentiu o estômago se contrair.
Patrick cerrou os olhos e franziu a testa. A voz saiu seca:
— O que ela quer?
— Disse que precisa conversar com urgência. Está exaltada… e, pelo que vi, trouxe um homem junto. Talvez advogado. — Shirley hesitou. — Devo acionar o jurídico?
Patrick levantou-se com uma calma assustadora.
— Não. Avise ao jurídico, sim. E peça que o segurança da portaria fique atento. Ninguém entra aqui fazendo escândalo. Não hoje.
Ele virou-se para Lana, tocando de leve a mão dela.
— Pode ir pra sua sala. Eu resolvo isso.
Mas ela o encarou firme.
— Não. Eu fico. Se ela vai tentar alguma coisa, vai ter que me encarar também.
Patrick assentiu, com um sorriso leve e orgulhoso.
— Então, juntos.
Enquanto Shirley saía para conter a situação, Patrick e Lana se preparavam. Porque sabiam que a verdadeira batalha só estava começando. E o nome dela era Britney Castellani.