Patrick endireitou os ombros, os olhos gelando num segundo. A postura de CEO sério e inflexível emergiu com força.
— Shirley — disse ele, em tom firme e sem titubear —, diga à senhorita Castellani que ela não será recebida. Nem ela, nem o advogado.
Shirley, que já havia testemunhado algumas reuniões tensas na empresa, engoliu seco.
— Sim, senhor. E quanto ao homem que está com ela?
— A mesma coisa. Que desça e aguarde na rua, se quiser. Aqui dentro, não entra.
Lana observava em silêncio, o coração batendo mais rápido. Patrick estava impassível, mas ela reconhecia o fogo por trás dos olhos dele. Aquilo ia além de um incômodo. Era pessoal.
Patrick continuou:
— E mais uma coisa, Shirley. Ligue para o senhor Antônio Castellani. Agora.
Shirley arregalou levemente os olhos.
— O pai dela?
— Isso mesmo. Diga que é de extrema urgência. Quero que ele venha pessoalmente à empresa. E que traga a filha com ele. O que tenho para dizer ele precisa ouvir. Como pai. Como homem. Porque tá na hora de ele saber a filha que tem. Parte por parte.
Lana sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha. Aquilo não era só uma defesa. Era um ultimato.
Patrick virou-se para ela, com expressão mais suave, mas não menos determinada.
— Não vou tolerar mais um escândalo, Lana. Nem por você, nem por mim, nem por essa empresa. Essa mulher ultrapassou todos os limites possíveis. Agora é hora de encerrar esse circo. Com testemunha. Com verdade. E com justiça.
Lana, de pé ao lado dele, segurou sua mão com firmeza.
— Eu tô com você. Vai ser o que tiver que ser.
Shirley voltou da linha com a confirmação.
— O senhor Antônio Castellani está a caminho. Disse que vem agora mesmo. E ficou... surpreso.
Patrick soltou um suspiro pesado, controlando a fúria com a classe que sempre o definiu.
— Ótimo. Quando ele chegar, traga direto para a sala de reuniões. Prepare também o jurídico. E peça para Harry e Louis estarem presentes. Não quero espaço para meias palavras.
Ele voltou o olhar para Lana.
— E você, minha senhora Ferreira Alves, vai sentar do meu lado. Quero que ele veja quem você é. Quero que ela veja. Vai ser de frente. Sem máscaras.
Lana respirou fundo e assentiu. Estava pronta. A empresa inteira parecia vibrar em tensão.
Em menos de uma hora, a presença de Drew Castellani no prédio causaria um rebuliço entre os executivos. E quando pai e filha cruzassem as portas da sala de reuniões, ficaria claro: não era apenas uma conversa. Era o começo do fim para Britney Castellani. E o início de uma nova era para Patrick e Lana.
A recepção estava tensa quando a figura imponente de Drew Castellani atravessou as portas de vidro, seguido por passos firmes e uma expressão sombria. Seu terno escuro estava impecável, mas o olhar era o de um homem que já sabia que algo muito podre o aguardava.
Britney, de vestido justo e salto altíssimo, girou nos pés assim que o viu se aproximar. Tentou suavizar o rosto, forçar um sorriso.
— Pai... que bom que veio...
Mas ele m*l a olhou. Lançou um breve olhar de desdém para o advogado ao lado da filha — um homem alto, grisalho, com pasta de couro na mão — e seguiu direto até Shirley, que o aguardava com um leve tremor nas mãos.
— Sala de reuniões, por favor — disse ele com a voz grave.
— Claro, senhor Castellani. O senhor Patrick já está lá com os membros da diretoria.
Subiram.
No caminho, Britney tentava puxar conversa. O pai ignorava. O advogado parecia desconfortável. Ao entrarem na sala, todos os olhares se voltaram para eles.
Patrick estava sentado à cabeceira da mesa, ao lado de Lana. Ao redor, Louis, Harry, os demais diretores, e duas advogadas da empresa. O clima era formal, silencioso, e carregado de eletricidade.
Patrick se levantou.
— Senhor Castellani, obrigado por ter vindo.
— Vamos direto ao ponto — disse o homem, seco. — Minha filha me pediu para vir até aqui, com um advogado. Não sou de fazer papel de i****a. Então diga logo o que está acontecendo, senhor Dourado.
— Patrick. Só Patrick, por favor. — Ele respirou fundo, e acenou para a equipe técnica. Um telão acendeu.
Em sequência, documentos, extratos, registros de acessos, e mensagens começaram a ser exibidos. Um relatório detalhado da auditoria, apontando que Britney não apenas sabia do desvio de verbas feito por Hamilton, como usava o cartão corporativo destinado a ações de marketing para sustentar viagens, aluguéis de carros de luxo, e festas discretas em hotéis da cidade.
Em seguida, fotos.
Britney, sorrindo, entrou em um hotel com o diretor casado do setor de logística. Registros de câmeras da própria empresa mostrando-a saindo de salas que não lhe competiam, documentos manuseados sem autorização.
Patrick virou-se para o senhor Castellani.
— Sua filha, com todo o respeito, não só tentou prejudicar minha assistente pessoal — que é uma funcionária exemplar — como estava envolvida diretamente com um escândalo de ética, corrupção e comportamento inaceitável dentro do ambiente de trabalho.
O silêncio foi mortal.
O advogado ao lado de Britney se virou lentamente para ela, a boca entreaberta.
— A senhorita... me envolveu nisso? Me trouxe aqui achando que era um caso de assédio emocional? Me fez perder tempo com isso?
Britney, pálida, deu um passo para trás.
— Eu...
Mas o pai dela se levantou tão abruptamente que a cadeira tombou.
— Eu devia imaginar. Eu devia ter enxergado! Sua mãe vive me traindo com "amigos de academia", e agora você, dentro da empresa que eu ajudei a construir, faz esse tipo de papel?
Britney tentou se defender, mas ele levantou a mão.
— Não abre a boca. Não diz uma palavra. Você me envergonhou como pai, como homem, como sócio.
Virou-se para Patrick.
— A partir de hoje, me retiro da sociedade com a Castellani Junior, e entrego minhas ações. Não quero o meu nome associado a esse tipo de comportamento.
Patrick fez um leve aceno de respeito.
— Compreensível. A empresa agradece por sua transparência.
O advogado arrumou os papéis na pasta, sem sequer olhar para Britney.
— Senhor Patrick, peço desculpas por ter comparecido com esse tipo de pedido. Jamais deveria ter sido envolvido por uma cliente que omitiu todos os fatos relevantes.
E antes de sair, completou olhando para ela:
— A senhorita deveria ter vergonha de si mesma. Isso aqui... é um atestado de quem você realmente é.
A porta se fechou atrás dele.
Britney ficou ali, imóvel. Mas o pai não esperou mais um segundo. Virou-se e saiu sem olhar para trás.
Ela desabou na cadeira, derrotada, diante de todos.
Lana apenas observava. E Patrick, com a voz firme, declarou:
— Alguém providencie para que ela seja escoltada para fora. E que jamais volte a colocar os pés nessa empresa.