Mesmo assim, acho que será uma agradável passar algum tempo de qualidade com a minha melhor amiga. Em breve terei que me mudar do apartamento do Gael, até que poderia ser divertido fazer um pouco de dano.
Quando chegou a casa, Clara está me esperando na frente do edifício. Ela está segurando dois grandes sacos de compras e se aproxima de mim, e me puxa me dando um grande abraço. Uma das bolsas bate nas minhas costas.
— Ouu! Eu reclamo. — O que é isso? Um saco de tijolos?
Clara ri. — Espera só!
Subimos para o apartamento e Clara deixa as sacolas na ilha de cozinha e se joga no sofá. Os seus cachos dourados derrama-se sobre o braço e ela coloca a cabeça para trás para olhar para mim.
— Como você está se sentindo? Ela pergunta.
Suspiro e me deixo cair na poltrona da frente. — Estranha.
— Talvez um pouco livre?
— Não. Só estranha. A minha cabeça se inclina para um lado e encontro o seu olhar. — Tínhamos um plano, Clara. Gael e eu tínhamos um plano. Depois de casar, íamos viajar, e depois íamos para formar a nossa família. Gael queria uma menina primeiro, mas eu queria um menino, um pequeno que pudesse vestir de marinheiro e ensinar a ser sempre educado. Seria o tipo de criança
que chamaria os adultos por 'senhora' e 'senhor', e todo o mundo ficaria apaixonado com a sua ternura.
— Você acha que teria um filho nos anos 50? Ela pergunta cética.
Franzo o cenho. — Bem, realmente não importa agora, certo?
— Você ainda pode ter tudo isso. Diz Clara. — Você tem apenas vinte e seis anos.
Você tem toda a vida pela frente, e é melhor começar do zero agora que passar o resto da sua vida amarrada a um homem que nunca te ia ter você como prioridade.
— Você tem razão. Volto a olhar para o teto. — Eu só tenho medo de começar de novo.
— Se a vida não te dar medo, não valeria a pena viver.
— Estou segura de que isso será reconfortante daqui algumas semanas, mas nesse momento, eu... Eu olho para ela. — Não sei. Estou muito ferida.
Clara se levanta, os seus olhos verdes cintilam com algo que só posso descrever como pena. — Você sabe o que eu ouço quando você diz isso?
— O que?
— Que você precisa de uma distração. Ela diz. — Vamos sair está noite!
Levanto uma sobrancelha cética. — Sair?
— Sim. Vamos para um clube. Sim, vamos dançar! Eu vou te dizer o mesmo que eu disse para os meus alunos hoje: Se tudo isso falhar, alimenta a tua alma com alongamentos profundos e um baixo pesado.
— Você não disse isso para a sua classe.
— Claro que sim.
Eu rio. — De acordo, sensei. Mas, acho que vou ficar em casa.
— Por favor, vamos comigo? Ela faz um beicinho. — Será bom para você. Agora que você chutou o Gael, pode ter um pouco de emoção na sua vida.
Clara sempre pensou que Gael era chato, com seus longos monólogos e os seus padrões previsíveis. Era o tipo de pessoa que seguia um horário semanal como se a sua vida dependesse disso: CrossFit, três vezes por semana, o seu drama policial favorito as terça-feiras à noite, peixe para o jantar todas as sextas-feiras. É irônico que, depois de anos sabendo a hora de cada movimento seu, ele faça alguma coisa tão inesperada.
— Gael era chato, certo? Me dou conta em voz alta.
Clara assente. — Um absoluto festival de tédio. Um rosto bonito, mas concentra muito no andar de cima.
— No andar de baixo não é grande coisa. Ela comentou.
— Eu não acho que essa fulana estivesse com ele por sua excelente capacidade de adormecer quase que imediatamente após ejacular.
Ela ri. — Ah, esse é o espírito!
— Que nojo. Por que eu estava com ele? Eu passo uma mão pelo rosto. — Eu acho que em algum nível, sempre soube que estava me conformando. Só me incomoda que eu tenha tido que passar por isso para perceber.
Tenho que admitir que eu sempre tive curiosidade sobre o conceito de ter essa faísca num relacionamento. Era algo que eu nunca senti que Gael e eu tivéssemos.
Supunha que o que tínhamos, era o conforto e a segurança, era o que precisávamos. Forte. Estável.
Claramente, Gael não pensava assim. Depois de tirar a venda dos olhos, me dei conta de que eu não deveria ter me dedicado tanto num relacionamento.
— O seu pai gosta dele. Diz Clara. — Eu acho que você sempre foi um pouco cega no que diz respeito a seu pai.
— O meu pai só gosta porque ele também é advogado", respondo. — Só gosta de ter alguém por perto com quem possa falar dos seus processos.
Ainda não contei a notícia para o meu pai. Eu tenho falado pouco com ele ultimamente. Ele tem estado ocupado defendendo os
inocentes, e eu procurando novas formas de descrever os fatos caninos.
Sempre me preocupei com o meu pai me julgando por não estar à altura do meu potencial. Odeio a ideia de decepcioná-lo.
Clara fica em pé e vem na direção da ilha, pegando as bolsas que trouxe. — Vamos fazer algo divertido. Se lembra o que é diversão, não é verdade?
— Não sei se estou com humor, Clara... Eu olho para as bolsas com desconfiança. — Além disso, você não acha que um clube só será um covil de tentações para você?
Ela faz um gesto de desdém com a mão. — Por favor. Estou tão zen estes dias, que a ideia do álcool, nem sequer me perturba. Só quero dançar com a minha melhor amiga e ajudá-la a sair da espiral de miséria que ela pronta para se enterrar.
— Quem falou de uma espiral de miséria?
— Eu vi dando uma olhada no congelador. Ela aperta os lábios. — Se você não sair comigo, vai acabar vendo terríveis comédias românticas até que você esteja enterrada numa poça de sorvete derretido"
Me incomoda que ela tenha antecipado os meus planos noturnos com tanta astúcia.
— Bem. Suspiro. — Vamos dançar.
Ela da um gritinho e começa a retirar os objetos das bolsas.
— Trouxe todo o meu kit de maquiagem, e ferramentas suficientes para fazer um penteado para um concurso.
— O que é isso? Pergunto com suspeita.
— Esse é seu futuro. Ela tira um vestido brilhante vestido da bolsa. — Pode comemorar! Porque a sua fada madrinha chegou, e eu vou fazer uma mudança de imagem e te transformar numa princesa.
Eu olho para o vestido. — Isso não vai ficar bem.
Clara é pequena, com o corpo todo tonificado e uma bun*da que desafia a gravidade. Eu sou mais curvilínea, com uma barriga chapada, mas com os quadris largos, coxas grossas e p****s generosos. Eu tenho o tipo de corpo que se vê muito bem com saias lápis e calças jeans apertados, mas eu tenho as minhas dúvidas sobre o vestido que Clara escolheu para mim.
— Claro que você ficará bem. Ela respondeu. — Você pode confiar em mim. Estou na minha área.
— Você é ridícula.
— Ridiculamente sábia. Ela se abana com uma variedade de pincéis de maquiagem. — Agora... Por onde começar?
Clara me dá voltas e voltas durante a hora seguinte. No final, tenho a cara tão cheia de maquiagem e o cabelo tão cheio de laca que eu me pergunto se vou manter a cabeça erguida. Clara anuncia cantarolando que tinha acabado, de alguma forma, me incita a colocar o vestido brilhante.
Então me guia para o espelho e a primeira coisa que vejo é a sua expressão de a esperança.
— E então... Não está perfeita?
Clara tornou o meu cabelo, normalmente, cacheados, em ondas de seda caindo em cascata sobre a parte superior dos meus se*ios. Os meus olhos azuis destacam sob cílios postiços pret*os, com sombra de olhos dourada e roxa, e um grosso delineado preto nas pálpebras superiores. Meus lábios são cor-de-rosa e brilhantes, e a minha pele parece impecável, como o mármore cremoso.
E o vestido... Por*ra, o vestido. Gruda no meu corpo em todos os lugares adequados, com uma profunda V, que acentua o meu decote e uma franja na parte inferior, que me faz cócegas na parte superior das coxas, quando eu ando.
— Eu nem pareço ser eu mesma. Eu digo, virando o rosto de um lado para o outro, encantada com o meu próprio reflexo.
— Não ficou maravilhosa? Clara me tira da frente do espelho, e começa a fazer a sua própria maquiagem . — Esta noite você pode ser quem quiser ser.
Me dou conta de que ela tem razão. Eu estou transformada. Talvez faça seja uma boa idéia, afinal.