Confissões

976 Words
**Fenrir** Tinha vontade de rir da cara de desespero de Zara; ela ainda resistia a estar comigo, mas eu usaria aquelas palavras da Celina a meu favor. Agora ela sabia que não poderia fugir mais de mim. Ignorando todos à minha volta, levo-a nos meus braços para o banheiro. Aquilo, para mim, era um prazer; não havia nada mais sagrado para um lobo do que cuidar da sua companheira. Coloco-a sentada no vaso sanitário e preparo-me para abrir a sua camisa. Quando tento tocá-la, vejo que ela agarra com força a camisa que estava usando; eu podia ver os nós dos seus dedos brancos com a força que usava. Suspiro, precisava saber o que a estava perturbando e sabia que não deveria ser apenas pelas coisas que ela tinha passado naquele maldito lugar. — Diga-me qual é o problema — peço, agachando-me à sua frente. Quando ela encontra o meu olhar, vejo as lágrimas que rolavam pelo seu rosto. — Não chore, querida; quero apenas ajudá-la, mas não poderei fazer isso se não me disser qual é o problema. — As minhas costas — diz ela, desviando os olhos dos meus. — Eu sei, Zara, já vi — digo de forma tranquila. Vejo os seus olhos se arregalarem enquanto encontra o meu. — Era com isso que estava preocupada? Zara apenas assente à minha pergunta. Aquilo explicava o comportamento dela da última vez que tentei cuidar dela. Ergo as minhas mãos e toco o seu rosto; ela olha para mim, e vejo toda a dor e o medo que estavam presos nos seus olhos. — Não vou dizer que não sinto raiva quando vejo as suas costas — digo e vejo ela se encolher um pouco. — Sempre que me lembro do estado em que estava, eu desejo matar o Alfa James de novo pelo que ele fez. — Alfa James... — Merecia uma morte bem mais dolorosa do que teve — digo, interrompendo-a. — Eu não ligo para as cicatrizes; o que me deixa com raiva é saber quanta dor passou nas mãos daquelas pessoas desalmadas. Sempre penso que falhei com você nisso. Era doloroso admitir aquilo a ela, mas eu precisava ser sincero se desejava que a minha companheira confiasse em mim. Sinto Koda choramingar com o que eu disse; ele também se arrependia por deixar o ódio dominá-lo. Havia um lado de Koda que ainda desejava o sangue de James, mas, infelizmente, não havia nada que pudéssemos fazer em relação àquilo. — Isso não é culpa sua — diz ela. — Entenda, querida, lobos são possessivos com as suas companheiras. O nosso instinto é proteger e cuidar, e saber que você sofria sempre nos fará pensar que falhámos com você quando mais precisou — explico, com um sorriso triste no rosto. Eu recompensaria Zara por tudo o que passou; a minha companheira merecia o melhor. — Sabe que isso é loucura, não é mesmo? — diz ela. — Então, a minha companheira está discutindo comigo? — pergunto, erguendo a cabeça e fazendo-a inclinar-se um pouco para olhar-me nos olhos. — Eu não quis fazer isso, eu... — Acho muito divertido sempre que a deixo sem graça — digo, soltando uma gargalhada. Zara fecha a cara, e sinto quando um tapa atinge o meu braço. Quando olho para o lugar, vejo os olhos dela se arregalarem, e ela se encolhe no seu lugar. — Por que está a encolher-se? Vejo-a olhar-me em dúvida e, lentamente, relaxar um pouco. Zara tinha muito a aprender sobre relacionar-se com os outros, e seria muito divertido vê-la fazer essas descobertas. — Está chateado? — pergunta ela, sem olhar-me nos olhos. — Não estou — digo, colocando as minhas mãos nos seus ombros. — O que acabamos de fazer foi apenas brincar, querida; não estava falando a sério, assim como sei que não queria me bater de verdade; isso é só implicância entre companheiros — digo, e vejo o seu olhar confuso por algum tempo antes de o entendimento iluminar os seus olhos; então, as suas bochechas coram. — Acho que entendeu agora — digo, rindo novamente. — Deixe-me cuidar de você. — Não quero que me veja nua — diz ela, constrangida. — Sabe que um dia eu vou ver, não é mesmo? — digo a ela com um sorriso de canto. Vejo as bochechas de Zara corarem como um pimentão. A minha vontade era tomá-la nos meus braços e beijá-la toda. — Fenrir! — reclama ela, escondendo o rosto entre as mãos. — Isso nunca vai perder a graça — digo, abraçando-a enquanto rio. Estar a construir aqueles momentos com ela não tinha preço, era algo que sempre desejei e que agora estava a viver com a minha companheira. — Não fique assim. Vou retirar a sua camisa com os olhos fechados, aí pode usá-la para cobrir os seus s***s enquanto lavo as suas costas — digo, para deixá-la mais confortável. — E lembre-se de que isso é ordem da médica; não posso ficar longe de você. — Promete que não vai olhar? — pergunta ela, com um fio de voz. — Sim, a menos que me peça — digo, e sinto Zara empurrar-me, afastando-me dela. Não consegui resistir; ela ficava linda quando corava. — Você não era assim — diz ela, desconfiada. — Isso porque não queria assustá-la, mas terá que aprender a lidar comigo, querida; não vou fingir ser algo que não sou. — Eu aceito, mas não pode olhar — diz de forma feroz. — Tem a minha palavra — digo a ela. Então, seguro a barra da sua camisa e fecho os meus olhos; lentamente, puxo-a pelo seu corpo e, quando a camisa sai, entrego-a a ela de olhos fechados. — Pode abrir — diz ela em voz baixa. Quando abro os meus olhos, fico sem fôlego com a visão das suas costas.
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