DOM
Aí, rapaziada, deixa eu contar como é um dia no meu pedaço. Aqui no morro, eu sou o Dom, o cara que manda, que segura a onda. Mas não se engane, véi, não é só ostentar corrente de ouro e andar de carrão. É ter o olho aberto, o dedo no gatilho, e a cabeça sempre ligada, porque qualquer vacilo pode ser o último.
Hoje, o dia começou de boa, mas terminou com uma cena que nem eu, com 25 anos e dono do morro, tava preparado.
Acordei cedinho, como sempre, com o sol começando a pintar o morro. Fiz minha meia hora de esteira na varanda do quarto, olhando o pedaço que é minha responsabilidade. As crianças tavam saindo pra escola, com mochila nas costas, rindo, correndo. Os pais indo pro trampo, com cara de quem já tá cansado antes de começar.
Esse é o morro: vida pulsando, mas sempre com
