No exato momento em que Joana mencionou a Rocinha, sentiu a tensão se espalhar pelo bar como uma onda invisível, mas palpável. O ar, já pesado com a fumaça de cigarros e o cheiro acre de álcool, parecia ficar ainda mais denso. Ela sabia que acabara de colocar um alvo nas costas, mas essa era a única maneira de garantir que a levassem para falar com Zé Pequeno. Não havia outro caminho. Era arriscar tudo ou não arriscar nada. Carlão continuou a olhá-la com aquele sorriso asqueroso de dentes amarelos, as rugas ao redor dos olhos se aprofundando, como se ele estivesse se divertindo com a coragem – ou talvez a estupidez – daquela mulher. "Vamos logo não tenho muito tempo", ele disse, sua voz carregada de sarcasmo, o que fez o estômago de Joana revirar. Ela respirou fundo, mantendo a postura

