POV. Aurora Acordei com o gosto de terra na boca e o cheiro da floresta entranhado na pele. O corpo inteiro doía, como se eu tivesse sido quebrada e colada de novo, pedaço por pedaço. Abri os olhos devagar, o chão coberto de folhas grudadas nas pernas nuas. Sangue seco, arranhões, marcas de galho. Eu devia parecer um animal ferido, mas a verdade é que me sentia viva pela primeira vez em muito tempo. Tentei respirar fundo, mas o ar veio pesado. O peito ainda queimava. O silêncio da floresta era estranho, quase respeitoso. Nenhum som de predadores, nenhum sussurro de perigo. Só o farfalhar leve das folhas e o meu próprio coração tentando se lembrar do ritmo. “Todos vão saber agora.” A voz de Nyra veio calma, como quem anuncia uma sentença. “A Loba Branca voltou.” Ri, sem graça. O som sai

