Caso de uma noite

1743 Words
Estava me vestindo para ir embora daquele lugar, mas antes de sair, minha irmã entrou pela porta. Ela já estava com meu vestido de noiva, e aquilo me acertou como uma facada. – O que faz aqui? Como se atreve a vir me ver depois de tudo o que você fez? – Perguntei a ela transtornada. – O que foi que eu fiz de tão m*l? Eu te salvei de um casamento onde você não seria feliz! Você nunca combinou com Rafael. Você é fraca, muito boazinha, ele precisa de alguém como eu a seu lado, alguém objetiva e forte como eu, sem contar que a minha beleza combina com a dele. – Você é minha irmã, como pôde ser tão c***l? Eu confiava em você! – Eu o queria, não me importa se você tem meu sangue, você não é boa o bastante para fazer parte da nossa família, e não é boa o bastante para ele. – Ela abriu um sorriso sínico e prosseguiu. – Para mim você não significa nada, eu só precisava me aproximar bastante para tirá-lo de você! E para minha sorte, você continuava negando a ele o que ele desejava, e eu fiz questão de ficar disponível sempre que ele quis. Obrigada por ser tão conservadora e decente, sem isso ele jamais teria se aproximado o bastante de mim. – Eu ia me casar com ele, você continuaria sendo uma amante suja se eu não tivesse encontrado vocês, tem noção de que acaba de destruir toda a minha vida? – Como ela pôde? Eu a amava tanto, fazia tudo por ela. – Eu sabia que você viria me procurar, você não dá dois passos sequer sem me consultar, vi quando o maquiador e o cabeleira saíram de seu quarto sabia que muito em breve viria até mim, eu o busquei, ele não conseguia mais resistir a mim, está viciado, então o seduzi mais uma vez. Eu já tinha tudo planejado, você é muito previsível. – Ela suspirou feliz. – Bom, eu vou indo, tenho um casamento dos sonhos para realizar. Bom retorno para casa. Ah, eu já ia me esquecendo de lhe dar as boas novas, era isso que estávamos comemorando quando você apareceu, eu estou gravida! Parabéns, você vai ser titia. Eu não imaginava um meio de aquele dia ficar pior, mas ele conseguiu, ela me enganou, ela nunca me teve carinho nenhum, ela só o queria e o pegou, como ela sempre fez com tudo o que desejava. Quando passei pela porta onde ela iria ir para o altar, a cena me deu até enjoo, meus pais a estavam parabenizando pelo casamento, dizendo que ela estava linda, como uma princesa. É isso, para eles dois, não importava qual das filhas iria casar-se, desde que uma delas se cassasse, já que Rafael vinha de uma família rica, e para meus pais a única coisa que lhes importava era o status e o dinheiro deles. Acho até que eles preferiam que fosse Sarah a mim, para este casamento. Eu nunca havia me importado com isso, estava com Rafael porque o amava, não pelos bens que ele possuía, nem pelo nome da família. Ao contrario de minha irmã, que sempre quis alguém com dinheiro para se casar, eu só não imaginava que ela tiraria meu noivo de mim por ter dinheiro. – Sem dúvida a noiva mais bonita que já existiu! – Minha mãe disse sorrindo e beijando o rosto de minha irmã sorridente. Meus pais sempre deram mais atenção a ela, eu sempre fiquei de escanteio, a filha perfeita, a garotinha dos olhos do meu pai e a princesinha da minha mãe. Eles nunca se importaram tanto comigo quanto se importavam com ela. Rafael estava próximo, junto ao meu pai e o seu, os três conversando e sorrindo, como se a poucos minutos atrás não tivessem destruído a minha vida. Ouvi quando meu pai disse a Rafael “Bem-vindo a família”, será que isso está mesmo acontecendo? Ou está tudo em minha cabeça? – Acham isso que está acontecendo uma alegria? Como vocês podem compactuar com as coisas que esses dois desavergonhados fizeram? – Já chega Melissa, vá para casa, nos falamos quando eu chegar, não quero que você arme mais um escândalo! – Eu? Mas não fui eu quem se deitou com o futuro marido da irmã! Foi Sarah e aquele bastardo sem escrúpulos! – Meu pai me pegou pelo braço e me arrastou para fora da sala, onde um dos motoristas me aguardava para levar-me embora. – Não ouse causar mais estragos! Vá para casa! Estava destroçada, sentindo minhas forças serem sugadas de mim. Obedeci, mas não estava com a intensão de ir para casa, queria ir à praia que tinha nas proximidades, o lugar tinha um deck que levava até o meio do mar, era uma linda vista. – Por favor, me leva a praia. – Mas seu pai... – Acabo de ter o pior dia da minha existência, será que pode ter o mínimo de empatia e me levar para onde eu quero ir? O tempo havia mudado, o dia que estava lindo e ensolarado parecia agora querer combinar com a minha tristeza, o sol se foi, dando espaço a nuvens cinza, que deram fim ao colorido do céu azul. – Senhorita, estamos sendo seguidos... – Me informou olhando pelo retrovisor. – Não se preocupe tanto, devem ser apenas os paparazzi de sites de fofocas querendo uma boa foto com a minha dor para estampar em algum tabloide. Ele seguiu o restante do caminho em silencio, e eu perdida em meus pensamentos, mas notei que ele continuava sempre olhando pelo retrovisor. Durante as últimas horas, o motorista foi a única pessoa condescendente comigo, ao menos respeitando um pouco a minha dor e o espaço que eu precisava. Ele me levou de volta a casa de minha família, estava completamente vazia, tanto quanto eu me sentia. A essa hora eles já devem estar casados, comemorando e apreciando a festa. Tomei banho e me deitei olhando para o teto, não queria ficar ali choramingando enquanto os dois se divertiam, me vesti e fiz uma maquiagem, ia sair para beber e me divertir. Preciso me esquecer completamente deste dia desastroso e infeliz. Parti em direção ao centro da cidade, local onde sabia que a noite era uma criança e os bares e boates estariam todos lotados. Encontrei um deles que reconheci o nome, me lembro que minha irmã uma vez havia comentado que era muito bem frequentado, um dos melhores da cidade. Decidi que seria ali que eu iria afogar minhas magoas. Dei meu nome na entrada, me olharam de cima a baixo, mas depois de cochicharem um com o outro me deixaram entrar. O local estava lotado, mulheres lindas e superficiais, homens de terno que pareciam ter muito dinheiro. Eu fui até o bar e comecei a beber. Brindei a mim mesma e a minha ingenuidade, eu não consegui ver algo que estava completamente explicito, minha irmã era assim com todos a seu redor, estava sempre próxima a Rafael, sempre o rondando, o agradando. Estava na cara, e eu fui cega de mais para ver. Alguns drinks depois e eu já estava me sentindo tonta e alegre, resolvi ir para a pista dançar, não sei se estava parecendo tão sexy quanto as outras mulheres do local, ou se parecia muito desengonçada, mas estava contente por estar extravasando um pouco. Senti uma trombada forte contra meu corpo e acabei caindo de b***a no chão, a sensação era de ter esbarrado em uma parede de concreto, o homem era alto, forte, e me estendeu a mãe para me ajudar a levantar. – Sinto muito. – Ele falou por cima da música, bem perto do meu ouvido. Não sei de onde eu tirei tamanha coragem, mas disse a ele que apenas o desculparia se ele dançasse comigo. Talvez fosse a bebida em excesso. Nossos corpos se moviam e se encaixavam de acordo a música lenta, se tocando em partes que eu nunca havia explorado antes, me causando sensações desconhecidas, porém muito gostosas. Mesmo depois de cerca de três músicas, eu não estava disposta a deixar o estranho partir, e quando ele fez menção a ir embora, num ato de extrema coragem e tamanha loucura eu colei meus lábios aos dele. Seu beijo quente tinha gosto de whisky, suas mãos exploravam meu corpo e todo ele se acendeu com seus toques. Minha mente me gritava para sair correndo dali, que era errado, mas o corpo traidor não queria me obedecer de nenhuma maneira, eu queria me sentir desejada, queria estar com alguém naquele dia terrível. – O que está fazendo? – Ele perguntou com o ar de poucos amigos. Eu não sei qual foi a minha resposta exata, mas estava tentando dizer que queria mais um beijo. – Vamos! Vou te levar a um lugar seguro, você não parece estar muito bem, e aqui não é um bom lugar para ficar assim! – Ele soou autoritário e eu só consegui concordar sem pestanejar. A boate ficava no subterrâneo de um hotel, ele me arrastou e pegou um elevador de acesso e nós fomos direcionados diretamente a cobertura, eu me sentia zonza, mas muito animada. Entramos no quarto e eu tentei me agarrar a ele, mas ele me segurou pelos braços tentando me conter. Será que eu sou tão dispensável assim? – Você tem ideia de quem sou eu? – Eu apenas abri um sorriso para ele, e insisti em chegar mais perto. – Acho que você não sabe mais nem quem é você, vem vou te deixar na cama. Ele me ajudou a ir até à cama e estava de saída quando eu o impedi. – Eu sei quem eu sou, e sei o que quero, nesse momento eu quero você. – É claro que a bebida estava me dando coragem, mas eu também queria apagar de vez Rafael de meu sistema. Acordei na manhã seguinte, sentindo a minha cabeça rodar, meu corpo inteiro doer, as imagens da noite anterior me acertando em cheio. Me movi e senti um corpo ao lado do meu, olhei para o estranho e ele ainda dormia profundamente, resolvi que estava na hora de sair dali. Deixei uma quantia em dinheiro na mesa de cabeceira para cobrir minha parte da noite no hotel e sai do quarto antes que ele acordasse, não queria ter que enfrentar uma manhã embaraçosa o esperando acordar.
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