A chuva castigava Nova York com fúria, como se o céu compartilhasse da tormenta que Luna carregava no peito.
Ela não o via há dois anos.
Dois longos anos desde que ele a fez chorar no corredor frio da mansão Blackthorne, com palavras afiadas como navalha. Dois anos desde que ela partiu, levando consigo os cacos do que um dia poderia ter sido algo precioso.
Ela se lembra da expressão vazia dele, do desprezo em cada sílaba:
"Você é só a babá."
A dor daquele momento não se dissipou, mas se transformou. Moldou-a. Refinou-a. Agora, Luna não era mais a mesma jovem ingênua que se emocionava por gestos ínfimos ou esperava que um coração partido encontrasse o caminho de volta sem resistência.
Agora, ali estava ela — diferente. Saltos altos, vestido justo de seda vinho colado ao corpo e uma aura que misturava maturidade e desejo contido.
Ela passou pelas portas imponentes da Blackthorne Enterprises sem hesitar. O som dos saltos ressoava pelo mármore polido como um aviso, um anúncio de que o passado não ficaria enterrado por muito tempo.
No centro do salão, rodeado por flashes de câmeras e murmúrios entre investidores, estava ele. Damien Blackthorne.
O homem que ela jurou esquecer.
Mas, ao vê-lo, percebeu que esquecer nunca foi uma possibilidade.
Os olhos dele a encontraram — e congelaram.
O tempo pareceu pausar. O ar entre eles carregava eletricidade pura, um reencontro desenhado não pelo acaso, mas pelo destino.
Foi como se o mundo desabasse debaixo dos pés de Damien. A última vez que ele a viu, Luna usava moletom e segurava sua filha nos braços, com olhos marejados e lábios tremendo. Agora, ela era uma deusa selvagem. Perigosa. Intocável.
O silêncio que se formou era quase palpável. Cada músculo dele ficou tenso, cada fibra de seu ser parecendo reagir a algo muito maior do que ele próprio.
Ela caminhou até ele com um sorriso enigmático, a postura impecável, exalando confiança.
— Senhor Blackthorne... — sua voz era um veludo macio, mas carregado de provocação — Que prazer revê-lo. Ainda destrói corações, ou já aprendeu a amar?
Ele não respondeu.
Mas seus olhos arderam. Com raiva. Com culpa. Com desejo.
O segundo amor será melhor?
Ele esperava que sim.
Mas primeiro, teria que merecê-lo.