Bruna
Sai toda nervosa da prova, fiquei até o último minuto que me restava. Fui em direção ao carro do meu pai, enxugando minhas lágrimas que já haviam feito um estrago e ignorando todos os olhares direcionados a mim, os de dor e compaixão.
- Bruna, minha filha - O olho séria - O que acha de irmos no Burger King? - Segure e penso por um momento.
- Não vai me perguntar sobre a prova?
- Que prova? - Brinca com um sorriso e o abraço.
- Obrigada, pai - Nos soltamos e ele da partida ao Burger King Drive Thru.
Não demoramos a chegar, eu fui fazer os pedidos enquanto meu pai foi guardar um lugar pra nós. Pedi dois chicken sandwich e mega stacker cheddar pra mim. Pro meu pai pedi dois de whopper duplo e mais dois refrigerantes pra cada. Esperei os nossos pedidos e foi incrível como erraram um simples Bruna.
Sentei com meu pai e comemos com ele contando piadas, com a tentativa de me fazer esquecer sobre o maldito enem.
Meu celular que eu tinha ligado no carro, estava me enchendo o saco com aquele barulho de notificação irritante. Por isso desde que comprei ele, deixei no mudo, nem sei porque aumentei. Joguei ele no bolso e continuei a devorar aqueles hambúrgueres.
Voltamos pra casa e eu ainda sentia necessidade de comer mais. Assim que meu pai estacionou o carro na garagem, eu sai e fui direto na cozinha procurando sorvete no freezer.
- Chegou minha filha - Minha mãe seca as mãos no pano de prato e vem na minha direção - E como... - É interrompida pelo meu pai que faz um gesto de silêncio pra ela - Certeza que foi ótima. Fiz lasanha como gosta - Sorrio por poder comer a melhor lasanha feita e sento na mesa esperando ser servida.
Minha mãe coloca o prato na minha frente e um copo de refrigerante, como em questão de segundos e me sirvo de sorvete e cookies. Corro pro meu quarto, fecho a porta e arranco minha calça.
Ligo o ar, ligo a tv no de férias com o ex e deito na cama me aproveitado daquele geladinho.
- Bruna Matos - Reconheço aquela voz que invade meu quarto. Vitoria é minha amiga de infância, ou desde que me entendo por gente, nossas mães se odeiam e as bobinhas se amam.
- Pelo amor de Deus, Vitória. Fecha essa porta - Reclamo.
- Levanta dessa cama ou vou te encher de porrada - Cruza os braços.
- Não quero sair de casa - Meu celular apita outra vez.
- Essa merda de celular que não para de vibrar, aí? - Dou de ombros - Engraçado que quando eu ligo, falo que tá no mudo.
- Eu não tenho culpa alguma - Tomo outra colherada do sorvete - Quer? - Ofereço e ela abre um sorriso sentando na minha cama - Qual é o motivo verdadeiro de ter vindo?
- Primeiro que você precisa encher a cara pós prova - Reviro os olhos - E outra que tô doidinha pra quebrar a cara da Fernanda - Resmunga enquanto come do meu sorvete.
- Você tem que parar de ser barraqueira ignorante, Vitória.
- Desculpe, meu nome é treta e meu sobrenome é p*u no seu cu - Bato em sua coxa e me da língua - E aí, decide. Vai levantar da cama obrigada ou na base da porrada? Deixo a decisão em suas mãos.
- Não posso ter a opção de ficar debaixo das cobertas comendo? - n**a - Eu te odeio, Vitória Mariano.
- Todos me amam queridinha - Se gaba - Vai botar aquele vestido pretinho colado que enaltece tua beleza e essa raba enorme - Rio de suas palavras e vou até meu banheiro.
Tomo um banho demorado e lavo meus cabelos, enrolo meu cabelo em uma toalha e meu corpo em outra. Saio do banheiro e vejo Vitória mexendo no meu celular.
- Tá achando bonito invadir a i********e dos outros, dona Vitória? - Falo a assustando que pula da cama e gargalho - Tá devendo fudida? - Vou até meu closet.
- Vai sair com esse pretinho aqui, Bruna? - Me mostra o celular e vou até ela pegando tentando entender.
Ele exagerou no: "se eu curtir várias fotos sua, o que você acha que significa". Se ele quis que eu pensasse que ele é um perseguidor, conseguiu com sucesso. De cem fotos postadas, noventa e cinco foram curtidas por ele no meu i********:, e o viado continua curtindo o restante e comentando. Deus! Quem será o maníaco da vez?