Chucky atormentando Moa.

Chegada..

Chucky se encontrava perto do seu chalé, cercado pelo aroma fresco dos pinheiros e pelo som suave do vento soprando entre as folhas, mas não conseguia apreciar a beleza do lugar, somente a sensação de liberdade, ele aproveitava.

Com um machado firme em suas mãos, ele trabalhava nem era uma tarefa árdua, porque o tempo de liberdade tinha o feito ganhar força física e peso. Cada golpe do machado contra a madeira ressoava no lugar.

Ele cortava e empilhava os pedaços de madeira. Seu rosto estava determinado, sua expressão focada conforme ele se dedicava à tarefa. Cortar lenha também era um ato de terapia,o mantinha focado em algo.

Em algum momento o cunhado de Chucky se sentou próximo.

Chucky parou o que fazia..

– Não veio aqui ver a minha beleza.

Nem tinha.. beleza.

– Não, mas para explicar que homem não b@te em mulher, Chucky.

Chucky deixou o machado cair.

__ Ricardo..

__ Não importa o que você pensa que uma mulher fez, arrume outra maneira de acertar as contas com ela. Rickson me fez pensar que a sua irmã me traiu, e se eu tivesse..

Chucky pegou o machado e jogou em Ricardo, mas o cunhado pegou, mesmo tendo a visão só de um olho, Ricardo era rápido.

Chucky tinha crescido longe de tudo e de qualquer noção do certo ou do errado, e não sabia nem mesmo como ser bom com uma pessoa, ou com uma criança, então escutar que não se bati@ em mulher, foi como um choque de realidade.

E Ricardo estava certo.

Assim, não podia machucar fisicamente Moa, mesmo porque se fizesse ficaria exatamente igual aqueles que ele odiava, não que se importasse de ser tão rui.im quanto a madre, ou tão rui.im quanto Yotis, só não machucaria inocentes como eles fizeram.

Mas se fosse por esse caminho, o cunhado e a irmã não confiariam nele mais, não para ficar perto dos sobrinhos.

Mas Moa tinha o sangue de Yotis, ele balançou.. Moa não era inocente.

– Moa não é inocente.. Ricardo, ninguém que tenha aquele sangue pode ser.

Era hora da verdade.

__ mas a criança que ela traz é.

Chucky balançou a cabeça, porque pensou ter escutado errado.

– Ela não vem só, Chucky..

– Não quero uma criança com sangue dela perto de mim.. Não quero.. Ela não vem passear…

Ricardo colocou o machado no chão, mas pisou em cima para garantir que

– A criança tem o sangue de Yotis, mas tem o seu sangue também, Chucky.

__ Você bebeu Ricardo?

– Não, não bebi, mas você bebeu algo que te deram, foi dopado ainda no orfanato, colheram de seu seme.m, e fizeram uma inseminação em Moa. Asafe, Asafe é o nome do seu filho.

Filho..

Filho

Com Moa..

Um filho que era bisneto de Yotis.

Chucky ficou parado, como se ouvisse alguém muito longe.

– É mentira, o menino não é meu.

– Não é mentira. ..

Ricardo tirou um documento do bolso e jogou para ele.

– Isso é um teste de Dna, eu me certifiquei da verdade, Chucky.. O menino é seu filho.

– A vagabund@ tem um filho meu, é isso?

__ Ela não sabe quem é você, também foi dopada durante o processo de inseminação.

Chucky se escorou em uma árvore..

Ia ficar louco, o ódio dentro dele aumentou, tiraram uma coisa que não tinham direito.

– Tem mais? mais crianças, por aí?

– Não, Chucky, Rickson e a madre escolheram ela e você para gerar crianças únicas..pela beleza.

Chucky gritou.

Uma mistura fervente de raiva, dor e um sentimento impossível de nomear, mas que ecoava em sua alma. Era uma emoção tão complexa e intensa. Era como se todas as suas frustrações, raiva e desilusões se fundissem em uma única explosão de emoção.

Seus gritos ecoaram pela floresta que cercava a propriedade.

Uma criança.. uma criança, o que faria com uma criança? Quase desejou não ter descoberto que Yotis tinha uma neta predileta, quase..

– Não a traga, Ricardo, nem ela e nem ..

– Tarde demais, Chucky, Teo foi buscá-la, e o casamento foi selado através de procuração. Estão casados e ela viu o rosto de Teo. Sem chances, se eu disser a Teo para fazer o caminho contrário, ele vai matá-la, e entregar a criança em algum orfanato.

Só a palavra orfanato fazia a mente dele entrar em guerra.

__ Não. Orfanato não, sabe o que acontece em orfanatos. – Chucky o lembrou.

__ |Nem todos os orfanatos são como o que você viveu.

Para ele, eram todos iguais.

– Eu vou machucá-la e a criança vai me odiar, depois.

– Pode escolher não machucá-la..Chucky. __ Ricardo o avisou.

– Não posso, não posso,porque preciso soltar a raiva em alguém. Passei todos esses meses guardando e cultivando..

Ele caminhou.

__ Onde vai? _ Ricardo o questionou.

– Não sei, mas não deixe minha irmã aparecer hoje.. não deixe.

Amava a irmã, era a única mulher que ele tinha afeição.

Chucky caminhou sem rumo e bateu com a cabeça em algumas árvores, sem saber o que fazer com aquela informação. Nunca nem tinha imaginado que seria pai um dia, porque só de se imaginar deitar com a mulher, fazia crescer e raiva, mas agora, tinha um filho.

Entendeu que foi roubado. Nem sabia como podia raciocinar direito, porque mesmo compreendendo que Moa não foi culpada de gerar aquela criança,ele ainda tinha raiva dela por ela ser quem era.

E mesmo que fosse mãe do filho dele, não poderia esquecer tudo que passou. Ele entrou na água e afundou, alguns segundos sem respirar, quando voltou a superfície a raiva tinha diminuído, mas ele deitou na areia.

Escutou o som do alarme, alguém chegava e não era visitantes.

Moa chegava, e não chegava sozinha, chegava com uma criança que carregava o sangue dele.

Ficou na areia, mas depois caminhou para o seu chalé, se vestiu.

Ligou para o cunhado e combinou que o menino ficaria na casa da propriedade, não podia vê-lo, pelo menos não ainda.

Cinco minutos depois, Levi chegou e um jipe, Moa estava deitada no banco, dormia, era resultado do sonífero colocado na comida.

Ficou observando a mulher dormir .. ela tinha os cabelos longos assim como a irmã, mas Moa tinha aquela tonalidade tão diferente e única. Chucky a pegou nos braços e levou para dentro, a deitou na cama.

__ Não a atormente, Chucky..

__ Desapareça, Levi.

__ Eu vou, mas Amora vai vir trazer seu filho, ou tem que deixar Moa ir amamentá-lo.

– SAIA, LEVI..