Capítulo 6
Nas mãos do CEO:
Daniela Marçal
Como uma mulher que não tem mais nada a perder em um sábado pela manhã, me arrumei como se fosse encarar um dia corrido. Coloquei uma roupa confortável, nada de salto ou sapatos apertados, um conjunto leve, comportado e que eu amava vestir.
Marina me ajudou, ela era boa em se vestir, me ajudava muito quando eu tinha jantares de negócios com Xavier Lancastre.
Ele sempre me pedia para o acompanhar, incentivo da Joana, a secretária dele que já tinha sua certa idade e dizia que eu era mais nova e atenta nessas ocasiões.
Mentira!
Ela sempre tentava me empurrar para Xavier, dizia que ele e a menina Olívia precisavam de mim em suas vidas.
No entanto, eu sempre enfatizei que namorava, mesmo ninguém nunca vendo Paul, somente as flores que raramente vinham para o endereço da empresa.
Paul era muito polido para fazer homenagens em público, m*l me beijava na bochecha quando estávamos na rua. Em quatro anos ele sempre me respeitou, nunca ultrapassou limites, ele era um lorde até nisso.
Por esse motivo fiquei tão animada e eufórica quando vi as flores chegando na empresa no dia anterior, achei mesmo que era para complementar o pedido de casamento. Que ele estava fazendo uma prévia do meu tão sonhado e almejado pedido.
Como não podia estar mais enganada? Não?
- Prática e bela, está muito linda, Dani. – Ela tinha que dar o seu parecer. - Vai viver, deixa Paul sentir a sua falta. - Marina diz assim que passou pela porta da cozinha. – Eu já tinha montado o café da manhã.
- Vai dormir, sei que está cansada... - Ela concorda. – Seu café da manhã está pronto.
Marina se anima.
- Estou morta de cansada, minha amiga..., ontem o movimento foi grande, as gorjetas foram boas, mas eu fiquei um bagaço. – Marina bate as mãos na mesa. - Já fiz a minha parte de aluguel, então estou feliz. – Me entrega o maço de dinheiro da parte dela.
Eu paguei o aluguel sozinha esse mês, não reclamei porque Marina teve que ajudar a família no Brasil, mas sempre ela dava um jeito de me pagar de volta.
Não tínhamos muito, mas nós vivemos com o que tínhamos, e isso era o suficiente no momento.
Ela beija a minha bochecha me tirando dos devaneios.
- Não mata o seu chefe, lembra que ele ainda é dono da sua cidadania. - Faço cara feia. - Se ele quiser, ele te manda de volta, então faz cara de paisagem e segue em frente. - Pego a maçã que Marina iria comer e sai correndo para a portaria.
Meu prédio é pequeno, simples e muito velho.
No entanto, ele é limpo e organizado.
O senhor Aquiles cuida de tudo, e ele não nos cobra muito caro no aluguel, porque pagamos em dia e não damos trabalho.
- Bom dia menina, tem um carro chic parado aí na porta. – Ele diz olhando as câmeras de segurança.
- Bom dia Senhor Aquiles... – Deixo a maça para ele. – É o meu chefe... – Ele agradece a maça e me olha como pai pronto para dar uma bronca.
- Vocês duas trabalham demais, meninas... – Ele balança a cabeça negativa. – Hoje é dia de folga e está indo trabalhar?! – Diz sério.
Acabo suspirando.
- Hoje não é trabalho, vou ficar com a filha dele, somos amigas e ela precisa da minha ajuda. – Seu Aquiles fica, mas tranquilo, e afirma com a cabeça.
- Então vai que seu chefe não está com a cara muito boa. - Acabei rindo.
- Ele nunca está! – Abre a porta velha, mas forte que separa a rua e o vão do prédio e lá está Xavier.
O desgraçado chato é bonito, cheiroso e raivoso.
Porque eu estou olhando para ele e pensando nessas coisas? – Dona Julie estava fazendo lavagem cerebral em mim, isso sim!
- Bom dia madame, estava me perguntando se teria que esperar mais quanto tempo para ter o ar da sua graça. – Xavier diz assim que paro na frente.
Na minha bolsa levei alguns itens críticos, e é claro, o chocolate da minha menina. Nada pesado o suficiente para dar uma bolsada nele e o mandar para o hospital.
- Bom dia chefe! Desculpe a demora... – Digo com o meu melhor sorriso.
Tinha um dia inteiro ao lado desse homem.
Quando ele iria me responder, uma menina de tranças prefeitas e óculos fundo de garrafa pula do carro e vem correndo em minha direção.
- DANIIIIIII! – Eu me preparei para amparar a menina que saltita no meu colo e me abraça como se tivesse passado anos sem me ver. – Que saudades eu estava de você, tia Dani. – Olívia passa seus braços em volta do meu pescoço e fica ali me abraçando por um bom tempo.
- Eu também estava com saudades de você, minha linda. – Beijei sua testa e vejo que ela estava muito animada. - Mesmo tendo te visto ontem.
- Vamos no lugar que será a minha festa, tia, e vamos provar vários bolos para escolher qual eu vou gostar.
Olivia estava animadíssima!
Joana disse que a menina nunca teve festa, que essa era a primeira vez que Olivia tinha um aniversário grande e com todos os amigos da escola.
- Que legal, vamos escolher o maior bolo de chocolate? – Olivia me olha como se estivesse finalmente vendo um mundo de possibilidades.
- Queria também um bolo de morango, meu pai ama bolo de morango. – Aquela informação é nova.
Nem sabia que esse homem ingeria açúcar.
O corpo dele não é de alguém que tem açúcar na sua dieta.
- Podemos fazer um bolo de morango também? – Diz como se ainda não tivesse dimensão do que podia ou não fazer.
- Vamos perguntar para o seu pai? – Olhamos para ele que tinha cara de bobo olhando a gente.
- Xavier? – Chamo a sua atenção que sai do transe. – Olívia quer saber se pode fazer um bolo de morango... – faço cara para ele se ligar.
- Claro minha filha... – Ele olha o relógio. – Vamos que já estamos atrasados. – Na hora me sinto culpada.
- Senhor... – Xavier levanta a mão e abre a porta.
– Vamos que a tia Dani vai me ajudar escolher o vestido da mocinha também... – Olivia entra no carro. – Depois vem com as suas choradeiras, Daniela Marçal. – Reviro os olhos e entro no carro.
Meu dia seria longo, mas estava feliz porque iria ficar com a Olivia, mas de quebra tinha meu chefe chato e irritante.