GARY
_Como assim vocês dois saíram juntos??? -perguntou Chloe enquanto segurava uma almofada na frente rosto- E como ele foi? fofo? Ficou te olhando muitas vezes? Viu você olhar pra ele?
Chloe passou aqui em casa para me dar um abraço, e sim: hoje é o meu aniversario! Mentira, ela veio aqui me abraçar porque ela gosta de fazer isso. Nesse exato momento estamos assistindo a maratona da nossa série favorita, e ela está quase surtando com tudo que contei para ela.
_Bom, ele foi bem legal, pagou o meu sorvete e me emprestou uma blusa -que por acaso, eu fiz de fronha do meu travesseiro quando cheguei em casa- porque eu molhei a minha -disse, e um sorriso se abriu em meu rosto.
_Ai bicha, vocês viados são tão fofos -ela deu uma risadinha e pegou mais uma mão cheia de pipoca- só que eu acho que ele não gosta da sua fruta migo, mas seria bem legal se ele gostasse.
_Sim eu sei, quando as coisas ficaram estranhas ele falou que uma tal de Paty ligou pra ele e perguntou se ele podia ir na casa dela, eles devem ter se comido a noite inteira, só acho -revirei os olhos quando imaginei o que Adam fez com ela.
_Mentira! -gritou ela.
_Como assim?!? Vai assustar a sua vó sua c****a! -bati nela com a almofada.
_A Paty é minha amiga, ela me ligou ontem falando que o Adam foi um o****o com ela pelo telefone e que não queria mais olhar na cara dele, ou seja, ela não foi pra casa dela ontem...
Calma ai! Adam mentiu na minha cara? Affs mano, eu nem sei o porque estou com raiva dele, eu nem tenho motivos, não sou nada dele, e ele ainda sim mentiu, sabia que ontem a noite estava perfeita demais para ser verdade.
_Ele mentiu então -apenas falei, peguei uma almofada e abracei a mesma- eu não estou nem ai -menti.
_Gary, está escrito na sua cara que isso é mentira bicha! Você da sorte que eu te amo, porque se não eu iria te zoar pra c*****o ela pegou mais uma mão de pipoca- quer sair comigo e com a Joe mais tarde? A gente vai pra uma balada gay, quem sabe assim você encontra o amor da sua vida lá e esquece esse i****a mentiroso do Adam?
_Melhor não, vão só vocês, eu vou ficar em casa pensando em como eu fui trouxa por começar a gostar de um hétero filho da p**a -falei apertando mais a almofada em meus braços.
_Sabe que ficar se remoendo por isso não vai te ajudar em nada, né? Dessa vez passa, da próxima vez eu te bato com um cachorro morto até ele latir -disse ela contendo uma risada.
_Nossa, também te amo c*****o -dei uma risadinha e o telefone dela tocou.
_Oi amor tudo bem? -ela ia respondendo conforme a pessoa falava- Sim... eu não me esqueci... eu sei, chamei ele pra ir e ele ficou fazendo cu doce... pois é eu já disse isso pra ele mas ele não me escuta... ok, estou indo pra ai.
Ela desligou o celular com um sorriso de canto e os ombros encolhidos em um pedido de desculpa, com certeza ela teria que sair pra ir .ver a namorada dela e me deixar aqui sozinho, jogado as traças e as baratas.
Credo, estou sentimental demais, preciso de uns tapas na cara.
_Pode ir, eu não vou te odiar por isso -falei revirando os olhos- mas da próxima vez eu vou te bater com um cachorro morto até ele latir -imitei a voz dela e ambos caímos na risada.
_Usando minhas palavras bicha? -disse ela.
_Nunca, sapata da minha vida.
Chloe foi embora e eu acabei ficando sozinho em casa, minha mãe como sempre trabalhando. É nessas horas que eu queria muito ter um irmão, só que a vida não é justa comigo.
Andei até a estante da sala e escolhi um dos livros que eu tinha pegado emprestado ontem na biblioteca e então lembrei de Adam trombando em mim, o cheiro dele e o modo de falar, do toque dele quando ele me fez segurar em seus ombros, quando ele pegou minha cintura, ele tirando a camisa, a barriga dele, aqueles gominhos marcados em sua pele branca, o filho da p**a ainda tem caminho da felicidade!
Como eu queria percorrer minha boca por todo aquele corpo.
E toda a minha atenção para o livro foi pro espaço, única coisa que estava martelando a minha cabeça era Adam, a voz dele, tudo que eu queria era ter aquele filho da p**a pra mim, eu daria tudo pra ter ele comigo. Larguei o livro de lado e fui até a mesa do computador que não fica muito longe do sofá, então liguei o mesmo procurando algo pra fazer, mas não achei nada.
Fui para televisão e não vi p***a nenhuma, não estava passando nenhum programa interessante. Adam ainda estava na minha cabeça. Por que ele mentiu pra mim? Ele poderia só ter falado que não estava afim de ficar lá conversando e ter ido embora, não precisava mentir.
Peguei meu celular e selecionei minha playlist favorita colocando uma musica pra tocar. Give me Love invadiu minha cabeça tirando todos os meus pensamentos que tinham haver com o Adam, só que antes da musica parou antes mesmo de chegar no refrão, quando fui ver o que era, tinha alguém me ligando.
_Alô? -atendi.
_Gary? -perguntou uma voz feminina do outro lado da linha.
_Sim, quem é?
_Sou eu bicha, a Joe -escutei uma risadinha- estamos passando ai pra te pegar, não quero saber se você quer ou não ir na boate, nós estamos indo te buscar -ela falou mais alto dessa vez, em tom de autoridade- se arruma, já ligamos pra sua mãe e ela deixou, ela até mesmo concordou com o fato de que você tem que sair mais.
Que?!? Como assim?
_VOCÊ LIGOU PRA MINHA MÃE E DISSE QUE EU IA PRA UMA BOATE GAY? -gritei.
_Não meu querido, eu não vejo motivos pra tantos detalhes respondeu ela, calma- só se arruma ai vai, te dou quinze minutos no máximo.
_Mas... mas... -tentei falar e fui interrompido.
_Mas p***a nenhuma, você vai e ponto -então ela desligou na minha cara.
Chloe não tem limites e também não coloca limites na namorada dela, onde já se viu me arrastar pra uma boate? Está certo que eu posso achar o amor da minha vida lá, só que eu não quero o amor da minha vida, eu quero o Adam!
Me arrumei vestindo uma roupa que prestasse e pensei que elas estavam me espiando, pois no momento exato que eu me sentei no sofá pra espera-las o carro da Joe buzinou do lado de fora, a casa já estava fechada então peguei a minha carteira, o meu celular e avistei o carro das duas quando sai de casa, um sorriso surgiu no canto dos meus lábios na hora que elas acenaram para mim, para depois começar a andar até o carro, onde abri a porta e me sentei no banco de trás.
_Oi, vadias -falei fingindo estar bravo.
_Oi bicha, pronto pra buscar o amor da sua vida?
_Por mim tanto faz -falei colocando o sinto de segurança- o amor da minha vida deve estar comendo um a vagabunda nesse exato momento, então vamos sair, quero beber pela primeira vez e pretendo e quero cair de tanto álcool que vai percorrer nas minhas veias.
Elas deram uma risada quando terminei de falar, e eu acabei rindo um pouco e perdendo a pose.
_Nossa, que profundo, vamos parar de ouvir Ed Sheraan, vamos? -debochou Chloe, depois de uma gargalhada.
Joe arrancou com o carro da frente da minha casa e saiu dirigindo que nem louca, ela é o tipo namorada ''aventureira' -pra não falar louca- porque ela ultrapassou dois sinais fechados e durante todo o caminho ela andou acima da velocidade.
E detalhe, ela nem está bêbada ainda.
Quando paramos na porta da boate, as luzes estavam vindo de lá de dentro, a voz da Gaga estava soando baixo do lado de fora, e então comecei a cantar Born This Way, porque além de estar tocando, é a minha musica preferida dela.
_Já esta se soltando linda? -perguntou Joe.
_Claro, se tocar Lady Gaga perto de um gay e ele não cantar ou ficar parado, ele não é gay -brincou Chloe e então todos caímos na gargalhada, acho que hoje vai ser divertido, bem divertido.
Entramos na boate, Joe por ter dinheiro pagou área VIP pra nós três, ou seja, eu estou usando uma pulseira florescente no braço da cor do arco-íris com ''VIP'' escrito de preto. Tinham muitas pessoas dançando na pista, Chloe não quis ir pro lounge da festa de primeira porque ela queria dançar. Então fomos os três pra o meio da pista com uma garrafa de vodca que eu nem vi de onde saiu e começamos a dançar nós três, até que as duas me largaram sozinho e foram dançar na minha frente.
Se tivesse alguém que gostasse de mulher por perto, com certeza estaria babando nas duas.
Comecei a mexer o corpo na tentativa de dançar a musica que estava tocando, até que um cara da minha altura e fortinho ,passou na minha frente e esbarrou em mim no meio da pista, e pareceu ser de propósito.
_Ai desculpa lindo! -disse ele de forma ''preocupada''.
_Sem problemas -falei enquanto olhava para os lados tentando olhar para outra coisa.
_Você vem sempre aqui, meu anjo? -perguntou ele, enquanto dançava todo solto.
E que jeito mais clichê de puxar assunto com alguém é esse? Parece eu, que a propósito estou aqui, parecendo um robô tentando dançar.
_Não, minhas amigas me arrastaram pra cá hoje -respondi- elas disseram que eu vou achar o amor da minha vida, quer dizer, alguém que faça eu esquecer o amor que era pra ser da minha vida.
_Viiish -ele fez uma careta- ex namorado, não é?
_Quem dera se pelo menos tivéssemos namorado -dei de ombros e virei mais um gole da minha vodca. Essa p***a é forte, já estou ficando bêbado- qual é o seu nome?
_Kleber -disse ele com um sorriso no rosto- e o seu?
_Gary, meu nome é Gary.
_Tem quantos anos Gary? -perguntou ele.
_Dezessete e você?
_Eu tenho quinze -respondeu.
Porra! O que um menino de quinze anos está fazendo em uma boate gay com bebidas drogas e uns caras muito, mais muito gostosos dançando apenas com uma cueca preta em cima do palco? E por que, mesmo sendo dois anos mais novo que eu ele aparenta ser mais velho?
_Você não é novo demais pra estar aqui não? -perguntei surpreso- Como é que você entrou?
_Bom, isso não importa. Não é? -disse ele- Vou ali naquele cara porque acho que ele está flertando comigo, é a quarta vez que ele me olha em um minuto -ele gesticulou com a cabeça mostrando um cara que estava dançando sem camisa logo a nossa frente- beijos Gary, espero te ver aqui de novo -e então foi embora.
Junto com a minha esperança de ficar com alguém hoje a noite.
Kleber saiu dançando até o outro garoto que parecia ter a mesma idade que ele, e mais uma vez eu estava aqui sozinho, sendo jogado de um lado para o outro pelas pessoas que estavam dançando, tentei achar Chloe e Joe mas elas não estavam a minha vista. Procurei algum para me sentar, queria lugar pra ficar e com menos movimento, então fui pra área VIP. Antes que eu entrasse lá, o homem me pediu pra ver a pulseira no meu braço, não discuti e mostrei, enquanto ele verificava se a pulseira não era falsa eu dei uma olhada em volta em busca do ''amor da minha vida''.
E não é que ele estava lá?
Não acreditei que era ele quando o vi que estava sentado em um banco perto do balcão onde estavam servindo bebidas. Meu cérebro devia estar com muito álcool. Quando o homem autorizou a minha entrada eu puxei o meu braço as pressa e comecei a andar na direção do balcão pra ter certeza de que era Adam quem estava sentado naquele banco.
_O que é que você esta fazendo aqui? -falei, e então o garoto se virou na mesma hora.
Porra! É o Adam mesmo!
No mesmo momento em que olhei pra ele, todos os pensamentos que eu estava expulsando da minha cabeça voltaram á tona e bem piores que antes.
_Gary?!? -Adam arregalou os olhos surpreso e um sorriso se abriu em seu rosto- eu faço a mesma pergunta pra você cara, o que está fazendo em uma boate gay?
_Perguntei primeiro -o álcool que estava percorrendo meu sangue naquele momento me dava coragem pra falar com ele sem ficar nervoso, me fazendo chegar a conclusão de que tenho que beber todos os dias da minha vida antes de falar com Adam.
_Bom, eu vim trazer o meu irmão aqui, porque ele é de menor e só entra acompanhado -essa não era muito bem a resposta que eu estava esperando- e você? Posso saber oque está fazendo aqui?
_Minhas amigas me arrastaram pra cá porque eu tinha que esquecer... alguém -falei.
Ele deu a p***a de um sorriso de canto lindo.
_Quem é que você quer esquecer?
Como é que eu falo ''ah, você é a pessoa que eu estou afim de esquecer filho da p**a'' pra ele, sem causar problemas?
_Como se chama o seu irmão? -troquei de assunto na primeira oportunidade.
Adam me encarou notando minha intenção, mas não fez nada, apenas respondeu:
_Kleber. Por quê?
Puta que pariu! Não pode ser o mesmo Kleber.
_Como é seu irmão? -perguntei.
_Ele é um pouco menor que eu, moreno -ele pensou- está com uma blusa de flamingos.
É, é o mesmo cara.
_Eu acho que o seu irmão deu em cima de mim a uns minutos atrás bem ali -apontei pra pista de dança e ele deu uma gargalhada.
_Kleber não tem jeito mesmo, meu irmão da em cima dos caras tudo -disse Adam, enquanto o resto de uma risada alterava o tom da voz dele- espera ai... Você bebeu? -perguntou.
Olhei pra garrafa de vodca na minha mão e joguei escondi a mesma atrás de mim.
_Não... -e ele riu mais um vez. A boca dele fica linda quando ele sorri, eu queria muito pular em cima dele e beija-lo, só que eu estava com medo dele me voltar um murro na cara.
Acho que preciso beber um pouco mais.
_Só o seu irmão é gay na sua família? -joguei verde.
_Sim, mas eu não ligo pra isso sabe? Ele é meu irmão e o fato dele gostar de caras não muda nada na nossa vida, ele pega quem ele quiser e eu pego quem eu quiser, a fama que eu tenho com as meninas ele tem com os meninos, passa o rodo nos cara tudo -ele bebeu o resto de seu copo e continuou- Perdi uma aposta pra ele e tive que trazer ele aqui.
_Entendi -respondi. Adam ficou em silencio apenas balançando a cabeça acompanhando a musica, só que dessa vez quem não vai deixar o assunto acabar sou eu- esta afim de dançar? Essa musica que esta tocando é f**a.
_Nossa cara, você gosta de Madonna? -ele arregalou os olhos.
_Eu juro que se você contar isso pra alguém eu conto que você sabia quem estava cantando -brinquei e ele riu- quer dançar ou não?
E sem pensar muito ele respondeu:
_Bora - então se levantou do banco.
Fomos para pista e começamos a dançar, e posso dizer que dançar é bom, na verdade é ótimo. Estar em um lugar em que eu estou vendo Adam na minha frente, dançando de uma forma sexy pra c*****o -embora ele não precise de tanto esforço pra isso- e saber que nenhuma menina aqui está desejando ele, é ótimo.
Só que o paraíso acabou mais rápido do que eu pensava, um cara saiu do meio da multidão e me empurrou com a b***a, então começou a dançar com Adam, ele estava de olho fechado e nem viu que não era mais eu que estava ali dançando, eu não costumo procurar briga então deixei as coisas como estavam e fiquei ali me mordendo de ciúmes, mas não fiz nada.
_Não sabia que você dançava Gary -disse Adam e quando ele abriu os olhos e viu que era outro cara que estava dançando com ele, uma sobrancelha dele se ergueu- que p***a é essa mano? -disse ele pra o cara em sua frente.
_Oi lindo, tudo bem com você? -disse o homem, estava escrito na cara do i****a que ele queria ficar com o Adam, e o álcool no meu organismo estava gritando ''marca seu território!!!'' e me dando coragem pra voar na cara dele.
_Desculpa mano, não vai rolar -disse Adam pro cara- rala peito daqui porque eu namoro já.
Ué, ele começou a namorar?
Assim como o cara eu parei de dançar na mesma hora, não queria fazer mais nada a não ser ir embora dali e deixar tudo pra trás, mandar todo mundo tomar no cu. Não creio que vim aqui para ficar melhor, e agora estou pior do que quando eu havia chegado. O homem parado ao meu lado ficou sem graça e então tentou mudar de assunto.
_Ah serio? Quem é a pessoa de sorte? -perguntou ele, quebrando o gelo.
_Pois é Adam, quem é a pessoa de sorte? -quando notei as palavras saindo na minha boca, era tarde demais.
_Gary, eu não acredito que você está fazendo isso? -disse ele- como assim quem é a pessoa de sorte? Você sabe que a pessoa que eu amo é você -ele pareceu bastante convincente.
Puta que pariu. O que?!?
_Então os dois namoram? -o cara cruzou os braços olhando pra mim e eu estava prestes a falar que não. Adam também tinha bebido, sei disso por causa dos copos que estavam do lado dele, eu sei que ele estava zoando com a cara do babaca do meu lado, e quando ele viu que eu ia acabar com a brincadeira, ele tomou frente e respondeu por mim.
_Sim, nós dois namoramos, por quê? -ele ficou sério, dando uma de machão.
_Prove que isso é verdade... -disse o cara.
O que?! Como assim? Prove que isso é verdade? A única verdade é que eu vou te mandar tomar no cu seu babaca, sai daqui! Agora ferrou tudo!
_Como assim mané? -perguntou Adam para o i****a que já estava passando dos limites.
_Bom, eu cheguei aqui puxando o seu suposto namoradinho pro lado só pra dançar com você, e ele não fez absolutamente nada, apenas ficou olhando eu dar em cima do homem dele... -que babaca confiante- se ele é seu namorado, prove que isso é verdade e eu vou embora.
_Sem problemas então -Adam deu de ombros e eu arregalei os olhos.
Meu coração disparou quando vi que ele caminhava até mim sorrindo, o homem ficou observando cada passo dele. Ele parou na minha frente e então sussurrou perto do meu ouvido: ''isso aqui fica só entre nós'', me arrancando um arrepio. Me puxou pela cintura, colando o meu corpo no dele e tive que ficar na ponta dos pés pra alcançar a sua altura, e com apenas um movimento ele passou a outra mão na minha nuca me puxando pra perto dele apertando a minha cintura contra seus dedos, colocando nossos lábios em um beijo. E então eu não ouvia mais a musica, não via mais ninguém, tudo em volta de mim havia sumido, para mim as únicas pessoas naquele lugar que importava era Adam e eu.