Varuna olhou para Camila , queria poder perguntar se ela conheceu alguém. O espectro tinha medo que outro, algum vivo, pudesse retirar dele o cantinho que estava lutava para ter no coração e na existência da menina. Calou-se, não procuraria; se houvesse alguém, Camila ira contar. Esse era o seu pensamento.
Sentiu ciúmes, ela era a princesa dele e de ninguém mais.
_ Preciso de uma banho. Você me espera?- Camila perguntou, indo em busca de roupas limpas.
_ Tem algo para me dizer? - Inadagou ele, reparando nos fios de cabelo que caiam pela face da garota conforme ela retirava a fita de cor salmão.
Camila sorriu, não queria estragar a supresa, então, apenas pegou o que necessitava e foi até Varuna.
_ Pode abaixar, só um pouquinho? - pediu com um sorriso lindo brincado em seus lábios rosados.
O fantasma não entendeu, mas, curioso, atendeu ao pedido da menina.
Camila aproximou-se da orelha do espectro e ao pé do seu ouvido disse:
_ Só vai saber se ficar.
Sendo levada por um impulso, por uma vontade que emergia do fundo do seu ser, deu um beijo no rosto do fractal.
Varuna foi pego de surpresa e se viu sem reação, apenas sabia que se tivesse em posse do seu coração, esse estaria a mil por hora dentro do seu peito.
Camila saiu cantarolando, a voz dela era linda; o fantasma estava torpe, anestesiado de amor.
A moça entrou no banheiro e o espectro, sentou-se na cama, feliz, bobo, com um sorriso enorme no rosto.
Olhou para si e alisou a camisa social de botões, cuja as magas eram compridas; fechadas no punho com abotoaduras masculinas, uma jóia da família Rockefeller.
Arrumou o anel de ouro no seu anelar direito; analisou o reflexo do diamante n***o, pedra preciosa que adornava a jóia
Ele tentava, como podia, ficar garboso para a sua amada. Varuna esperou aflito, andou pelo quarto, cogitava falar sobre os seus sentimentos para a moça naquela noite. Parecia ser bem propício.
Torceu e estalou os dedos.
De repente, a porta do quarto foi aberta. Alda colocou a cabeça para dentro, e o fractal olhou para a senhora Esteves.
Alda tinha escutado passos, achou que poderia ser Camila, ainda acordada. Pensou em lhe dá um beijo de boa noite.
No entanto, não tinha ninguém no cômodo. Ninguém que os olhos da mulher pudessem enxergar.
A matriarca da família, adentrou ao local e averiguou. Foi até a porta do banheiro, bateu e, não obtendo resposta, girou a maçaneta e constatou que a porta dê acesso.
Camila banhava-se; cabelos molhados, água retirando a espuma do corpo.
A jovem não percebeu a mãe e muito menos a porta sendo aberta, estava de olhos fechados; cantava distraída, cabeça nas nuvens e na canção.
Foi uma brisa gelada, contra a sua pele, que trouxe o despertar para a garota. Camila abriu os olhos e viu a mãe parada na porta.
Gritou, apavorada, olhos arregalados, mas não por conta da presença materna e sim por causa de Varuna, que estava de pé, parado na a******a e tinha a visão da menina dentro do box.
Alda, tentou acalmar a filha. Pensou ser a causadora do susto de sua menina.
_ Calma, Camila, sou eu. Escutei algo e vim perguntar para você se tinha escutado também. - proferiu Alda, fechando a porta e interrompendo a visão do homem apaixonado.
A moça sentia-se envergonhada, por ter sido vista nua; era o que pensava . Aborreceu-a muito.
Acreditava nisso, embora não fosse verdade; o corpo de Alda protegeu o da menina, dando a Varuna somente um vislumbre de sua face.
O espectro esperou no quarto, quieto, em pé perto da parede.
Ouviu a conversa entre mãe e filha; escutou quando Alda indagou se a filha tinha notado algo estranho dentro do seu quarto. Camila respondeu que não. A jovem teve medo da mãe descobrir Varuna. Qual explicação daria se Alda indagasse sobre o homem em seu aposento? Nem a menina sabia. Falaria o quê? Não se preocupe, mamãe, ele é só um espírito.
Não tem o menor cabimento.
Alda partiu e Camila, depois de tomar uma grande dose de coragem, deixou o banheiro. O cheiro gostoso de sabonete invadiu o quarto embriagando o fantasma . Varuna acompanhou a jovem com o olhar.
A moça não atrevia a erguer o olhar para o espectro, tinha as bochechas coradas. A vergonha acendia as chamas em sua face.
_ Você....
_ Não. - Varuna sabia que sua tímidez era resultado do que ocorreu.
Camila respirou aliviada. Na grande realidade, a jovem se achava magra demais, sem curvas; considera-se dona de um corpo sem atrativos, s***s pequenos do tamanho de pêras, uma b***a cujo os globos não eram volumosos e as pernas sem recheio.
Olhou para o espectro e perguntou em silêncio: " Quantas mulheres atraentes e donas de corpos esculturais ele conheceu? Quantas mulheres perfeitas, ele teve o deleite de tocar?
Esse questionamento, causou um m*l-estar na bela jovem que sentiu uma irritação tremenda.
_ O que há? Não estás bem?- perguntou Varuna, aproximando-se da donzela.
_ Só me deixei levar por meus pensamentos. - disse pegando a bolsinha de tecido e abrindo o zíper.- Tenho um presente para você, algo para lembrar de mim, quando não estiver por aqui.- disse, pegando uma caixinha de papel.
_ Presente para mim?- indagou incrédulo. O fantasma queria mais era trazer ao conhecimento da menina que o melhor presente ele já tinha: ela.
Camila foi até a porta e a chaveou.
_ Minha mãe percebeu alguma coisa; fez perguntas.- disse mordendo o lábio inferior .
_ Eu ouvi. Ela pode ter escutado os meus passos.- falou o fractal.
Acontece que Varuna estava mui afetado pelo momento e transboradava energia.
Camila sentou na cama e seu olhar silencioso continha o pedido para que o espectro fizesse o mesmo.
Varuna sentou-se, um pequeno espaço separava os dois.
Camila esticou a palma da mão aberta na direção do morto apaixonado, no centro estava a caixinha de tampa azul clara.
_ O que é? - o fantasma perguntou trêmulo. Era um marco em sua existência, estava ganhando um presente da mulher que amava.
_ Abri.- Camila disse no meio de um suave sorriso.
As mãos grandes de Varuna pegou a caixinha, seus dedos roçaram na palma da mão da menina e um arrepio varreu o corpo de Camila, juntamente com um ar quente; enquanto o seu coração batia desenfreado dentro do peito.
O fantasma abriu a pequena caixa e retirou de lá um pingente, coisa simples, feita de latão dourado. Era só uma bijuteria, mas para o fractal era uma jóia rara.
_ Um V. - disse erguendo a diminuta peça.
_ Sim, a primeira letra do seu nome.- disse a menina com os olhos brilhando.
_ Bonito obrigada!- agradeceu o fantasma dando um beijo no rosto da moça.
Conforme os lábios do fractal tocava na bochecha da moça, as mãos da menina apertavam com força a colcha de retalhos. Colcha que ela mesma costurou, à mão, quadrado por quadrado. Varuna acompanhou a confecção da peça.
_ Gosto do seu nome.- disse, lançando um olhar de esguelha, tímido, para o espectro.
Varuna guardou o pingente dentro da caixinha e colocou no bolso da sua calça.
_ Você sumiu.- Camila disse, pensando bem nas palavras, não queria dizer besteiras, não queria que ele achasse ela uma menina boba.
_ Precisei, não posso ficar por muito tempo.- o espectro pensou no que dizer, não poderia falar que se ficasse, sempre por perto, poderia alimentar-se da garota. Pensou no impacto que isso poderia ocasionar.
_ Varuna, vai contar para mim sobre você? - indagou, olhando para o fantasma bonito.
_ Deseja isso? Saber de mim?- respondeu com uma chuva de indagações.
Camila ergueu-se e torceu os dedos das mãos.
_ Muito....- sua resposta foi curta e sem firmesa, não por estar em dúvida, mas por temer uma negativa por parte do espectro.
Varuna estendeu a mão para a pequena que olhou para o m****o, meio vacilante.
Devagar, como em câmera lenta, foi depositando sutilmente sua mão na dele, os dedos dele roçaram no pulso da moça e em seguida ele a puxou para si.
Camila foi acolhida numa abraço macio e cheiroso.
_ É o perfume das flores ou da madeira do seu caixão? - indagou a menina, sentindo o coração bater na cabeça.
_ Nenhum dos dois. É meu antigo perfume .- disse o fantasma enamorado, aproveitando para sentir o cheiro delicioso da pele fresca da garota.
Varuna desceu suas mãos até a cintura fina da sua amada e apertou levemente. O choque que percorria Camila também percorria o ser cheio de amor; contudo, ambos não tinham conhecimento de que não era um fato isolado, mas que a sinergia era mútua.
Sons de batidas na porta fez o casal se afastar. Camila recuou dois passos e Varuna retirou suas mãos do seu tesouro.
_ Canela de seriema, me empresta o carregador! - a voz abafada do Júnior, invadiu o regaço do casal.
A moça olhou sem graça para o espectro, ficou envergonhada com as palavras proferidas pelo irmão.
_ Eu vou te.....- freou sua frase, olhou na direção do fractal e calou-se.
A jovem seguiu na direção da mesinha de cabeceira, abriu a primeira gaveta e pegou o carregador. Em seguida, abriu a porta e entregou ao menino.
_ Pode ficar, não tenho mais celular mesmo. - falou para o irmão e isso golpeou Varuna; se Camila não tinha o telefone foi unicamente por obra dele o do seu ciúmes.
Depois de trancar a porta a moça retornou para a cama, dessa vez deitou; seu pijama de ursinhos enrolou, dando-lhe a visão da parte infragluteal fold( muito conhecida como a polpinha da b***a).
_ Se importa se eu deitar? Estou cansada.- proferiu a garota, apoiando a cabeça no travesseiro.
_ Não, minha rosa. Pode dormir.- Varuna disse, indo para perto da sua amada. O espectro fez um cafuné nos fios da menina; ao mesmo tempo em que cantava uma música bem baixinho.
_ Também gosto dessa banda.....essa música é bonita......fica aqui, não vai, não....- pediu Camila, entregando-se ao sono.