Marreta narrando Eu acendo um cigarro e puxo o fumo com força, o meu olhar fixo no horizonte do morro. O sol começava a se pôr, tingindo o céu de laranja e vermelho, mas eu não enxergava beleza nenhuma naquilo. Só via sangue. Já fazia uma semana. Uma semana desde que eu puxei o gatilho. Desde que atirei no meu próprio filho. Eu não sabia se o moleque tinha resistido ou não. Ninguém sabia. o morro da rocinha tava fechado, so entrava morador. Mas algo dentro de mim dizia que, se o menino tivesse morrido, eu já teria ouvido falar. Puxo outra tragada e aperto os olhos, sentindo a raiva crescer dentro do meu peito. — Isso é tudo culpa sua, Fátima... – murmuro. O nome dela saiu como um veneno da minha boca. A mãe dos meus filhos, a única pessoa que um dia eu amei de verdade. E a mesma que vir

