Capítulo 1

2508 Words
Capítulo 1 HANNAH Dez Anos Depois Inverno... O amanhecer turva, sem cores, sem calor começou na cidade de Stormhelm, minha cidade Natal, desde o meu nascimento nunca conheci outros lugares, porém conhecia muito bem cada canto desta cidade, o garoa fria chegou com tudo, assim como a tristeza em meu coração; O tempo é um relogio finito, o qual se não aproveitamos cada segundo, algo importante pode ser tirado de você, a pior forma de descobrir isso é quando de fato, você perde algo, principalmente, de valor inigualável... — Hannah, precisamos ir, papai está nos esperando na sala de estar com Nathaniel. — escutei batidas a porta, era a voz amargurada de Julian, porém nada em minha volta arrancava de mim essa angústia, essa dor rasgando meu peito, roubando meu ar; não sabia o que dizer, muito menos como agir diante a terrível tragédia na família Stewart; Desnoteada, mascarada pelo fúnebre véu e pelas vestes negras, mostrando meu fatídico luto, caminhei até a porta desnorteada pelas minhas lágrimas salgadas que inibe a minha visão, elas sequer dava para mim, um momento de tranquilidade; Ao abrir a porta, o rosto insípido de Julian se encontra avermelhado e com muitas olheiras, os belos olhos azuis inchados denunciavam suas muitas horas de sofrimento, porém ela nunca chorou em nossa presença; apesar de ser a irmã do meio, ela era a mais forte de nós; — Precisamos ir Hannah, papai está impaciente...— disse com a voz amena, envolvendo minhas mãos com a sua, estão frias; Frias como o inverno que nos assola... — Não quer colocar luvas? Está frio irmã, suas mãos estão geladas. — perguntei carinhosamente sem me importar com minhas próprias lagrimas, que abaixo dos meus olhos sucumbia, friccionei suavemente os dedos finos de Julian, com o proposito de lhe proporcionar calor; e também um pouco de consolo, mesmo que eu também necessitasse de apoio; porém, odiava ver as pessoas que amo sofrer... — Ah não precisa, vamos logo, papai ficará furioso se nós, nos atrasamos para o funeral. — disse firme, me puxando pelos corredores da casa; Julian não mostrava tristeza, mesmo que seus olhos revelasse o contrário, mas tudo aconteceu tão rápido, m*l podíamos nos dar o luxo de ficar de bnos entregarmos as magoas e tristezas, tinhamos que tomar as devidas providências... Ao chegarmos a sala de estar, papai nós recepcionou com olhar zangado; — Já estamos alguns minutos atrasados, andem logo, precisamos terminar logo com isso! — disse furioso sem olhar para nós, Julian e eu nos entreolhamos tristes, Nathaniel seguiu papai sem dizer uma palavra, ele parecia cada vez mais distante de nós, principalmente após a terrivel notícia; Entramos no carro e seguimos para o centro da cidade, nenhum de nós trocamos uma palavra sequer, o silêncio ensurdecedor se estabeleceu até o fim da viagem, porém ao olhar pela janela, tudo o que conseguia pensar era no passado... Uma lágrima silenciosa deslizou até a garganta, a limpei quase que imediatamente, sentir um breve aperto da mão de Julian; ela olhou para mim com olhar firme, tentando me consolar; Seguimos a viagem inteira segurando a mão uma da outra, enquanto papai e Nathaniel sequer esboçavam reação; Minutos depois, chegamos ao local, uma pequena igreja localizada no centro da cidade de Stormhelm, havia várias pessoas na entrada, amigos próximos da minha família, principalmente do meus pais; todos estavam de preto com expressões tristes e gélidas; Papai estacionou o carro em frente a igreja, formos recebidos com abraços e condolências sinceras, sabia muito bem que seria um momento difícil, de fato teria que enfrentar a minha nova realidade; Seguir meus irmãos e meu pai até a igreja, o pequeno espaço está todo decorado com flores brancas, meu coração bateu forte ao ver quadrado emadeirado, adornando com muitas flores e fotos em volta... As lágrimas retornaram assim que tomei proximidade junto com meus irmãos, o rosto empalidecido, esquecido no tempo, coberto pelo luto, os cabelos louros quase sem vida, os olhos desalentos, os labios ressecados que um dia distribuiu tantos sorrisos e palavras doces, agora estavam silenciados para sempre; levando um pedaco de mim, assim como a minha própria alegria; Quando percebi, já chorava inconsolavelmente próximo ao caixão de Dianna Stewart, minha mãe... Dois dias antes do funeral, minha mãe sofreu um terrível acidente de carro, porém antes mesmo do acidente acontecer, meus pais tiveram uma terrivel discussão, meus irmãos e eu não tinhamos ideia do que tinha acontecido, meus pais nunca brigaram daquele maneira, mamãe saiu transtornada... Tudo o que sabemos é que seu corpo não aguentou o acidente, ela morreu na mesma hora que o carro bateu contra a arvore; Meu pai simplesmente mudou, tornou-se distante de nós, principalmente de mim e eu não sabia o motivo dessa drástica mudança; Não entendemos o motivo de sua frieza em relação ao funeral da mamãe, o quanto mais eu e meus irmãos tentavamos nos aproximar dele, mais papai se distanciava; Tudo mudou, minha vida se tranformou em cinza... Após as condolências e os votos do funeral recitados pelo padre Dionísio, decidir sair em busca de ar puro, o espaço pequeno da capela me deixou castrofobica, meus irmãos permaneceram próximos ao caixao, enquanto eu só desejava sair do local, meu estômago ficou embrulhado repentinamente; Mesmo sendo inverno, o suor já escorregava pela minha testa, caminhei em passos ágeis pelo corredor florido da igreja, indo diretamente para a saída, caminhei pela calçada e fui até a uma árvore ao lado da capela. Buscando refúgio dessa sensação extremamente sufocante, as lágrimas banhava o meu rosto, meu coração parecia explodir, dando início a uma terrível crise de ansiedade, tive meu primeiro ataque quando recebi a triste notícia da morte da mamãe,porém dessa vez veio muito pior; Continuei ofegando, buscando ar incessantemente, apoiando meu corpo na árvore, apalpei a madeira fria em busca de apoio para me manter de pé, resfriada pelo inverno que assolava a cidade; sentindo-me inconsolável. Tudo o que ansiava agora era que o tempo parasse e a dor se extinguisse, desejava que o tempo feliz retornasse; — Isso é um pesadelo... — sussurrei, deixando meu corpo deslizar até o chão, vencida pelo cansaço e pela dor da perda, me sentei sobre a grama gelada, deixando toda a tristeza se esvair pelo meus olhos, não precisava mais reprimir esse sentimento, não havia ninguém para me repreender; poderia enfim me render a dor. — Nana... A voz mais doce e gentil ressou pelos meus ouvidos, a pessoa mais querida para mim estava diante dos meus olhos, seus cabelos negros lutavam contra o vento gelado, enquanto seus profundos olhos castanhos se perpetravam aos meus com simplicidade; — Ethan... — foi a única coisa que conseguir pronunciar entre lágrimas e soluços constantes, consequência da minha crise de ansiedade; O único que compreendia meu martírio era Ethan, ainda éramos amigos desde a nossa infância, tantos anos se passaram e nosso laço se tornou ainda mais forte, simplesmente não conseguia mais viver sem sua companhia; mais uma vez, nas horas mais precisas de minha vida, ele sempre está ao meu lado; — Sinto muito pela Dona Dianna, minhas condolências, vem cá. — disse tristemente, me puxando para um abraço, simplesmente afundeu meu rosto na curva de seu pescoço, me entregando inteiramente a tristeza em seus braços, sem nenhuma vergonha, sem medo de cobranças ou julgamentos. — Não...aguento mais...isso...— murmurei com dificuldade em meio à soluços altos, porém Ethan tocou em meus lábios com o polegar e disse. — Não diga nada, pode chorar em meus braços, pode contar comigo Nana, para sempre...— disse voltando a me abraçar com força, passando dedo sobre as minhas lágrimas, secando uma após a outra, a única coisa que conseguir fazer foi balançar a cabeça em sinal positivo; aspirando o doce perfume amadeirado de Ethan. Permanecemos calados bom muito tempo, abraçados embaixo da enorme árvore, não tive a capacidade de ver a hora passar, era quase como se o tempo tivesse parado para nós, os braços quentes e fortes de Ethan foram a única coisa capaz de me proporcionar calor e o conforto que eu precisava. Depois de longos minutos, presos em um abraço reconfortante e totalmente entregue ao meu luto, pressionei a camisa de Ethan, mantendo uma distância mínima entre nós, para fitar seus olhos castanhos e lhe agradecer devidamente; — Obrigada... — Não precisa agradecer Nana, sabe que adoro você e somos melhores amigos, pode contar comigo para tudo o que precisar. — disse gentilmente afagando meus cabelos louros. De certa forma doeu ouvi isso, Ethan me trata como se fosse sua irmã mais nova; Não sabia ao certo o motivo de isso ter incomodado, também o adorava e sabia que iamos ser sempre amigos; Mas por que isso me incomoda? — Nana, aqui está você... Outra voz que Ethan e eu reconheceriamos em qualquer lugar do mundo preencheu o ambiente, roubando nossas atenções, um rapaz de cabelos louros e tenros olhos azuis claros estava em nossa frente com terno preto, segurando um embrulho muito bonito, formal, conhecendo bem como conhecia, Jason Crawford, meu grande amigo, sempre usava roupas sofisticadas, mas somente em ocasiões formais, o oposto de Ethan que so andava de calcas jeans e camisa regata. — Jason, achei que estava fora da cidade com seu pai. — respondi me levantando da grama junto com Ethan que abraçou o amigo alegremente, fazia meses que não o víamos. — Sim, estávamos, mas assim que soubemos o que aconteceu com a sua mãe, pedir ao meu pai para voltar para cidade, sinto muito por isso, trouxe algo para você. — disse dando o embrulho para mim, assim que abrir, vi uma moldura dourada, um porta retrato muito belo e fino com uma foto minha no colo da mamãe quando era apenas um bebê. Tudo o que sentir ao ver aquela foto foi tristeza e saudade, novamente as lágrimas cairam dos meus olhos, desabei por completo na frente de meus dois melhores amigos. — Obrigada Jason...— agradeci entre lágrimas. Jason olhou para mim com dureza sem saber como reagir, ele era o mais velho e mais austero do trio, mas sabia dizer as palavras certas quando era preciso... — Sei que é forte, Ethan e eu sabemos que vai superar isso da melhor forma, seja forte Nana. — disse tocando em meu ombro com olhar calmo e gentil, Ethan sorriu e concordou com as palavras de Jason. — Nosso amigo tem razão, que bom que está de volta Jason, sentimos muito a sua falta. — disse Ethan batendo no ombro do amigo, pela primeira vez conseguir sorrir, Ethan e Jason tinham esse dom, mesmo nas horas tristes, me arrancavam sorrisos; — Obrigada Jason pelas palavras e pelo belo presente, é a maneira que tenho para me lembrar da mamãe, realmente sentimos muito a sua falta. — respondo limpando o restante das lágrimas, respirando fundo, tentando me recompor, estava tão cansada de chorar e não queria que meus amigos ficassem preocupados. Jason ficou por oito meses na Holanda com seus pais, seu pai estava fazendo um projeto na filial da Allstate Corp, não esperávamos que ele fosse voltar tão cedo, trocavamos mensagens pelas redes sociais quando podiamos, fizemos um grupo para manter contato, Jason, Ethan e eu, nunca deixamos de nos falar, mesmo distantes. Agora éramos adultos ou quase, tenho dessesete anos, Ethan é dois anos mais velho que eu, enquanto Jason tem seus vinte um anos, ele contou em suas mensagens que seu pai, Charles, estava o treinando para ser seu futuro sucessor na Allstate Corp enquanto esteve na Holanda; Agora tudo estava diferente, Ethan e Jason cresceram e eu também, agora teríamos responsabilidades, outros interesses, Ethan está estudando para a temporada de provas na faculdade Green Space, enquanto eu m*l consigo pensar no meu futuro depois da morte da mamãe, contudo já estou em meu ultimo ano no colegial, Jason também já tem seus planos para o futuro, deseja assumir o lugar do seu pai. Ethan continua o mesmo de sempre em questão de personalidade, porém agora parece mais determinado, mais viril, mas nunca deixa sua gentileza e doçura de lado, portanto Jason mudou drasticamente, aquele menino travesso se tornou mais responsável, sempre repreendendo a mim e a Ethan quando cometemos erros, ele se tornou mais responsável, mais maduro, como se fosse nosso irmão mais velho. Apesar de todas as mudanças, ainda éramos melhores amigos, Ethan nunca saiu do meu lado por todos esses anos e Jason voltou para prestar condolências e era um tanto ausente por causa da faculdade e das obrigações como herdeiro dos Crawford, mas ele sempre mostrou o quanto se importa comigo e com Ethan, com nossa amizade... — Obrigada pelo apoio de vocês, sinto tanta falta da mamãe...— murmurei quase chorando, mas dessa vez contive as lágrimas, apertando o retrato em minhas mãos com delicadeza, o pressionando contra meu corpo com muito amor. Ethan se aproximou, passando o braço em volta dos meus ombros, Jason olhou para mim com compaixão; — Tire as mãos da minha filha! Meu pai gritou, empurrando Ethan para longe, quase o derrubando na grama, ficamos assustados com a atitude hostil do papai, Ethan ficou confuso, assim como Jason que tentou apazigar a situação; — Senhor Stewart, se acalme, sei que deve está triste e confuso por causa do funeral de sua esposa, mas somos todos amigos aqui. — disse tocando no ombro de papai que o repeliu com agressividade. — Papai o que está acontecendo? — pergunto pedindo uma explicação, Ethan sempre foi muito bem tratado pelos meus pais, meu pai o considerava como filho, seu comportamento é no mínimo estranho; — Não me questione menina, vamos para casa, o funeral acabou! — disse ao me puxar com força pelo braço, praticamente me arrastando até o carro; contra a minha vontade. A última coisa que vi foi a confusão nas íris castanhas de Ethan, tive a terrível sensação de que isso não terminaria por isso mesmo. — Papai, está me machucando. — reclamei sentindo meu braço latejar, tentei recolhe-lo, mas meu pai era mais forte e não mediu esforços para me manter presa a ele até o carro, aonde abriu a porta com furia e me empurrou para dentro; Seu comportamento era frio e distante, ele sequer olhou em meus olhos, ordenando que Julian e Nathaniel entrasse imediatamente que chegaram no carro. — Vamos para casa, não temos nada a fazer aqui. — disse friamente, fechando a porta assim que meus irmãos entraram, Julian percebeu meu tormento assim que olhou para mim. — O que aconteceu Hannah? — perguntou segurando minha mão fria e trêmula. Nathaniel permaneceu calado, nos observando em silêncio. — Diga a ela papai! — reunir coragem, deixando a raiva assumir o controle. — Melhor não me enfrentar Hannah, Dianna não esta mais aqui e você deve respeito unicamente a mim. — disse friamente sem desviar o olhar da estrada, deixando todos nós, principalmente a mim com medo, nunca o vimos tão irritado antes... Algo estava errado com papai; Ele mudou da água para o vinho desde a morte da mamãe...

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