Me apoio em minhas mãos para não cair de cara no chão. Isso é loucura, ele só pode estar brincando, será que ele realmente está mandando cortar a cabeça de alguém?
Eu preciso sair daqui agora.
Mas, antes que eu pudesse me levantar, meu olhar encontra um par de sapatos de couro preto bem na minha frente.
Respiro trêmula e lentamente olho para cima, para o homem que está erguido diante de mim, vestido com um terno azul-marinho que, tenho certeza, é da Armani.
Então, meus olhos encontram seu rosto e eu fico chocada ao ver sua beleza que beira a perfeição. Seus olhos negros me olham sem misericórdia. Sua mandíbula firme e seu nariz cinzelado eram intimidantes, parece que os deuses esculpiram seu rosto.
Seu peito e seus ombros são largos, e posso perceber, mesmo debaixo da roupa, que ele tem um corpo musculoso e muito bem definido.
Acho que levei um tempo até eu perceber que estava apenas olhando para esse homem, enquanto ainda estava sentada no chão.
Rapidamente, me recomponho e me levanto com as pernas trêmulas, ajustando minha saia e minha blusa. Eu estou tão encrencada. Nem quero mais esse emprego, só quero voltar a viver minha vida.
“Você ouviu alguma coisa?” A voz profunda e rouca do homem pergunta, soando mais como um comando, do que uma pergunta.
Balancei a cabeça.
“Não, não ouvi nada.” Digo um pouco ansiosa demais.
Senti como se ele pudesse ver que eu estava mentindo. Preciso sair. Todos os sinais vermelhos estão piscando agora.
“Eu não gosto quando as pessoas escutam minhas conversas, Srta. Jones. Espero que esteja ciente das consequências se vier a divulgar algo que possa ter ouvido.” Ele ameaça.
Meu Deus, ele realmente sabe que eu ouvi. O que eu faço?
Sinto meu rosto corar de vergonha, ter que mentir para esse homem bonito e intimidador, é aterrorizante.
“Eu lhe asseguro, Sr. Giovanni, que não ouvi nada.”
Os segundos após minhas palavras são tensos e eu posso sentir seu olhar ardente percorrendo todo meu corpo, examinando cada centímetro de mim. Sinto como se estivesse pegando fogo e eu só quero sair daqui. Agora.
“Vou acreditar em você, Srta. Jones.” Ele dá um sorriso diabólico, que derrete minhas entranhas. “Por favor, entre, não tenho muito tempo.”
Dou um aceno e ando para mais dentro da sala. Seu escritório é gigantesco e, como esperado, tem a melhor vista de toda a cidade de Nova York.
Olho para a janela, observando todas as pessoas lá embaixo. Não sei por que, mas me senti tão poderosa.
“Dante me informou que você fala sueco... e italiano.” Olho de volta para o Sr. Giovanni e dou um aceno breve, apesar de estar completamente aterrorizada.
Então, isso significa que ele sabe que, se eu tiver ouvido toda a conversa (o que eu fiz), eu seria capaz de entender tudo.
“Sim, sou fluente em sueco, mas meu italiano está um pouco enferrujado.” Digo, tentando sair dessa situação. “Também falo russo, francês e mandarim.”
Se o Sr. Giovanni ficou impressionado, ele não demonstrou. Seu rosto é inabalável, e seus olhos são frios e impiedosos. Seu cabelo está penteado para trás com elegância, mas ainda tem uma certa ousadia, o que o faz parecer jovem. Ele parece ter uns vinte e poucos anos.
“Impressionante.” É tudo o que ele diz antes de olhar novamente para o relógio.
Se aproximando um pouco mais de mim, ele pega uma pasta em sua mesa e começa a folhear.
“E você é do Brasil” Ele afirma.
Eu confirmo.
Ele está a apenas centímetros de mim, e o forte aroma de seu perfume invade meu nariz.
Respiro fundo tentando pensar em outra coisa e rezo para que ele não perceba. Um pequeno sorriso aparece em seu rosto perfeito, revelando seus dentes brancos e perfeitos.
“Você é uma mulher muito inteligente, Srta. Bueno. Acredito que você será um ativo valioso para minha equipe e nossas relações com outros países.”
“Obrigada.” Digo, aceitando o que espero ser um elogio.
Ele dá mais um passo à frente, me fazendo dar um passo para trás.
“Infelizmente, Dante não escolheu o melhor momento para essa entrevista hoje e eu preciso ir agora, mas você estaria interessada em almoçar comigo, para que possamos discutir com mais detalhes sobre o seu cargo?”
Ele está me oferecendo o emprego?
“Sim, seria ótimo.” Digo, tentando impedir que minha voz trema devido à sua proximidade.
Ele tira algumas folhas de papel da pasta e me entrega.
“Aqui estão alguns documentos para você ler. Vá até minha assistente lá fora, e ela organizará a reunião.”
Dou um aceno e pego os papéis que ele me entrega.
Cada osso do meu corpo está tenso, e eu não consigo parar de lembrar das suas palavras na minha cabeça, sobre a cabeça e matar um homem.
Ele realmente faria algo assim?
Quero dizer, eu já sabia, especialmente na minha família, de que as pessoas fazem coisas assim, mas acho que eu nunca vou me acostumar com isso.
O Sr. Giovanni estende a mão.
“Foi um prazer te conhecer, Srta. Bueno. Espero vê-la no almoço.”
Aperto sua mão que é o dobro da minha.
“Obrigada por tirar um tempo para conversar comigo, Sr. Giovanni.” Digo.
Assim como Dante, ele pega minha mão e pressiona um beijo suave nela. Seus lábios são ásperos, mas o gesto é caloroso, eu fico arrepiada com seu toque.
“Por favor, me chame de Matteo. Acho que, daqui para frente, nos tornaremos bem próximos.” Sua voz grave ri, e ele continua segurando minha mão, me guiando para fora de seu escritório.
Quando saio pela porta, me despeço e continuo pelo corredor. Nesse momento, vejo um homem de terno vindo em minha direção, e em sua mão está uma grande caixa que ele segura de lado.
Tento ignorar todos os pensamentos que surgem em minha mente. Será que a cabeça está ali? Eu estremeço com a ideia.
Tudo está confuso, até que ouço meu nome sendo chamado, e me viro.
“Tenha um bom dia, Srta. Bueno...” Matteo diz. Dou a ele um último sorriso e não escuto as últimas palavras que ele diz, porque são muito baixas.
Mesmo curiosa, não fiquei para descobrir.