Antes de poder recusar, sou conduzida para dentro da boate e sou bombardeada pela música pulsante e luzes piscantes.
O que está acontecendo? Para começar, por que o Sr. Giovanni está aqui? E em segundo lugar, porque diabos esse homem está me esperando?
O homem de terno preto me guia através da multidão de pessoas pulando ao som da música.
Felizmente, essa não é a primeira vez que venho aqui e conheço muito bem o lugar. Como um lagarto, eu me esquivo do homem pela multidão, desaparecendo de sua vista.
Toma essa, Sr. Giovanni, seu esquisitão!
Agora só preciso encontrar a Alice, o que não será tão difícil já que ela sempre fica atrás do balcão.
Passando com cuidado por todos, rapidamente me sento em um dos bancos de frente para o bar de Alice.
“Caraca, como você entrou?” ela grita por cima da música.
Uau, então ela sabia que hoje só estavam deixando entrar as pessoas da lista e não me contou? Que ótima amiga eu tenho.
“Hum, um cara me deixou entrar” digo, escondendo o fato de que era Matteo Giovanni, a grande celebridade que eu nem sabia que era uma celebridade até ver meu rosto em todas as redes sociais.
“Certo, nem vou perguntar” ela diz com um sorriso irônico nos lábios vermelhos.
Alice tem a mesma altura que eu e a mesma idade que eu, mas é muito mais bonita. E não estou dizendo isso só para dizer, eu sei que me visto bem, não sou cega, mas Alice é realmente bonita.
Seu cabelo loiro está preso em um coque bagunçado, com algumas mechas enquadrando seu rosto perfeitamente simétrico. Seus olhos são azuis profundos, como diamantes, e ela tem uma pele pálida. Hoje à noite, ela está usando seu ‘uniforme’, que é um vestido curto e justo azul que realça todos os seus atributos.
“Então, agora que você está aqui, é hora de contar todos os detalhes” seu sorriso continua.
“Alice, não foi nada, sério. Eu estava apenas indo ver um amigo da família e dei de cara com ele a caminho do banheiro” eu digo, omitindo a parte em que ele me ofereceu um emprego.
“Você deu de cara com ele mesmo”
“Cala a boca.”
“Quer beber alguma coisa? Você tá precisando” ela diz. Às vezes ela pode ser bem direta. Acho que é por isso que sou amiga dela.
“Sim, por favor.” Eu observo enquanto Alice começa a preparar um Pinha Colada. Sim, eu sei. Eu sou básica.
Enfiando o guarda-chuva no copo, ela me entrega a bebida, e eu a pego de suas mãos, dando um gole demorado.
Começo a beber quando percebo o homem de terno caminhando na minha direção com olhos que parecem querer me cortar ao meio.
“Vou só ao banheiro” eu digo para Alice enquanto ela serve outro cliente.
Rapidamente, me misturo na multidão de novo e mais uma vez, o homem está fora de vista.
Legal, isso foi fácil.
Dando alguns passos para trás, esbarro de costas numa parede. Mas quando me viro, vejo que não era uma parede e sim, um homem alto e musculoso que poderia me quebrar ao meio a qualquer momento.
“Desculpa” murmuro, prestes a me afastar, mas sua mão me agarra com firmeza de ferro.
“O Sr. Giovanni está esperando por você” o homem resmunga enquanto começa a me arrastar pelo clube. Droga. Eu acho que ele deve ter um olho colado em mim!
“Eu estava prestes a sair” eu digo “Eu não preciso ver o Sr. Giovanni.”
Minhas tentativas de escapar são inúteis, e eu deixo o homem musculoso me arrastar para onde quer que fosse. Comecei a pensar que talvez essa seja a oportunidade perfeita para dizer a ele que não quero mais aceitar sua oferta de emprego.
Logo, estamos subindo escadas por um corredor escuro iluminado por luzes vermelhas que pendem do teto. Passamos por muitas portas até finalmente parar em uma no final do corredor. Eu nunca estive nessa parte do clube antes, deve ser a área VIP.
O homem abre a porta, me empurrando para dentro antes de fechar.
Leva alguns segundos para eu ajustar minha visão à estranha iluminação vermelha dentro do quarto, e quando meus olhos enxergam o que está na minha frente, me arrependo.
O quarto é grande, ocupado por pelo menos vinte pessoas. A maioria delas são homens de terno sentados em cadeiras, assistindo mulheres quase nuas dançarem em postes na frente deles, eu até vejo alguns homens cheirando linhas de pó branco. Não preciso adivinhar o que é isso.
Dando alguns passos para trás, eu bato na porta e me viro apenas para ver que na verdade, não é uma porta. Por que eu continuo fazendo isso?
Levanto os olhos e vejo o olhar frio do Sr. Giovanni me encarando.
“Por que continuamos nos encontrando assim?” ele pergunta, um sorriso perigoso surgindo em seus lábios.
“Bem, eu não diria que isso é um encontro, quando fui literalmente arrastada até aqui por um de seus homens” eu falo entredentes, não me esforçando para esconder a clara irritação em minha voz.
Ele ri.
“Na verdade, é bom que você tenha me trazido aqui, porque eu tenho algo a falar para você. Eu não quero mais trabalhar para você, Sr. Giovanni” eu digo, sem remorso em minhas palavras.
Satisfeita, observo seu sorriso desaparecer rapidamente, sendo substituído por uma expressão carrancuda.
“Eu não disse para me chamar de Matteo?” ele pergunta, apesar de suas perguntas parecerem retóricas.
“Acho melhor mantermos uma relação profissional, não acha, Sr. Giovanni?” eu digo, dando um passo para trás desse homem deslumbrante, antes que eu mude de ideia sobre o emprego.
“Eu não estava perguntando” ele rosna, dando um passo na minha frente.
“O que te faz pensar que vou fazer o que você manda, bonitão?” pergunto, sem demonstrar medo.
Momentos passam enquanto nos encaramos, e finalmente ganho coragem para encerrar essa conversa.
“Bem, se não tem mais nada para falar, vou seguir meu caminho.” Tento passar por ele em direção à porta, mas ele se move bloqueando meu caminho. Olho para o rosto dele e ele me encara como um predador olhando para sua presa.
“Por que você não quer mais o emprego, Mila?” ele pergunta, sua voz tão profunda que quase se mistura com o som da música lá embaixo.
Roí nervosamente meu lábio, um pouco intimidada pela mudança em seu comportamento.
“Eu não quero ser arrastada para o seu mundo de celebridade. Eu vi os artigos, e não quero não ser conhecida como o novo brinquedo de Matteo Giovanni.” Minha voz está amarga.
“A mídia fala, é o que eles fazem. Não deixe que isso interfira com essa oportunidade de emprego, é uma chance única na vida, Mila.” A maneira como ele diz meu nome faz meu interior se contorcer. Meu corpo está traindo minha mente.
“Sr. Giovanni, eu não tenho mais nada para falar com você.”
Seu rosto permanece impassível, inabalável, e por um segundo, sinto como se ele pudesse simplesmente me prender ali mesmo.
“Entendo” ele diz friamente, se afastando da saída.
Não perco tempo e saio, minha cabeça passando ao lado do braço dele. Por pouco, não escuto as palavras que escapam de sua boca. Mas acabo escutando, por mais que desejasse nunca ter ouvido.
“Em breve, você será minha.”