Capítulo 36. Reação de Frankwood

421 Words
O táxi virou a esquina e desapareceu, deixando Oliver sozinho na calçada silenciosa. O vento soprou de leve, mas ele m*l percebeu. Estava estático como se o mundo tivesse ficado suspenso por alguns segundos, preso no impacto suave e devastador daquele beijo. Ele levou a mão até a boca, tocando o lugar exato onde ela o beijara. A pele ainda parecia quente. Quente demais. Oliver piscou, finalmente respirando fundo. Mas o ar entrava estranho, como se o peito estivesse apertado por dentro uma pressão nova, inquietante, longe da frieza controlada que sempre carregara. — Clarice… — murmurou, baixo demais para qualquer um ouvir. Ele não sabia se aquilo era um suspiro, um chamado ou um aviso a si mesmo. Ele estava perdido. Ou começando a estar. Oliver deu alguns passos para trás, voltando a encarar o hospital. Seu hospital. Seu refúgio. O lugar onde tudo era calculável, previsível, onde cada vida dependia de sua precisão. Mas Clarice… Clarice era um caos suave. Um caos que ele queria tocar de novo. Ele passou a mão pelos cabelos grisalhos, nervoso, algo raro para ele. A cena se repetia na mente em fragmentos: • o sorriso dela na despedida • o pedido tímido de abraço • a respiração quente perto de seu pescoço • o beijo inesperado tão rápido quanto uma batida de coração Oliver fechou os olhos por um instante. Aquilo não deveria significar tanto. Mas significava. Ele tentou racionalizar, como sempre fazia: “Foi só gratidão.” “Ela está emocionalmente fragilizada.” “Não representa nada.” Mas seu corpo, seu pulso acelerado, sua pele queimando… contradiziam cada argumento lógico. E então veio a pior parte. A verdade que ele não queria encarar: Ele queria ter segurado Clarice por mais tempo. Queria ter dito alguma coisa. Queria ter respondido ao beijo. — Merda— ele murmurou, esfregando o rosto. Oliver deu alguns passos para frente, como se pudesse correr atrás do táxi, mas parou no mesmo instante. Estava sendo irracional. Perderia ela de vista. E, pior ainda, assustaria Clarice. Então respirou fundo, retomando a postura e o olhar sério… tentando recobrar o controle de si mesmo. Mas não conseguiu. Pela primeira vez em anos, o doutor que salvava vidas com precisão cirúrgica sentiu que a sua própria vida tinha escapado por entre os dedos durante aquele segundo de descuido quando ela o tocou, e ele quis ser tocado de novo. Ao entrar no hospital, sentiu uma certeza sufocante: Ele precisava vê-la de novo. Mas não como médico. E isso o aterrorizava
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