Henry permanecia na sala de espera, um lugar limpo demais, iluminado demais, silencioso demais. Tudo ali incomodava. O ar cheirava a antisséptico e a autoridade de Oliver FrankWood impregnava cada parede.
Mas o que mais lhe corroía era outra coisa:
Clarice estava ali dentro.
Com ele.
Henry cerrava o maxilar, andando de um lado para o outro como uma fera presa.
“É claro que ele faria isso… é claro que ele a envolveria,” pensava, rosnando por dentro. “Sempre se metendo, sempre querendo bancar o salvador.”
O homem respirava fundo, tentando manter a calma, mas a mente fervia.
Clarice tinha olhos bonitos demais, delicados demais, ingênuos demais…
Ela precisava dele.
Dele, Henry, não de um cirurgião arrogante que m*l a conhecia.
E então, ele se aproximou da sala e ele finalmente viu o que já temia.
Clarice conversava com Oliver.
O médico estava perto demais, tocando nela com cuidado, profissional, sim, mas Henry não via profissionalismo algum; via ameaça.Via um rival.
“O que ele acha que está fazendo?” seus pensamentos latejavam.
“Por que ela deixa ele chegar tão perto assim?”
A raiva queimava como brasas acesas no peito.
Henry sentia que tudo o que tinha construído estava escapando por entre seus dedos. Clarice sempre havia sido… dele. Ele sempre dera tudo por ela, sempre a seguiu, sempre a protegeu mesmo quando ela dizia que não queria. Ele só queria o bem dela. Ela não entendia isso.
“Ele está confundindo a cabeça dela… está jogando ela a favor dele.”
“Clarice é impressionável… sempre foi. Ela não consegue ver quando alguém é perigoso.”
A lembrança da briga no campus piscou pela mente dele.
Aquele i****a da faculdade tocando no ombro dela.
Ela sorrindo.
Como se fosse normal.
Ele perdera o controle naquele dia e perderia de novo, sem hesitar, se fosse pelo bem dela.
Quando FrankWood inclinou o rosto mais perto, explicando algo a Clarice, Henry quase deu um passo à frente, mas se conteve. Suas mãos formaram punhos tão fortes que os nós dos dedos ficaram brancos.
“Ele está querendo ela… eu sei.”
“Esses tipos sempre estão. Sempre querem uma garota como ela, mais nova, bonita, frágil. Mas ela é minha. Eu… eu vi primeiro. Eu cuidei dela. Eu estive lá quando ninguém mais esteve.”
O coração batia rápido, pesado, violento.
A voz de Clarice mesmo baixa o atingiu como um golpe. Algo no jeito dela olhar para Oliver o fez perder o fôlego por um segundo.
Não era medo.
Não era distância.
Era… confiança.
E isso o devastou.
A obsessão virou desespero.
O desespero virou raiva.
E a raiva virou certeza.
Ele precisava agir.
Antes que Oliver a roubasse de vez.
Henry respirou fundo, forçou os ombros para trás e murmurou para si mesmo, com um meio-sorriso perturbado:
— Se ele acha que vai tocar no que é meu..está enganado.
E então, saiu, planejando.
Calculando.
Determinando o próximo passo para “resgatar” Clarice…
Mesmo que ela não soubesse ainda que precisava ser salva.