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1834 Words
MENSAGENS Mae - Querida Lis. Onde você está? Lis - Mae, quantas vezes eu tenho que te dizer Lis - você não precisa começar as mensagens com "querida" Mae - Mas é mais especial assim! Como uma carta só pra você. Lis - ? Mae - Vem logo pra casa! Mae - Sua irmã está aqui. Mae - Ela trouxe o Jeremy Mae - você sabe o que isso significa... Mae - FOFOCA FRESQUINHA! Lis - legal...? Lis - chego em breve Mae - Ótimo. Com amor, mamãe. *** Você não pode decidir onde a Bruma ataca. Dirigindo? É melhor encostar rápido ou você causará um engavetamento de cinquenta carros. No trabalho? Bata o ponto e corra para as colinas ou você e seu chefe podem se tornar muito mais que colegas de trabalho. Quando me sentei para jantar, rezei para que ela não me atingisse enquanto estivesse com a minha família - o pior lugar possível, na minha opinião. Enquanto ajudava a por a mesa e servir um prato de lasanha caseira para Selene, olhava para porta traseira, caso tivesse que fazer uma fuga improvisada. Sentei-me para comer com toda a família, que já estava no meio de uma conversa animada. "O que é, Jeremy?" disse minha mãe, acenando com a cabeça para o companheiro de minha irmã. "Você m*l disse uma palavra desde que entrou. Como vai o trabalho?" "Você não tem que responder a isso, conselheiro" disse Selene, disparando um brilho divertido sobre a mãe. "Bem" - Jeremy riu - "se você está pedindo fofoca sobre nossa liderança, Melissa, você sabe que eu não posso divulgar esse tipo de informação." "Nem um aceno de cabeça para confirmar ou negar?" "Mae!" disse Selene. "Ele é o advogado principal da matilha. Seu trabalho é guardar segredos." "Mas..." A mãe suspirou. "Eu não preciso saber de nada confidencial. Só quero os babados. Tipo... é verdade que nosso Alfa e Jocelyn não estão mais juntos e agora ela está namorando seu beta, Josh?" "Mae!", Selene e eu dissemos em uníssono. Jeremy sorriu. "Tenho o direito de permanecer calado." "Ah, mas vocês não tem graça nenhuma mesmo." A mulher agia mais como uma adolescente do que as duas filhas juntas. Mas nós a amávamos mais por isso. Quase sempre. "Você poderia me perguntar sobre o meu trabalho, sabia?" disse Selene. "Eu perguntei, não foi?" ela perguntou com a boca cheia de lasanha. "Tenho certeza que sim." Selene rolou seu olhos. A mãe sempre quis que Selene seguisse um a carreira mais estável. A moda, pensava minha mãe, não era uma profissão, era um hobby. "Num dia está em alta, no outro, em baixa" ela diria. "É assim com as roupas e toda indústria, Selene! Pense a longo prazo." Bem, agora Selene havia conseguido, provando anos de conselhos errados da mãe, e estava trabalhando ativamente em uma das principais empresas de design de moda da cidade. Mas Selene sempre deixou os insultos da mamãe passarem batidos. Em todos os níveis, ela era a versão mais bonita, mais inteligente e mais bem sucedida de mim. Sempre que eu dizia isso em voz alta, o que eu fazia - muitas vezes - a Selene me empurrava suavemente e dizia apenas: "Você ainda é jovem, Lis. De tempo ao tempo." Mas quando se tratava dos meus sonhos, da minha futura carreira como maior artista do mundo, eu nunca tinha sido paciente. Um dia, eu ia abrir minha própria galeria. Um dia, em breve, prometi a mim mesma. Eu não me importava com o que a mãe dizia. Selene havia provado que ela não estava certa sobre tudo. "Não tem problema, mãe." disse Selene, mudando de assunto. "As fofocas são mais interessantes mesmo... Por falar nisso..." Os olhos de Selene piscaram para mim. Eu fiz que não com a cabeça veementemente. Não. Não. "Tem ideia de quem poderia ser seu parceiro para a temporada, Lis?" "Aaaah, sim" disse mamãe, voltando-se para mim. "O que, eu devo dizer, quem está no cardápio este ano?" "Uma loba nunca revela seus segredos" disse eu, bancando a tímida. Por um segundo, minha família realmente parecia que iria deixar pra lá. Eu tinha uma maneira de mudar essa conversa de direção, assumindo o controle, mantendo a atenção em qualquer um, menos em mim. Embora eu fosse o mais jovem, sempre tive essa habilidade autoritária. Mas minha mãe percebeu. "Lá vai ela novamente" disse mamãe, balançando a cabeça. "Nossa pequena dominante sempre nos obriga a nos submeter aos seus caprichos. Anda, Lis. Diga-nos. Tem algum menino?" "Alguns de nós gostamos de manter nossa vida privada, privada, mãe" disse eu. A mãe encolheu os ombros. "Não há nada a esconder. Eu sei que seu pai certamente está ansioso pela Bruma deste ano, não é, querido?" "Estou contando os segundos" disse papai, segurando seu copo de vinho, sorrindo maliciosamente. "Gente, POR FAVOR. Que nojo!" Foi grosseiro, claro. Mas essa não foi a razão pela qual isso me incomodou tanto. Minha mãe sempre havia sido uma criatura sexualmente liberada. Não, o que eu não gostava era da mentira. Quando eu disse que minha virgindade era meu segredo, eu falava sério. Nem mesmo minha mãe sabia. O que era estranho porque sempre fomos tão abertos uns com os outros sobre tudo. Ela nunca me escondeu a verdade. Não sobre como ela conheceu o pai, que era um humano. Não sobre como os dois tiveram sua única filha, Selene. E certamente não sobre como eles me encontraram. Eles não são de fato meus pais biológicos. Fui descoberta em um carro abandonada em frente ao hospital onde minha mãe trabalhava. Não que isso importasse, mamãe sempre tinha dito. Eu estava prestes a mudar de assunto para qualquer coisa, qualquer outra coisa além da Bruma quando algo aconteceu. Eu congelei. Um calor derretido lento e pulsante inflamou-se dentro do meu ser, fazendo meu corpo sentir como se estivesse em chamas. A respiração tornou-se impossível, o suor cobriu cada centímetro da minha pele, e antes que eu pudesse resistir, a costura do meu jeans apertou firmemente na minha virilha. Eu tremia de desejo de forma repentina e insuportável. CACETE. Um arfar forte deixou minha boca antes que eu pudesse pará-lo, e quando abri meus olhos, que eu não conseguia lembrar de fechar, vi que todos na sala de jantar tiveram a mesma reação que eu. Não, não, não. Não aqui. Não com a família A maneira como minha irmã olhou fixamente para Jeremy. A maneira como minha mãe se levantou de seu assento, inclinando-se para meu pai. Eu não podia suportar isso. Corri da sala o mais rápido que meus pés podiam me levar. A cozinha. O corredor. A porta da frente. E na noite fria eu caí de joelhos. A Bruma rastejou pelo meu corpo como uma cobra venenosa, meus m*****s enrijeceram e meu estômago estremeceu, apertado de tanto desejo s****l. Minha garganta estava entupida e eu lutei para respirar, mesmo na noite ventosa, minhas roupas estavam grudando na pele, eu queria me despir. Eu queria as mãos de alguém nos meus s***s, na minha barriga, no meu sexo... Oh, Deus. A Bruma nunca havia sido tão forte. Foi provavelmente um acúmulo de todas as necessidades e frustrações sexuais que reprimi durante as três últimas estações. Eu devia ter esperado isso. É claro que isto ia acontecer. O que eu estava pensando? Eu não estava. E agora eu estava pagando o preço. Olhei atrás de mim, minha casa, o lugar onde normalmente eu encontraria segurança e conforto, mas não nesse momento. De jeito nenhum. Meus pais provavelmente já estavam aproveitando a Bruma ao máximo. A ideia de Selene e Jeremy não foi muito melhor, mas eles agiam mais como pessoas, menos como lobos, respeitando limites, privacidade, normas sociais. Provavelmente conseguiriam voltar ao seu apartamento no centro da cidade antes de finalmente agirem em função do impulso. Eu tirei todos da cabeça e corri para a trilha em direção ao bosque. Passei por humanos, totalmente alheios, cuidando de seus próprios negócios, e alguns lobos que estavam, como eu, na primeira etapa da bruma tentando se orientar, mas é fácil para eles, eles não eram virgens, tinham tido muito sexo durante as estações passadas, eu não. Eu estava perdendo a cabeça. Na entrada da floresta, eu me despi. Eu não me importava se alguém me visse. Eu precisava me transformar. Aqui mesmo. Agora mesmo. Normalmente, eu só me transformava quando gozava das faculdades mentais — não quando a Bruma estava assumindo o controle. Não. Eu não podia mais permanecer nesta forma humana. Fechei os olhos e senti o êxtase da mudança. Normalmente, eu sentia cada pedaço da transformação: os membros se esticando, o corpo crescendo alto, o pelo vermelho, que brotou da minha pele. Cobrindo-me por inteiro. Mas não agora. Agora, eu não senti nada além da bruma. Eu respirei e minha voz saiu como um rosnado. Meus dedos, agora garras pretas como carvão. Através dos olhos de um lobo, tudo era mais agressivo, mais violento. Especialmente agora. Quando a bruma estava só começando. Agora em plena forma de lobo, eu corria para dentro da floresta. O vento frio soprava meu pelo, o chão duro era úmido sobre minhas patas e os odores do bosque enchiam meu focinho. Um uivo ressoava na floresta. Do tipo livre. Do tipo que estava procurando um parceiro. Eu me amaldiçoava interiormente. Na fúria da bruma, tinha me esquecido de pensar nas implicações. Entrar na floresta no início da temporada foi como pedir para t*****r. Estes bosques eram como um bar universitário, cheios de sede e impulsos estúpidos. A qualquer momento, um lobo ia sentir meu cheiro e reconhecer que eu não tinha nenhum apego. Eles iam me perseguir até que eu cedesse. Mais de um, eu tinha certeza disso. Um jogo, um desafio, para quem poderia ganhar a loba sem parceiros, mesmo se meu corpo implorasse para discordar, eu não cederia tão facilmente. Estes lobos poderiam ter o tanto de sexo que quisessem, eu não estava julgando, mas eu estava esperando. Esperando aquele momento, aquele instante, aquele súbito e indescritível olhar de reconhecimento quando duas pessoas fazem contato visual e sabem que são companheiros para a vida. Eu m*l podia esperar para que isso acontecesse. Mas aqui na floresta, no início da bruma? Era improvável, para dizer no mínimo. Tornei-me hiper consciente dos lobos machos, de cada movimento, de cada cheiro. Corri descaradamente, liberando feromônios no ar, atraindo-os para mais perto, e logo soube que eles teriam me encurralado. Cinco deles. Todos lobos machos famintos. Meu corpo gostou. Gostou de mais. Por um segundo, eu me perguntei se este seria o ano. Será que eu finalmente cederia? Será que eu cederia a estes cinco machos, levando-os todos de uma só vez? Será que eu finalmente perderia minha virgindade, ali mesmo, no meio da floresta? Quando a bruma assumiu o controle e todos os meus desejos de esperar pelo meu companheiro começaram a derreter, eu me perguntei: O que me impedia? Honestamente? Era o que eu queria. Ou será que era?
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