01: O Sorriso de Máscara e a Dívida

1408 Words
Meu nome é Sanem Yıldırım. Sou mãe solo. E, até a semana passada, eu era uma mulher honesta. Minha vida era simples, mas tinha a dignidade que eu lutava para manter. Meu filho, o Leo, de sete anos, era o meu mundo. O sorriso dele era o sol que me tirava da escuridão dos boletos, da pressão de ser a única responsável. Eu trabalhava em dois empregos, estudava à noite, e o único luxo que eu tinha era o tempo que passava abraçada com o meu menino. Mas a dignidade não paga dívida de Máfia. Aquele foi o dia que a minha vida virou de ponta-cabeça. Tudo começou com uma ligação anônima e a figura patética do meu ex-marido, o Kemal. Ele não era só um pai ausente; era um buraco n***o de irresponsabilidade e dívida. O Kemal tinha sumido há meses, e eu pensei que tinha me livrado dele. Que ingênua. Ele não só reapareceu, mas me deixou a herança mais perigosa que um ex pode deixar: três milhões devidos à pior célula da máfia que atua em nova Iorque Eles me ligaram na hora do almoço. Eu estava na cozinha, esquentando a marmita. Número Desconhecido. "Alô?" atendi, com a voz cansada. "Sanem Yıldırım" a voz masculina era grossa, sem sotaque, fria como gelo. "Temos uma mensagem do Kemal. Ele perdeu o prazo. E você é a garantia." Meu coração parou. O medo veio como um tsunami. Senti o pânico subir pela garganta; a vontade era gritar e fugir, mas eu tinha que proteger o Leo. "Eu não tenho nada a ver com as dívidas dele. Somos divorciados." "A máfia não reconhece divórcio, senhora Yıldırım. Reconhecemos garantia. E a sua garantia tem sete anos e está na escola da Vila Mariana." Eu gelei. Foi um acesso de fúria tão grande que me deixou sem ar e à beira das lágrimas "O que vocês querem?!" "O Kemal deve três milhões. Queremos o dinheiro. Mas se você não tem dinheiro, vai nos dar algo que vale mais. Vai nos entregar o Projeto X." "Que projeto? Eu não sei do que vocês estão falando!" "Você sabe. Vai se infiltrar na Karaman Global. Vai ser a secretária pessoal do Efe Karaman. Vai seduzi-lo, hackear o sistema dele e roubar o arquivo Projeto X. Se fizer isso, a dívida está quitada. Seu filho vive. Se falhar ou trair… o Leo e a sua mãe Leyla terão um acidente." eu não tive alternativa, naquele segundo eu me tornei criminosa. Não por escolha. Por sobrevivência. «Karaman Global - O Império do Arrogante» Dois dias depois eu estava na fila da entrevista na Karaman Global. O prédio era um monstro de vidro e aço, gritando poder em cada reflexo. O cheiro de mármore caro e perfume de gente rica me embrulhou o estômago. Meu melhor traje parecia trapo perto dos outros candidatos. Consegui a entrevista sem esforço. A máfia tinha limpado meu passado, forjado currículo impecável e me entregado as respostas certas. Eu estava na antessala do escritório do CEO. (Monólogo Interno de Sanem) { Você é forte, Sanem. Faz isso pelo Leo. Olha essa bolsa barata e lembra do sorriso dele. O Efe Karaman é o alvo. Ele é o bilionário arrogante que não se importa com ninguém. Você vai seduzi-lo se precisar, vai mentir com o sorriso mais doce e vai pegar o Projeto X. A vergonha é o preço da liberdade. } A porta enorme chique abriu A secretária, com aquela cara de quem não sente nada, chamou meu nome "A senhora Yıldırım. O senhor Karaman a espera." Respirei fundo e liguei o sorriso de máscara. Meu escudo. Entrei. O escritório não era escritório; era templo. Paredes de vidro, nova Iorque inteira aos pés dele. E lá estava ele. Efe Karaman. Mais alto e mais perigoso do que qualquer foto de revistas. Corpo de atleta sob o terno perfeito, cabelo escuro levemente bagunçado, mas os olhos… castanhos quase pretos, cortantes, que pareciam ler minha alma e me julgar ao mesmo tempo. Uma frieza cínica que me acertou no peito. Ele estava encostado na mesa de mármore, mãos nos bolsos, sem se dar ao trabalho de se levantar. "Sente-se, senhora Yıldırım" a voz grave, rouca, cheia de tédio. "Obrigada, senhor Karaman" respondi, mantendo o sorriso firme. Ele pegou meu documento e jogou na mesa como se fosse lixo. "Seu currículo é impressionante, senhora Yıldırım" disse com sarcasmo que me queimou por dentro. "Mas currículos são fáceis de forjar. Eu não me importo com experiência. Me importo com lealdade." "Minha lealdade é inquestionável, senhor Karaman." "Duvido. Você é mãe solo. Isso significa que tem prioridades. E eu não sou sua prioridade. Eu sou seu chefe. Exijo dedicação total." "Meu filho é minha prioridade, sim. Mas ele é exatamente o motivo da minha determinação. O senhor terá excelência." Ele deu uma risada seca, sem humor. "Excelência. Palavras bonitas. Preciso de alguém que seja extensão da minha mente. Alguém sem vida pessoal, sem cansaço e sem medo de sujar as mãos." "Eu não tenho medo de sujar as mãos por você, senhor Karaman" menti com a voz firme. Ele finalmente me encarou de verdade. Nossos olhares colidiram e… algo aconteceu. Uma faísca elétrica, proibida, indesejada. Meu sorriso vacilou um segundo. Odeiei sentir aquilo. "Você está mentindo agora, Sanem" disse baixo, quase possessivo. "Eu vejo o medo atrás dessa máscara de sorriso. O que te assusta de verdade?" "Meu maior medo é não conseguir sustentar meu filho" respondi. Era a única verdade que eu podia dar. Ele se aproximou, me analisando de cima a baixo como se eu fosse mercadoria. "Salário inicial: 50 mil dólares. Ridículo para secretária executiva, mas estou pagando pelo seu tempo… e pela ausência de moral. Aceita?" 50 mil. Mais do que eu ganhava em um ano inteiro. "Aceito, senhor Karaman. E minha moral não está à venda." Ele sorriu um sorriso c***l, lindo e insuportável. "Toda moral tem preço, Sanem. O seu preço é a segurança do seu filho. Comece amanhã, seis da manhã. Você será minha secretária, minha sombra e, se eu quiser, minha escrava pessoal." "Eu não sou escrava de ninguém" rebati, a voz tremendo de raiva. "Veremos" ele disse, o som rouco me causando arrepios que eu odiei sentir. "Contratada. Pode sair." Levantei com as pernas bambas, raiva e determinação misturadas. Eu ia destruir esse homem por dentro. «A Primeira Ordem da Máfia» Saí do prédio com o crachá novo balançando no pescoço e a alma pesada. m*l entrei no meu carro velho, o celular tocou. Número Desconhecido. "Alô?" "Parabéns, Sanem" a voz gelada do Yusuf. "Você está dentro." "O que faço agora?" "Amanhã ele te dará acesso limitado ao sistema. Você vai ignorar. Use o malware que enviamos pro seu e-mail e clone as credenciais dele. Sem o acesso master, nunca achará o Projeto X." "Isso é loucura! Posso ser pega no primeiro dia!" "Se não fizer, seu filho morre. Se fizer e for pega, vocês dois morrem. Escolha." Olhei para o volante. A raiva me inundou como lava. "Eu faço." "Ótima garota. E mais uma coisa… o Efe Karaman tem trauma com máfia. Matamos a mãe dele há quinze anos" "Use isso. Use o ódio dele. Finja ser o porto seguro dele. Mas nunca esqueça: você é nossa." Desligou. Fiquei ali, imóvel, o celular ainda colado na orelha por segundos que pareceram eternos. Uma náusea forte subiu pela garganta. Apertei o volante até os nós dos dedos ficarem brancos. A mãe dele… morta pelas mesmas pessoas que agora ameaçavam o meu filho e minha mãe como refém. Eu odiava Efe Karaman cinco minutos atrás. Agora, de repente, sentia um aperto no peito que não era ódio. Era culpa. Uma culpa suja, pesada, que eu não pedi para carregar. Respirei fundo, engolindo o choro que ameaçava escapar. "Desculpa…" murmurei para o vazio do carro, como se ele pudesse me ouvir. "Desculpa por fazer parte disso." Mas desculpas não vai salvar a minha família Então engoli a culpa junto com as lágrimas Fiquei ali, sozinha no estacionamento, com o crachá da Karaman Global no colo e o malware no celular. Eu era a secretária do homem mais arrogante e perigoso de Nova Iorque. Era a hacker forçada Era a traidora silenciosa. E se, para salvar meu filho, eu tivesse que usar o trauma dele, seduzir, trair e destruir o d***o em pessoa… que assim fosse O jogo de mentiras, desejo proibido e vingança tinha começado.
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