Hariel estava sentado na escada da varanda, com o pé descalço encostando na terra morna e um pedaço de melancia equilibrado numa mão. O sítio seguia naquele ritmo preguiçoso de fim de manhã: crianças correndo atrás de galinha, Luna tirando foto de planta, e Treva dando instrução pra ninguém seguir. Aurora apareceu na porta com a lista na mão, o cabelo preso num coque improvisado e a cara de quem não aceitava "não" como resposta. — Hariel. — A voz veio firme. — Cê pode dar um pulo na cidade rapidinho? Ele olhou pra cima, mastigando devagar. — O que que falta? — Leite, fósforo, vela, farinha, esponja, sabão... — Ela levantou a lista, e ele riu. — "Rapidinho", né? — Para de graça e vai logo. A cidade é logo ali. Pega o carro do seu pai, ele deixou a chave em cima da geladeira. — Hariel

