Capítulo 18

1438 Words
Lucas Narrando Mano… morar sozinho é um bagulho doido, no começo eu achei que ia ser tipo liberdade total, viver minha vida, sem ninguém batendo na porta do quarto falando “Lucas, acorda, tu tem compromisso”, Agora? Acordo na hora que eu quero, como o que eu quiser, ninguém fica fiscalizando minha roupa, meu cabelo, meu rolê. É estranho, mas é bom… sinto que tô respirando de verdade, só que também bate um silêncio que eu nunca ouvi na vida, antes minha mãe vivia rondando, perguntando coisa, enchendo o saco… agora não tem ninguém, é só eu, esse quarto pequeno e um monte de ideia rodando na cabeça. E aí, justo hoje que eu tava aqui de boa, tentando fingir que a vida tá tranquila… o Gabriel queria que eu fosse com ele em uma tal "missão" Tava deitado vendo uns apartamento, mais não achei nem um ainda, fiquei vendo as mensagem das meninas no grupo e só rir das palhaçada delas, do nada uma ligação, número desconhecido, atendi meio sem paciência. 📱 Ligação Victor : Fala, mano, e o Victor. Lucas : Eai, mano, o que foi? Victor : Preciso de ti aqui no morro. Lucas : Agora? — Franzi a testa. Victor : Larissa quer você aqui, no máximo em duas horas. Meu coração travou na hora, Larissa, a dona daquela p***a toda, a mulher que me desmontou com um olhar. Engoli seco. Lucas : Pow logo agora. Victor : Animal, ela pediu, e quando ela pede, você sabe que tem que vim rápido — Respirei fundo — Traz roupa playboy. Lucas : Tá, tô indo. 📱 Ligação off Desliguei o celular e fiquei olhando pra parede por uns segundos, tentando entender onde foi que eu me enfiei. Respirei fundo. Lucas : É isso, Lucas… bem-vindo ao mundo que tua mãe sempre tentou te segurar longe. Fui até o quarto, tomei um banho, coloquei a roupa na bolsa, mesmo sem entender o porquê, peguei a chave, coloquei o capuz na cabeça e sair de casa, sem pensar muito, porque se eu pensar demais… não vou. [...] Cheguei no morro com o coração martelando como se quisesse sair pela boca, parei na barreira e os caras já me olharam torto. X : E aí, cria… vai pra onde? — Um deles perguntou, mão no fuzil, aquela cara de poucos amigos. Lucas : Victor mandou chamar — Respondi rápido. X : E o playboy que o Victor falou — O cara olhou pro outro, fez um sinal com a cabeça. Lucas : Pode subir, vai direto pra boca. Concordei e liguei o carro, fui subindo, tentando parecer normal, mas minhas pernas tavam bamba, o morro sempre me pareceu outro planeta… mas hoje tinha um clima mais pesado, tipo quando tá pra cair temporal. Cheguei na boca e entrei, fui até a sala dela, e lá estava ela, Larissa, sentada, postura firme, ombro pra trás, expressão travada, nem piscava, parecia que o mundo inteiro tava pagando uma dívida enorme pra ela… e ela pronta pra cobrar. Lucas : Oi — Falei sério com os meninos e encarei ela, raiva pura no olhar, não bagunça, não lágrima, não fragilidade, só um fogo frio, de quem mandava naquele território inteiro com a respiração, de longe, só de ver, eu senti a espinha retorcer, Victor encostou do meu lado. Victor : Hoje não é dia de brincar com ela, hein, fica esperto — Eu engoli seco, ela levantou o olhar devagar… e bateu direto no meu de novo, me atravessou como se conseguisse ler tudo que eu tava pensando. E p**a merda… mesmo com aquela raiva toda, mesmo com aquela aura de perigo… ela ainda era a mulher mais linda que eu já vi nessa vida. Meu estômago virou ao avesso, ela não disse nada, só encarou, como se estivesse decidindo se me usava… ou se me dispensava, e eu ali, parado, fingindo coragem que eu não tinha. Lucas : Que merda eu tô fazendo nesse lugar… e por que caralhos eu não consigo tirar essa mulher da cabeça — Pensei, esse pensamento ecoou forte na minha mente enquanto eu esperava ela me chamar, ou me destruir com mais um olhar. Ela deu um passo pra frente, o salto batendo no chão da sala como se marcasse território, o clima pesou mais ainda. Larissa : Lucas — chamou sem levantar muito a voz, mas deu pra sentir o comando atravessar a sala inteira, eu me aproximei devagar, tentando não parecer muito perdido… falhando miseravelmente, Larissa cruzou os braços, desviou o olhar pro mapa da mesa, depois voltou os olhos pra mim — E o seguinte — A voz dela veio seca, sem rodeio — A mercadoria tá chegando hoje, precisamos deixa tudo pronto pra mais tarde, vamos rouba essa p***a e preciso de você pronto — Ela respirou fundo, mas não era nervoso, era irritação, dava pra ver no maxilar travado — O Guilherme tá no hospital, e um homem a menos, então você vai abrir o negócio lá, e vai ajuda nós a coloca a mercadoria no nosso caminhão — Eu engoli em seco. Lucas : Eu? — Ela levantou uma sobrancelha, tipo “tá debochando da minha cara?”. Larissa : É, você — Depois aproximou um pouco, quase no meu rosto, e continuou — Você vai dirigir pra mim, entrar, sair, não falar nada, não olhar pra ninguém, só fazer o que eu mandar, entendeu? — Assenti rápido. Lucas : Entendi — Logico que eu não entendi p***a nenhuma, ela deu um leve sorriso… daqueles que não chegam nos olhos. Larissa : Entendeu nada, mas vai aprender na marra — Ela virou as costas, pegou a arma da mesa, checou o carregador como se fosse rotina de manhã cedo — E outra coisa, Lucas — Ela olhou por cima do ombro, o olhar duro, mas tinha alguma coisa ali escondida, uma fagulhinha, talvez — Se tu travar, eu te deixo pra trás, aqui não tem espaço pra gente frouxa, meu dia já tá uma merda, então não tenta meu limite — Eu assenti de novo, tentando parecer mais firme do que eu tava por dentro, Larissa respirou fundo, puxou o cabelo pra trás — Tu vai desce comigo, nao quero erro de nenhum de vocês — E saiu andando, sem esperar resposta, e os meninos foram atrás, e eu fui atrás…meio apavorado, meio fascinado, completamente ferrado. [...] A madrugada tava gelada, daquele jeito que o vento parece cortar a pele, a sala tava cheia, luz baixa, Larissa tava repassado o plano, e eu ali, de pé escutado tudo, enquanto a Larissa tava ali com aquela postura de quem manda até no silêncio, ela parou na minha frente, me encarou, respirou fundo. Larissa : Presta atenção, esse é o plano — A voz dela veio firme, sem espaço pra dúvida — A carga vai passar pelo túnel às duas e dez, a gente vai interceptar na saída velha, que ninguém usa, tu vai dirigir — Aprontou pra um vapor, apontou Rápido, sem questionar, ela se aproximou de mim, quase encostando o dedo no meu peito — Se ouvir tiro, continua, se ouvir grito, continua, se alguém bater de frente, ignora, tu só para quando eu mandar, entendeu? — Eu assenti, ela manteve o olhar preso no meu, como se estivesse testando minha alma. Lucas : Beleza — Ela virou pro lado e encarou os outros — Eu vou tá no banco de trás, o Vitin vai na frente contigo, ele te avisa a hora de virar, de acelerar, de não ser burro — Victor se aproximou dela, arma na cintura. Victor : Tudo pronto — Ela nem respondeu, só fez um sinal de cabeça e voltou pra mim. Larissa : Lucas, tu não nasceu pra essa vida, e eu sei disso — Um segundo de silêncio pesado — Mas hoje… preciso que tu aja como se tivesse, pelo menos até essa p***a acabar — O coração bateu mais forte, mas eu só concordei com a cabeça — Ótimo — Ela colocou a arma na cintura — Agora vamo, nada de frescura, a madrugada é nossa ou de ninguém. Nós saimos da sala, o morro tava quieto demais, aquele silêncio que dá medo, os carros preto tava parado na rua de baixo, motor já ligado, Larissa abriu a porta, entrou primeiro, postura de rainha até pra sentar. Larissa : Se liga, playboy — Disse ela, sem olhar — Nao quero erro nessa p***a. E naquele instante, com a madrugada respirando frio ao nosso redor, deu pra sentir, ou tudo ia dar certo… ou a gente não voltava igual.
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