Capítulo 6

1849 Words
Narração Nicholas Acordei e logo percebi que estava no sofá. Vejo Clara sentada com a cabeça encostada no sofá. Sorrio, ela estava completamente adormecida. Me levantei de seu colo e observei melhor. Seus cabelos estavam bagunçados, ela dormia calmamente. Eu a peguei no colo e a levei para o quarto de hóspedes. Coloquei a na cama e fui para a cozinha. Encontrei meu celular repousado em cima da bancada, no mesmo lugar que coloquei assim que cheguei em casa bêbado ontem. Assim que a tela foi desbloqueada vejo várias mensagens, muitas de alguns amigos me chamando pra sair hoje, de umas garotas e então uma do meu pai. "Filho parece que vamos ficar por mais um tempinho aqui, chegaremos em casa por volta das 2 da tarde, se cuide." Larguei meu celular no mesmo lugar e fui fazer algo para o café da manhã pra mim e pra ruivinha. Depois de alguns minutos ouvi passos vindo para a cozinha. Me virei e lá estava Clara. Ela boceja quando me ver. Clara: _ Bom dia, Nicholas. Nicholas: _ Boa tarde, dorminhoca. Preparei o café, se bem que tá quase na hora do almoço. Ela sorriu e bocejou novamente. Nicholas: _ Dormiu bem? Clara: _ Dormir sim, na verdade foi engraçado fazia tempo que não dormia no sofá e acordava em um quarto. Eu achei nostálgico. Rio. Nicholas: _ Deve ter sido interessante mesmo. Vamos comer o café da manhã? Clara: _ Sim, mas vou deixar claro que o café da manhã é a refeição mais importante do dia e levo a sério isso. Nicholas: _ Mas normalmente as garotas comem pouco de manhã. Clara: _ Sou diferentes das garotas que você está acostumado. Eu me alimento muito bem, obrigada. Solto uma risada, ela estava certa, Clara era muito diferente das garotas que eu estava acostumado a ter por perto. Mas isso não era r**m. Sentamos e comemos, mas logo depois do café a Clara foi apressadamente para casa. Eu fiquei a tarde inteira jogando vídeo game na sala. Estava bem tranquilo, normalmente eu ficava pior nesses dias de luto pelo Gabe. Por volta das 14:30hrs meus pais chegaram e pareciam bem curiosos por me verem de bom humor. Eu consegui os encarar bem, sem me encolher por culpa, sabia que nunca ia poder reparar o m*l que eu causei, mas as palavras da Clara me ajudaram, foi um acidente eu nunca quis que aquilo acontecesse. Tenho que conviver com as consequências, mas não posso mais me culpar sempre por isso, preciso me perdoar, e mais que tudo preciso que meus pais me perdoem. Firmei meus olhos nos deles e meus pais sorriram pra mim, e eu ali percebi que não havia raiva, julgamento ou rancor, acho que eu era o que mais me culpava ali. ... Narração Clara Dias depois ... Ouço o som do toque do meu celular, mas não queria levantar. Me despreguiço, desligo o celular e me aconchego na cama novamente. O sono estava bom. Espera... Eu já não tinha desligado o despertador antes???? DE NOVO NÃO! Me levanto no susto, pego meu celular e vejo a hora. Como suspeitava atrasada de novo. Clara: _ m***a! Dessa vez eu ultrapassei o limite do atraso, corri para o banheiro e tomei um banho muito rápido. Coloquei uma calça rasgada jeans clara, um cropped de "um ombro só" branco e um tênis branco um pouco altinho, penteei meus cabelos e nem tive tempo de fazer maquiagem, coloquei um óculos escuros e sai correndo para a faculdade. Adoraria pegar um ônibus, mas não podia dar o luxo de esperar no ponto, dei passos acelerados. Precisava chegar lá rápido, não podia dar ao luxo de não poder entrar na sala. Eu e Kelly estávamos entrando no período de avaliações, estávamos abarrotadas de trabalhos da faculdade para fazer. Mas parece que a faculdade toda está assim, Melanie estava nos contando que tinha que montar uma coleção inteira de roupas tropicais em uma semana, mas ela estava amando esse trabalho. j**k quase não o vejo, ele está direto na biblioteca, ou em algum outro lugar com a cara nos livros. Ele tem 4 provas essa semana, o pessoal do design gráfico começou cedo a sofrer. Nicholas passa rapidamente pela minha mente, mas logo eu o afasto. Não falo com ele desde que fui em sua casa. Chego na sala raspando no tempo de tolerância, o professor levantou uma das sobrancelhas quando me viu, eu corri e me sentei no meu lugar, ainda recuperava o meu ar quando percebi que as pessoas estavam com uma folha na mão. PROVA SURPRESA? Ah não... ... Sai da sala sem forças, era como se minhas energias fossem sugadas por aquele pedaço de papel. Essa prova segundo o professor era para vermos o nosso desempenho e temos uma ideia de como será a prova de verdade, e se ele queria me assustar conseguiu, porque se essa não é prova de verdade, não quero nem ver a verdadeira. Fiquei andando pelo corredor, Kelly e Marie ainda estavam fazendo a prova. Senti um frio no estômago acompanhando de uma sensação r**m, tento afastar esse pensamento e vou andando em direção ao refeitório. Meu celular toca e não reconheço o número. Clara: _ Alô? _ Alô Clara??? Clara: _ Sim sou eu quem está falando? Jane: _ É a Jane do orfanato! Clara: _ Ah oi Jane! Aconteceu alguma coisa ai? Jane: _ Sim Clara.. aconteceu... Meu coração da uma gelada e eu começo a ficar nervosa. Clara: _ O que aconteceu? Jane: _ Clara, a Luara passou m*l, estamos no hospital com ela. Mas ela quer te ver... Clara: _ COMO ASSIM PASSOU m*l? O QUE ELA TEM? COMO ELA ESTÁ? Jane: _ Calma Clara. Não fique muito nervosa, mas a situação dela é um pouco grave, você poderia vim aqui conversar com ela, ela quer te ver. A palavra "grave" ficou repetindo no meu subconsciente. E a voz de Jane estava tensa. Clara: _ Estou indo agora mesmo! Jane: _ Obrigada Clara, a Luara vai gostar da sua companhia. (Ligação off) Só quando desliguei o celular reparei em uma lágrima que tinha escorrido no meu rosto. Eu mesma me surpreendi, eu não era o tipo de pessoa que chorava, não mais. Mas dentro do meu peito tinha uma angústia muito grande, uma sensação horrorosa e meus olhos queriam chorar. Prendi todas as lágrimas e sai correndo pelo corredor com meus olhos ardendo. Luara era a irmãzinha que eu nunca tive, meus pais iriam adota-la antes de morrerem, mesmo eles não tendo assinado os papéis, pra mim ela é da família. E sou eu a que deveria protegê-la. Corri até esbarrar com alguém, estava tão distraída que cair no chão com o choque. Clara: _ Aaahh! Nicholas: _ EI! CUIDADO COM.... Clara?! Não olhei para cima para encara-lo, todas as forças que estava fazendo para não chorar evaporaram no ar e lágrimas começaram a jorrar dos meus olhos. Nicholas: _ Clara o que aconteceu? O Nicholas se abaixou ficando ao meu lado. Estava irritada comigo mesmo por estar chorando. Eu não chorava, porque estava naquele momento? Clara: _ A Lu, ela... ela... Não conseguia falar, estava com uma sensação h******l em meu peito, acabei abraçando-o por impulso, e quando o fiz comecei a chorar ainda mais. O que tem de errado comigo hoje? Nicholas: _ Calma, calma. Tudo vai ficar bem! Ele me abraçou forte, me segurando firme em seus braços, respirei fundo nos braços dele e então me desfiz do abraço e levantei. Enxuguei minhas lágrimas, tinha que ir logo para o hospital. Me recompus. Clara: _ Eu tenho que ir! Nicholas: _ Para onde você está indo? O que aconteceu, Clara? Ignorei suas perguntas e tentei passar por ele, mas o mesmo me segurou. Nicholas: _ O que aconteceu Clara? Ele volta a perguntar agora segundo os meus ombros e olhando para os meus olhos. Clara: _ Eu não sei, Nicholas! A Luara está no hospital e parece que é grave, e eu... Eu estou com uma sensação h******l, preciso estar perto dela. Nicholas: _ Vem, eu te levo! Clara: _ Não preciso que você me leve! Ele me ignorou e me levou até o estacionamento, estava sem forças para bancar a orgulhosa então entramos em seu carro. Eu me sentei e fiquei calada encarando a janela. Tentava acalmar a minha mente. Nicholas: _ É em qual? Saio dos meus pensamentos e o encaro. Clara: _ Ham? Nicholas: _ O hospital, é qual hospital? Clara: _ Tem dois? Eu pergunto e ele me encara pasmo. Nicholas: _ Tem TRÊS! Clara: _ TRÊS?? Nicholas:_ Você não sabe disso? Eu: _ Eu fiquei 3 anos fora, não me lembro da quantidade de hospitais que a cidade tem. Nicholas: _ Você perguntou o nome? Clara: _ É... não. Ele bufa. Nicholas: _ Você só pode está brincando, para sua sorte eu acho que o orfanato usa o hospital do centro. Vamos direto pra lá. Clara: _ Ok, obrigada. Chegamos no hospital, desci do carro correndo antes mesmo dele estacionar e entrei perguntando por Luara, e pra minha felicidade estava no lugar certo. Uma enfermeira me levou a um corredor e eu vi a Jane a diretora do orfanato, corri e abracei-a! Clara: _ Jane!!! Como ela tá? O que houve? Jane: _ Clara... Ela começa a falar e o Nicholas entra correndo, havia ficado para trás desde o carro. Ele chega perto de nós duas ofegante. Jane: _ Bom como estava dizendo eu preciso falar com vocês sobre algo... A Luara tem uma doença que é bem séria. Clara: _ Que doença? Minha voz falhou e Nicholas colocou a mão no meu ombro. A sensação r**m de antes volta. Jane: _ Clara, a Luara tem câncer no sangue. Começo a rir de nervoso. Clara:_ Não. hahahahah, isso não é possível. NÃO É POSSÍVEL! Nicholas: _ Clara... Nicholas tenta se aproximar de mim, mas eu me afasto dos dois. Isso n******e ser verdade. Minhas pernas vacilam e eu caio de joelhos no chão. Sinto novamente as indesejadas lágrimas rolarem pelo meu rosto. Nicholas se abaixa e tenta me consolar. Mas eu não queria consolo, o empurrei. Jane: _ Clara eu sei que essa notícia é difícil pra você... Clara: _ Por favor, Jane, cala a boca! Falo grosseiramente e saio de perto deles e corri até o banheiro. Me tranquei lá, só então percebi minhas mãos trêmulas, precisava me acalmar. Tentava entender o que estava acontecendo. A minha irmãzinha tinha câncer. n******e ser, Luara é apenas uma criança. Isso n******e está acontecendo. Novamente as lágrimas começaram a descer, mas dessa vez como uma cascata e eu não fazia o menor esforço para conte-las, aquela sensação r**m junto com medo começa a crescer no meu peito. Fazia tempo que não chorava do jeito que estava chorando hoje. Não, por favor a Luara não. Eu já perdi gente de mais, não posso perder a Luara também. Ela também não! Ela é tão pequena, isso é tão c***l com ela. Finalmente depois de chorar e desabafar um pouco, lavei o rosto e fui me encontrar com eles novamente, quando cheguei lá vi o Nicholas que estava andando rápido de um lado para o outro no corredor e a Dona Jane estava conversando com uma enfermeira. Clara: _ O que aconteceu? Os dois me olharam nervosos. _ Ela acordou!! _ Eles disseram juntos.
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