Noite fria e adrenalina a mil. Respirei fundo, mais uma vez, esperando o menor dá o sinal. Não é a primeira vez, mas sempre parece ser.
Zinho: Um... Dois... - Contou olhando pro relógio. Abaixei a touca ninja e comecei a minha oração. Pai nosso que estais no céu... - Três! Vamo, vamo, p***a!
O carro forte surgiu em nossa direção, sorri ao ver que o horário bateu certo. Agora vai começar a festa, e que Deus esteja conosco.
Saltei do carro engatilhando o fuzil, corremos em direção a pista e o carro forte parou aos poucos.
Lico: Desce todo mundo sem fazer gracinha! Se quiser trocação vai ter, nós ta pesadão, c*****o! - o motorista do carro forte levantou os braços e o carona apareceu pegar algo abaixo do banco - Eu falei sem gracinha, p***a!!! Não tenho medo algum de usar essa p***a aqui! Tira a m***a do cinto e sai do carro - Gritei mais alto do que das primeiras vezes. Já tava ficando puto - Abre a p***a dessa porta, c*****o!!
Escutei o barulho de tiro e era um dos seguranças do carro forte saindo de dentro do mesmo, destravei o fuzil e atirei.
O cara se jogou no chão mas não parou de atirar. Zinho surgiu do meu lado e atirou na cabeça do segurança. Que filho da p**a, mané.
Corri pra dentro do carro forte. O carona estava algemado e uma das bolsas de dinheiro, ri olhando pra ele.
Lico: Sério que cê tá querendo bancar de herói hoje? Tá de s*******m, pensa comigo, lerdão! - Coloquei o dedo indicador na testa - Você morrendo não faz diferença pra mim, mas pra alguém vai fazer. Eu morrendo não faz diferença pra mim, mas pros amigos ali fora - ri - vai fazer. Então você vai sair morto daqui de qualquer maneira se não colaborar comigo!
Robinho: Só mais um minuto, anda logo! - gritou do lado de fora.
Lico: Acho que você prefere morrer como herói do que como vilão? Mas tranquilo parceiro, isso te faz ser um covarde na real, prefere que alguém chore por você do que encarrar a responsa do bagulho - Atirei em seu braço na direção da algema. Ele gritou de dor e começou a me xingar. Puxei a bolsa enquanto o MK recolhia o restante.
Começou os barulhos de sirene, comecei a soar frio.
MK: ANDA! ANDA!
O filho da p**a tinha apertado o alarme. Atirei novamente na direção dele, mas agora pra m***r.
Lico: Arrombado do c*****o - Sai de dentro do carro forte e joguei as bolsas dentro da picape que estávamos.
O Rato acelerou o carro e saímos cantando pneu dali. Fiquei olhando pelo retrovisor me certificando que nenhuma viatura estava na nossa cola.
Viramos uma das esquinas em alta velocidade e os barulhos de sirenes voltaram. Aquele barulho pneus derrapando, sirene e tiros era quase um música pra mim.
Sei lá, sabe quando você se sente feliz quando percebe que ta tudo um caos? Eu me sentia assim, me sentia num desses filmes de ação.
Coloquei metade do meu corpo para fora do carro pela janela e atirei em direção a viatura.
MK apareceu na janela de trás do outro lado fazendo o mesmo que o meu.
MK: Falta quanto pra gente chegar, p***a?
Rato: Uns cinco minutos no máximo.
Lico: É melhor despistar os caras senão vamos trazer problemas pra comunidade. E eu não to querendo BOPE infurnado por lá não!
Ele virou mais uma das ruas saindo na Avenida Brasil. A troca de tiros não parava um minuto e apareciam mais viaturas. Tirei meu tronco da janela voltando pra dentro do carro e recarreguei a arma.
Comecei a maquinar uma maneira da gente se safar dessa, ao longo da Brasil tem varias comunidades. Algumas são fechadonas na hierarquia, outras sao de outra facção. Se nós jogasse pra uma das nossas ia rolar problema de qualquer maneira e nós seria cobradão, e com razão. Longe de mim trazer problema pro movimento e pra comunidade.
Tinha duas coisas que poderiam ser feitas. Abandonar o carro e ir pelo matagal da FioCruz ou dá uma de doido e sair da brasil e invadindo com tudo a linha do trem.
Zinho: c*****o, vamo, vamo, p***a! Vamo dá pra trás com esses cuzao não. Vou trocar pra c*****o e não vou largar a missão.
Rato: Se eu for mais rápido que isso essa p***a vai bater e vamos morrer de qualquer jeito, c*****o. Se emociona não.
Lico: Joga essa p***a pro valão - Geral me olhou assustadão - Anda, p***a! Vão arregar! Fico fodido, se pá a sete palmos mas no privado não fico.
Rato respirou fundão pensando se faria ou não, e eu comecei a explicar o que aconteceria ao gritos. Era simples, reduzia, jogava pro valão por não ser fundo e nem muito alto, a gente ia tomar um impacto só pela queda. Os cana ia ficar logo assustadão e nós ia correr em direção ao matagal. Eles não iam saber pra qual favela fomos e se tivesse que brotar, eles iriam ter que escolher uma o que é arriscado pra c*****o.
MK começou a orar alto. Rato ria de nervoso mas fez o que tinha que ser feito. Até por que, não tinha outra escolha!
O carro batendo com tudo e subindo a mureta fez nosso corpo se projetar pra frente. Geral com o cinto segurando pra c*****o pra não ser arremessado.
Nessa hora repensei se a minha ideia realmente fosse valer a pena enquanto tudo passava aos meus olhos em câmera lenta.
Mais um impacto forte, mas agora era do carro batendo contra a água. Minha cabeça bateu com tudo na janela, senti o sangue escorrer na mesma hora, entrei em pânico olhando pra trás agitadão pra ver se geral tava bem.
Lico: Bora geral, agiliza ai.
Tirei o cinto na maior correria, geral fez o mesmo. Cada um pegou duas sacolas de dinheiro e saíram a milhão do carro em direção ao matagal em volta.
Puxei a mangueira do combustível e cortei. Me afastei o máximo que podia do carro e me certificando que os moleques já estavam distantes dali, olhei pro alto da ponte vendo as viaturas começarem a estacionar, corri em direção ao matagal e atirei em direção ao carro.
Me joguei no chão com o impacto da explosão, arfei enquanto me arrastava segurando as sacolas. Minha cabeça não parava de doer e arder, o sangue continua escorrendo pra c*****o. Meu rádio apitou.
"Ta onde cuzão? Que barulhão foi esse? Coé LC, liga nós irmão. "
Me levantei voltando a correr no meio daquela lama do c*****o e mais mato ainda. Passei um rádio pro menor se adiantar que já já eu tava brotando.
Apareci na pista muito conhecida por mim, diga-se de passagem e corri igual um louco em direção a favela.
Olhei pro Zinho parado na entrada da favela sentindo minha visão embaçar.
Caralho que p***a é essa?!
Tirei a touca ninja e passei a mão na cabeça, tava tomado de sangue, joguei a sacola de dinheiro na direção dele já sentindo meu corpo pesar.
Me inclinei tentando tocando a p***a do meu joelho, mas meu braço não tava me obedecendo.
Lico: Chama a Fernanda - sussurrei, vendo vários flashes de luz na minha frente. c*****o, ta mandado essa p***a ai.
Zinho: Qual foi cria, tô entendendo nada! - gritou nervoso. Fechei os olhos e senti o impacto do meu corpo no chão.
Parece que a gente começa a entender um pouco da vida quando sente seu corpo ser tomado pelo asfalto quente. Ali você vê que, por mais que queria, tu não é p***a nenhuma. Nada vezes nada.
Várias parada começou a aparecer na minha mente, parecia até que eu tava drogado. Senti meu corpo sendo arrastado, ouvi os menor gritando pra c*****o mas não sei definir se isso tudo ta realmente acontecendo ou se é coisa da minha cabeça.
Ih, qual foi LC! Acorda, cria!
Acho que balearam o mano, p***a. Chama logo aquela mina lá.
Que não ta atendendo o que? Vai na casa dela, traz na marra, f**a-se!