Alguns dias depois...
Paula
Viu a hora de preparar as malas para voltarmos para casa, ficou claro que fica aquela sensação preocupada sobre o que vai acontecer conosco de agora em diante. Iremos voltar para nossas casas e confrontar a realidade da nossa vida sem saber se realmente poderiam seguir com essa relação de alguma maneira.
Assim que fui fechar a minha mala, Robson me abraçou por trás e começou a beijar o meu pescoço.
— Minha vontade é de passar mais um ano aqui nesse lugar!
Eu sorri, me virei para ele e beijei seus lábios.
— Eu também adorei essa viagem, acho que para quem não queria vir e chegou a quase desistir, tudo isso foi uma grande surpresa! – respondeu ele.
Antes de irmos até o aeroporto, fomos convidados a ir até à fundação para não despedirmos do pessoal de lá. A grande maioria dos nossos pacientes e dos professores que nos auxiliaram naquela grande jornada estavam esperando por nós dois.
Eu ganhei flores, nós dois fomos muito aplaudidos e eu tive até que fazer um pequeno discurso.
— Acho que ter vindo para este lugar foi a parte mais importante de toda a minha vida pessoal e profissional, foi realmente aqui que descobri que realmente amo esta profissão e estou disposta a me dedicar a ela todos os dias da minha vida.
As minhas palavras comoveram Robson e mesmo que ele tenha escondido, quase que uma pequena lágrima rolava de seu olho direito.
— Espero que esta instituição se torne com uma grande parceira da nossa universidade, de outros jovens como Paula tenham a oportunidade de estar aqui e conhecer esse trabalho tão lindo que vocês fazem. Receba uma nossa enorme gratidão, prometemos voltar em breve! – Robson finalizou dizendo.
Tiramos algumas fotos com o diretor da fundação, os fisioterapeutas e psicólogos.
Robson
Ela estava muito feliz, termos recebido antes da pequena homenagem antes de partirmos trouxe um pouco de alento, Paula já não tinha mais aquela expressão triste de quando saímos do hotel e entregamos o carro alugado.
Acabei postando uma foto nossa nos meus status do w******p parabenizando-a pelo desempenho e citando a faculdade. E em questão de segundos, Leonardo comentou, ele é um dos meus amigos de longa data.
"Como consegue manter o foco no trabalho, tendo uma aluna tão gata assim?"
Eu não quis responder e ser indelicado com ele, mesmo que aquela insinuação estivesse completamente certa.
Pretendi chamar um táxi para irmos até o aeroporto depois a entrega do carro, mas o diretor da fundação não permitiu que fizéssemos isso e se ofereceu para nos dar uma carona até lá.
Assim que chegamos, embarcamos com as nossas malas e nos despedimos dele. Eu já havia telefonado do quarto do hotel, para avisar para Sheila que eu estaria de volta dentro de algumas horas.
O relatório sobre a nossa viagem ficou impecável, Paula redigiu setecentas laudas com a minha ajuda. Tenho que ser justo com ela, apenas ajustei alguns detalhes e todo o mérito do sucesso é dela.
Ficamos abraçados no saguão, até que finalmente anunciaram o nosso voo e fomos até lá. Estávamos muito calados, sabíamos que ao descer daquele avião, teríamos que mudar nossa forma de tratamento e quem sabe, nos afastarmos se essa for a vontade dela.
[...]
Paula tinha vários sentimentos que estavam se misturando dentro de mim, medo de chegar e encontrar o pai em uma situação lamentável. Tamara havia dito que seu pai já não estava mais aceitando as visitas dela e que já não tinha mais nenhuma desculpa de buscar algo, para tentar saber sobre como ele estava. Paula também não queria a expor mais, sentia que Tamara não merecia estar ali para ser maltratada ou xingada por ele.
Outro medo que a acompanha era de como ficaria sua relação com Robson a partir de agora, não queria que ele se voltasse contra ela, mas também não sabia se queria ser a outra para sempre.
Repousou sua cabeça em seu ombro, abraçando o braço dele rente os seus s***s.
— Está muito ansiosa princesa?
— Já não sei se ansiosa seria a palavra certa para dizer a mistura de sentimentos que estou vivendo. — respondeu ela, suspirando.
— Ontem, antes de sair, eu comprei algo para você ir e não aceito que recuse.
Ele tirou uma pequena caixa de dentro do bolso e Paula a abriu, seu coração estava acelerado. Era um lindo anel de brilhantes, agora ela entendia porque um dos seus anéis havia desaparecido e certamente para servir de molde.
— Você não ficou feliz? – perguntou ele.
— Claro que estou muito feliz, Robson.
— Eu sei o que está te afligindo, não vou ignorar tudo que nós dois vivemos nessa viagem. Mesmo que eu quisesse não poderia, minha vida agora está passando por uma grande turbulência e nós dois precisamos compreender vários sentimentos. Só peço que me dê um tempo para organizar as coisas, claro se você quiser e estiver disposta a tentar algo comigo!
— Eu, eu... — Paula engasgou com as palavras.
— Não se sinta pressionada a me responder nada agora, usaremos o tempo que tivermos para pensar e reavaliar nossos sentimentos.
Ela sorri e coloca aquele lindo anel, ele beijou sua mão. Paula ficou mais tranquila com aquela conversa que tiveram, mesmo que isso adiasse um pouco sua decisão, achou que seria melhor assim.
Aterrissaram, o sol já estava se pondo e seguiram para pegar suas malas, ela sabia que ninguém iria estar ali para buscá-la e nem mesmo Tamara poderia lhe fazer esse favor, já que naquele dia ela estava em um aniversário.
Robson
Eu quase tive um infarto ao ver que Sheila e Jonas estavam esperando por mim, eu tinha dito em qual voo eu estaria, mas confesso que não esperava que os dois fossem até lá.
Meu filho correu para os meus braços e eu peguei no colo enchendo de beijos, enquanto Sheila e Paula apenas se olhavam em silêncio.
— Não esperava que você viesse Sheila! – deixei escapar.
— Jonas e eu resolvemos fazer uma grande surpresa, não está contente ao nos ver.
— Claro que sim!
[...]
Paula não esperava por aquilo. Encontrar a esposa e o filho dele daquela forma tão repentina mexeu profundamente com seu coração, deixando-a completamente travada e sem reação. Sentiu uma mistura de emoções conflitantes: surpresa, desconforto e uma pontada de tristeza.
— Acho que tenho que ir agora, foi um prazer conhecer os dois.
Paula queria sair praticamente correndo dali e ir para a área dos taxistas, mas a esposa de Robson entrou em sua frente de repente.
— Muito prazer me chamo Sheila, não quis ser tão rude ao deixá-la ir sem antes nos apresentarmos direito.
— Sou Paula, muito prazer em conhecê-la senhora.
Ela deu um sorriso forçado, como se soubesse exatamente o que havia acontecido na viagem.
— Seu filho é um menino muito bonito, foi um prazer conhecer vocês, mas é que realmente eu preciso ir agora e meu pai está me esperando.
Paula olhou para Robson e ele estava pálido como um papel, totalmente constrangido e lamentando por aquele encontro.
— Parece que ninguém veio buscá-la, podemos te dar uma carona até em casa. — sugeriu Sheila.
A mulher dele estava forçando aquela aproximação, poderia ser apenas uma gentileza, mas, ao mesmo tempo, Paula não queria prolongar aquele encontro e não podia recusar sem nenhum motivo ou ela iria desconfiar.
— Sheila está certa, vamos Paula, a levaremos até em casa!
Robson pensou como ela, pegou gentilmente sua mala, seguiram até o estacionamento. Paula se sentou no banco de trás ao lado do filho deles, o garotinho a olhava tão insistentemente que parecia ver sua alma.
— Você é muito bonita! – disse ele.
A frase dele foi uma verdadeira fofura, em gratidão ela acariciou o rosto dele, sorriu e tirou um chocolate que havia guardado dentro de sua bolsa.
— Jonas, não chateie a moça! – Exclamou Sheila.
Paula explicou para Sheila onde ficava seu endereço, ficou um pouco triste e já antecipando o que poderia encontrar ao chegar em casa e se deparar com o pai.
Assim que parou o carro chegou, ela percebeu que Paula era de origem humilde e isso daria ainda mais poder para tentar afastá-la de seu marido.
Quando o veículo parou em frente à casa de Paula e a jovem saiu apressadamente, e sua reação foi extrema.
— Muito obrigada pela carona!
Ela entrou rapidamente na casa, ficou chocada ao perceber tamanha bagunça. Caminhou pela sala, se deu conta de que seu pai não estava no lugar e havia deixado a porta apenas fechada.
Na volta para casa, Robson ficou em silêncio.
— Parece que a mocinha não gostou muito de nos conhecer! — Ironizou Sheila.
— Por que está dizendo isso agora?
— Fomos tão gentis e oferecê-la uma carona.
— E ela agradeceu, podemos por favor mudar de assunto. Como está o seu pai? — Robson tentou mudar de assunto.
— Não muito bem, dependendo da cadeira de rodas e eu sozinha com um menino pequeno para ajudá-lo.
— Iremos resolver esse problema! — respondeu ele.
Assim que chegaram em casa, Sheila deu banho em Jonas enquanto o Robson também se arrumava para jantar. Ela havia encomendado algo para comer de um restaurante, comeram no mais silêncio mesmo que ela forçasse para que ele dissesse como havia sido aqueles dias.
— Você postou poucas fotos da viagem, estava muito ocupado com a fundação?
— Sim, sempre havia muito trabalho a fazer.
Ele subiu para o quarto do pequeno, os dois jogaram videogame por algumas horas e logo depois ele colocou o garoto na cama.
— Te amo papai, não quero que o senhor viaje de novo!
— Eu não vou pequeno, pare de pensar nisso.
— Mamãe disse que o senhor vai embora.
— Por favor, filho, papai está cansado e em outro momento iremos conversar.
Robson foi para o quarto, tomou um banho e Sheila já ou esperava na cama. Assim que ele se deitou, ela começou a alisar seu peito e desceu sua mão para alcançar seu pênis, enquanto o beijava os lábios.
Robson a afastou delicadamente.
— Perdoe-me, Sheila, estou muito cansado da viagem!
Ele se embrulhou, virou para o outro lado e dormiu. Não havia dentro dela qualquer dúvida de que ele estava sexualmente saciado por outra mulher, Sheila torcia para que o que os dois haviam tido naquela viagem, fosse apenas t***o e que pouco a pouco e com essa separação os dois deixassem de procurar um pelo outro.
Paula percebeu que havia nada para cozinhar em casa, todos os armários estavam vazios e a pia tinha vasilhas sujas há tantos dias que o odor era h******l. A única coisa que ainda tinham à disposição era macarrão instantâneo, ela preparou e ficou esperando pelo pai. Ligou a televisão e olhou para o relógio, já era meia-noite e vinte e acabou dormindo no sofá.
Despertou com o som da porta sendo aberta, finalmente era ele e Paula o abraçou. Logo constatando aquele cheiro h******l de álcool e cigarro.
— Papai como e atreve a sair e voltar para casa desse jeito? Olha para o senhor, essa roupa está cheirando m*l!
— A culpa é sua, quem mandou me deixar aqui nessa d***a de casa sozinho? Você é igual a sua mãe, não se importa comigo. — Resmungou ele.
— Mas é claro que eu me importo, me dói muito o coração ver como o senhor está se destruindo de novo. Passou meses longe desse maldito vício, cheguei a pensar que finalmente tinha tomado um jeito na sua vida.
— Vê se cala essa sua boca, já chegou querendo mandar em mim, se for assim é melhor ir embora de novo.
— Não vou considerar as besteiras que o senhor está dizendo, preparei a comida. Coma e vê se vai dormir de uma vez!
Paula havia entrado em seu quarto rapidamente apenas para colocar a mala pesada sobre a cama, agora que o pai havia chegado ela queria tomar um banho para depois comer alguma coisa e cair no sono.
Olhou para sua penteadeira, sentiu falta de todos os perfumes e do lindo estojo de maquiagem que ganhara de aniversário de Tamara. Voltou correndo para sala de jantar, seu pai já estava sentado com um enorme prato de macarrão na frente dele.
— Papai, onde estão os meus perfumes e o meu estojo de maquiagem?
Ele a olhou com aqueles olhos avermelhados.
— O senhor os vendeu? — Paula tragou em seco, como ele estava sem trabalho certamente ficara sem nenhum centavo para beber, perplexa ela gritou. — Trocou as minhas coisas por bebida? Já deve ter recebido o salário referente ao último mês de trabalho, espero que tenha pago o aluguel ou estamos muito ferrados.
Com ódio e secando as lágrimas ela voltou para o quarto e começou a chorar, ter conhecido Sheila e o menino a se fez sentir um lixo e agora ao se deparar com tudo o que o pai estava fazendo para se destruir e parecia querer levá-la com ele.