Capítulo 20

2194 Words
Paula Não entendi porque Tamara estava querendo me tirar dali naquele mesmo instante, mas assim que olhei para os lados e percebi que todas aquelas pessoas sorriam e apontavam para mim, eu senti que algo terrível estava prestes a acontecer. — Vejam só quem acabou de chegar? A modelo mais comentada da faculdade! Carol se levantou do meio da plateia, era uma das colegas que nunca gostaram de mim e sempre compartilham boatos sobre a reputação de todos, e a minha era a favorita delas. — Do que você está falando? — perguntei, dando dois passos em direção a ela. — Não dê ouvidos a isso, Paula, por favor, vamos sair daqui agora. Tamara quis me puxar pela mão, mas perto o bastante daquela garota, puxei o celular da mão dela e olhei o motivo de todas as risadas. Senti tudo ficar escuro de repente. [...] Robson segurou Paula antes que ela caísse, os comentários maldosos e os sorrisos não cessaram. — Alguém pode me dizer o que diabos está acontecendo aqui? — gritou ele, enquanto pegava a garota nos braços. — Você deveria... Tamara estava prestes a despejar toda a sua revolta em cima do professor, mas se fizesse isso, daria ainda mais combustível para que aquela história incendiasse e envolvesse mais pessoas. — Levem-na para minha sala! Orestes se aproximou, Robson saiu com Paula acompanhado por Tamara, o reitor e Laura. Enquanto era levada, Paula recobrou os sentidos. — Solte-me agora e se afaste de mim! Ela se debateu e gritou, enquanto o Robson não a soltou. A jovem correu pela faculdade, deixando todos eles chamando por ela. — Não sei o que está acontecendo, mas acho que tem a ver com isso. — Laura mostrou a foto para o reitor e depois para Robson e ele ficou arrasado. — Não posso acreditar! — Você tem alguma coisa a ver com isso? — perguntou o reitor. Robson deixou Orestes falando sozinho, já não se importando com o que ele pensava. Compreendia plenamente o motivo pelo qual Paula estava tão abalada e triste. Imaginava o constrangimento e a dor que ela devia estar sentindo naquele momento. Determinado a encontrá-la a qualquer custo, Robson sabia que, depois disso, Sheila pagaria caro pelo que fez, e ele não tinha a menor intenção de perdoá-la. Sabendo que Paula não poderia ter ido muito longe a pé, ele entrou em seu carro e começou a dirigir pelos arredores da faculdade. Passaram-se horas procurando por ela, até que não restou alternativa senão arriscar e ir até sua casa. Robson tocou a campainha repetidamente, permanecendo ali parado como um cão de guarda até anoitecer. Começou a chover, o coração de Robson estava partido e ele nunca pensou que pudesse trazer tanto sofrimento para a vida de Paula mesmo indiretamente, pensou que isso só havia acontecido porque ele se apaixonou e por ela despertando o ódio de alguém. Até que Robson a viu chegar, caminhando lentamente como se estivesse perdida. Ele saiu do carro se molhando naquela chuva fria, ficaram frente a frente e ele nunca havia visto um olhar de ódio e tristeza como aquele. — Veio para ter a certeza de que me humilhou por completo? — perguntou ela. Robson tentou abraçá-la, mas ela se afastou bruscamente. — Não se atreva a tocar em mim professor! — Você acha que eu conseguiria fazer algo assim, Paula? — Essas explicações inúteis não te farão se sentir um pouco melhor, eu só te imploro que saia da frente e me deixe viver. Se é que eu conseguirei ter uma vida depois de tudo isso! Ele insistiu: — Você tem que me escutar, eu juro que não fiz nada e não sei como isso foi se espalhar… era apenas uma foto para mim. — explicou ele. Tentando tocá-la novamente, Paula desferiu vários tapas no rosto dele e onde conseguiu acertar e a briga começou a chamar atenção dos vizinhos. Ameaçaram chamar a polícia para deter o professor e ele não teve outra alternativa a não ser ir embora. Carlos, pai de Paula bebia em um bar, um dos frequentadores estavam em sua mesa e era um amigo de longa data. — Essa moça, não é a sua filha? — perguntou um dos frequentadores. Entregaram um celular para ele, mesmo já estando muito alterado pela bebida, seria impossível não reconhecer a própria filha. Naquele momento a pressão dele subiu rapidamente e precisou ser levado às pressas para um hospital. Paula se jogou em sua cama, chorou desesperadamente e chegou a pensar estar prestes a morrer de tanta angústia. Sentia muita vergonha de ter que sair novamente de dentro daquela casa, ter que caminhar por aqueles corredores da faculdade após ter todo o seu corpo exposto. Sabia que sua vida nunca mais poderia voltar a ser a mesma, o telefone da casa começou a tocar insistentemente. Ela se recusava a atender pensando que pudesse ser Robson ou Tamara, não queria ouvir palavras de conforto... Nada que pudesse ser dito arrancaria o desejo que ela tinha de desaparecer. Até que um dos vizinhos bateu na porta e chamou por ela, Paula se recusou a abrir a porta para ele. — Eu não sei o que você tem menina, mas o seu pai está internado em um hospital! Paula sentiu que aquela frase a deixou completamente desnorteada, mas também trouxe consigo uma compreensão de que precisava deixar de lado todo o seu sofrimento e focar agora. Após jogar água no rosto para se recompor, Paula abriu a porta e perguntou ao vizinho para qual hospital haviam levado a pessoa mencionada. A chuva ainda caía persistentemente lá fora. O vizinho, um senhor gentil, prontamente se ofereceu para levá-la até lá em seu carro. Paula não tinha condições de recusar essa oferta de ajuda, e enquanto seguia para o hospital, imaginava que ele ainda não sabia o motivo de seu sofrimento intenso naquele momento. — Não fique assim, menina, você vai se acabar em lágrimas. Quando me telefonaram para dizer sobre seu pai, relataram que a pressão dele subiu de repente, mas já está sendo medicado... Certamente isso aconteceu devido à quantidade de bebidas que ele toma diariamente. — Sim, senhor, deve ter sido isso. Chegaram ao hospital, Paula agradeceu ao homem pela carona e falou com uma recepcionista que indicou em qual quarto seu pai estava recebendo um soro. Ela foi até lá, ele estava deitado e com o antebraço cobrindo os olhos. — Papai, está acordado? — perguntou ela. Ele a olhou de repente e se sentou na cama. — Talvez tenha sido melhor que a sua mãe esteja morta, ela não iria querer passar por essa vergonha! Paula m*l tinha conseguido controlar o choro e a dor, agora ela sabia que seu pai quase morrera por sua causa. — Me perdoe papai, eu não posei para aquela foto. Nem sabia que isso seria exposto dessa forma! Ele forçou um sorriso, que foi molhado por suas próprias lágrimas. — Acha que eu vou acreditar, como vou caminhar de cabeça erguida sabendo que a minha filha se transformou em uma verdadeira v*******a? — Eu não sou, lamento que não acredite em mim, papai. Tantas vezes me prometeu que iria parar de beber jogar, em nenhuma dessas ocasiões eu duvidei do senhor, eu vim até aqui em vão! Ela sentia que ele já estava bem, bem o bastante para a ofender e fazê-la tomar uma terrível decisão. Longe dali... Robson parou o carro antes de chegar em casa. Tamara estava em seu quarto caminhando de um lado para o outro, sabia que Paula precisava ficar um pouco sozinha para digerir todo aquele sofrimento. Ela recebeu uma ligação, era de Robson. — Por favor, não desligue, me responda se você está com ela? — Não, eu não estou e nem sei como Paula está nesse momento ou onde! — respondeu ela. — Tamara, eu sei que você pensa como ela e que todos os indícios apontam para mim, mas eu juro por Deus que não fui eu a espalhar essa foto. — Se pretendia terminar tudo com ela, havia outros métodos para fazer isso! — Eu não ia terminar com ela, pelo contrário estava disposto a terminar o meu casamento. — Então diga Robson, quem fez isso? Aproveite e avise essa pessoa que expor alguém desta forma cabe processo e eu espero que Paula faça uma denúncia. — Eu suspeito de alguém, mas não posso provar. Apenas garanto a você, que eu não fiz isso! — Preciso desligar agora professor. Ela desligou, Robson tinha certeza de que só poderia ter sido Sheila a ter acesso ao celular, mas ele não podia provar. Entrou em casa, Jonas correu para os braços dele. — Papai venha ver o desenho que fiz hoje na escola! — Eu prometo que irei depois filho, diga-me onde está a sua mãe? — Ela está na cozinha! Robson colocou o filho no chão e foi até lá, Sheila precisava manter a naturalidade e foi sorrindo para dar-lhe um beijo. Ele segurou nos braços dela com todas as forças e deu uma chacoalhada, olhando-a nos olhos ao perguntar: — Por que fez isso, enlouqueceu? O que pensou? — Você está me machucando! — disse ela, ofegante. — Essa é a intenção, maldita hora que eu me casei com alguém tão insensível como você. Jamais pensei que conseguisse acabar com a vida de alguém assim, Paula não merece o que está acontecendo e eu espero que ela te processe! — Não sei o que você está dizendo, quem diabos é Paula? Ele a apertou com mais força soltando-a em seguida, a expressão dele era de aversão. — Paula é a mulher que eu amo e o motivo de eu ter deixado de te amar! — Duvido que algum dia ela te perdoe por isso. Vai deixar sua família por aquela qualquer, você é igual a ela! Sheila perdeu completamente a razão e Robson sofria a segunda tentativa de agressão causada pela revolta de uma mulher. Ao tentar controlá-la, Jonas apareceu, pegando apenas uma parte daquele momento extremo e confundiu tudo. — Papai, por que está batendo na mamãe? Ela se abraçou ao filho. — Viu só meu amor, seu pai não me ama mais e também não ama você. Vai nos trocar e sair dessa casa! Robson sentiu mais nojo dela. — O seu jogo é sujo, Sheila, não aceito que envolva nosso filho em toda essa trama. — A decisão está em suas mãos, Robson, faça uma denúncia contra mim ou encoraje sua amante a fazer isso. Desafio ambos aprovarem e já não me importo! Ele passou a mão da testa até seus cabelos limpando o suor, não havia forma de permanecer naquela casa ou cometeria uma loucura. Robson subiu as escadas correndo ao som dos gritos dela e o choro do filho o seguindo e implorando para que ele ficasse na casa, mas ele se abaixou e olhou nos olhos do menino. — Eu te amo muito, filho, nunca duvide disso, mesmo que queiram te dizer o oposto. Existem coisas que apenas nós adultos entendemos, um dia eu poderia explicar a você exatamente o que está acontecendo! — Não quero que o senhor vá embora! — disse o menino, enquanto Robson enxugava uma lágrima dele. — É necessário fazer isso, papai não está mais feliz nessa casa. Vou para um apartamento e prometo te levar para conhecê-lo e agora você terá mais um quarto e um lugar diferente para brincar. Jonas não ficou muito conformado, mas pelo menos parou de chorar. Robson pegou sua mala e desceu as escadas, Sheila estava sentada no sofá ainda chorando e tentando fazer drama para o obrigar a ficar. — Não diga uma só palavra, sinto horror a sua voz. Para tratarmos sobre os assuntos do nosso filho e do divórcio eu contratarei um advogado! — Você nunca mais vai ver o seu filho! — jurou ela. — Já que você quis guerra Sheila, você terá! Assim que Robson saiu carregando aquela mala, Sheila quebrou um vaso de flores, deixando Jonas assustado. — Vá para o seu quarto, meu filho, preciso ficar um pouco sozinha! Seu casamento estava oficialmente arruinado, mas já que ele havia partido seu coração dessa forma, ela também sabia exatamente onde o ferir. No hospital, Carlos sentiu os efeitos do álcool passando pouco a pouco e se arrependeu das p************s que havia dito para a filha. Arrancou o soro de seu braço, não esperou que lhe dessem alta e foi para casa em seguida. Caminhou sozinho embaixo daquela forte chuva, chegou a um ponto de ônibus e esperou. No meio da madrugada, ele conseguiu chegar em casa, foi enfiar a chave no trinco e percebeu que a porta estava apenas encostada. — Paula? Filha, me desculpe por ser tão duro com você. Estou disposto a ouvir o que realmente aconteceu. Chamou por ela várias vezes, mas não teve resposta. O telefone tocou e ele foi atender. — É da casa da gatinha da foto, quero saber… quanto custa um encontro? — Pergunta para a sua mãe, filho da p**a! — Carlos desligou imediatamente e viu que a luz do quarto da filha estava acesa.
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