.•*¨*•.¸¸♪ Capítulo 65 ♪¸¸.•*¨*•.

1502 Words
•*¨*•. ¸¸♪ Aquele onde Cameron parece verdadeiro ♪¸¸.•*¨*•. O ar nos pulmões de Beerin parecia queimar e quando a música cessou para que enfim outra se iniciasse, ele se desvencilhou da garota com quem dançava e procurou os olhos esmeralda de Cameron dentro da multidão. Mais ao canto ele viu o rosto pálido de Cam, seus olhos estavam distantes demais. Deslizando entre todas aquelas pessoas o príncipe caminhou até Cam, a música voltava a tocar e agora a garota dançava sozinha, impulsionando a multidão a bater palmas e ajudá-la no ritmo que seguiria. "Você está bem?" Ele perguntou quando finalmente alcançou Cameron e o assassino endireitou sua postura dando um riso bufado como resposta. "Você dança bem, já pensou em virar artista de rua?" Ele estava desviando do assunto, era exatamente igual a Renriel. "Seria um desperdício de todo o meu charme" o príncipe zombou e estendeu a mão para o moreno de rosto delicado "você tinha me dito que havia muito a se ver, então por que não me mostra um lugar que goste de ir?" Cameron o fitou com certa surpresa. Entre todas as coisas que esperava acontecer, aquela era a menos provável, mas sem perder oportunidades, brincou. "Então finalmente está interessado em conhecer os bordéis de Águas Serenas?" Beerin bateu levemente o ombro no dele e Cam sorriu. "Certo, acho que posso te mostrar algo, você tem asas, certo?" O príncipe ergueu uma das sobrancelhas. "Sim...?!" Os lábios do assassino arquearam-se para cima e as asas negras e enevoadas surgiram as suas costas. "Uau" Beerin soltou sem querer e Cam esticou as asas com orgulho. Eram poucos aqueles que haviam visto suas asas tão de perto e ainda menos a quantidade daqueles que ficaram vivos ao final, mas Beerin conseguia sentir a brisa gelada que saia das asas dele, ele estava tão perto que poderia estender a mão e tocar as penas esfumaçadas que se desfaziam no ar. "Quer... voar?" Perguntou enquanto seus olhos permaneciam fixos nas asas do assassino. "Sim, precisamos voar para chegar até lá" Beerin fez uma careta se lembrando de como havia sido a sua primeira tentativa na noite que treinou com Renriel, a mesma em que quase foi feito em pedaços pela capitã. "Não sei voar" murmurou. "Que bom, sou um ótimo professor" Cam ressaltou estendendo a mão em sua direção. Beerin teria recusado se tivesse um pouco mais de noção ou quem sabe, bom senso; mas naquele momento - mesmo sabendo que Cam o havia torturado mais que treinado quando foi sequestrado -, ele apenas queria segurar sua mão. A idéia de aprender a voar com o assassino de olhos esmeralda, parecia uma ótima idéia. Das costas de Beerin, duas grandes asas surgiram e diferente das de Cameron, as dele pareciam pegar fogo, as penas delicadas de uma fênix, o brilho encantador de sua aura escapando por suas asas. Por um momento, Cam se arrependeu de pedir a Beerin que abrisse suas asas ali, em público, porquê agora todos estavam olhando fixamente para eles. "Feche seus olhos" Cam murmurou e Beerin obedeceu e sem muito cuidado o assassino pressionou o peito do príncipe com certa força. Beerin tossiu buscando por ar, mas o brilho intenso de suas asas se desfez e com ele, a atenção que os cercavam. "Vamos" ele falou e antes que Beerin tivesse a sensação de estar completamente bem, Cam o puxou para cima batendo suas asas rápido demais para um iniciante acompanhar. Em um segundo estavam lá embaixo, em meio as barracas e a música e no segundo seguinte sobrevoavam o céu esverdeado de Água Serenas e giravam no ar. A sensação do vento em seu rosto, de suas penas que pareciam serem acariciadas pelas nuvens, tudo isso trouxe a Beerin uma paz que ele jamais havia sentido. Suas costas ainda queimavam, seus músculos estavam doloridos com o mínimo esforço que estava fazendo, mas a sua mão ainda estava segurando a de Cam e o sorriso do assassino parecia bem mais verdadeiro quando ele girava no ar e os cabelos bagunçados batiam em seu rosto - como os de uma criança que brinca dando cambalhotas no colchão. Ele nunca havia visto Cam daquela forma e duvidava que isso mudaria mesmo que houvesse recuperado as memórias perdidas. Naquele momento, enquanto flutuavam e disparavam entre as nuvens em uma direção que Beerin desconhecia para onde os levaria, Cam parecia feliz. Beerin sentiu suas asas pesarem. Apenas alguns poucos minutos e estava praticamente insuportável se manter no ar. "Cam" ele chamou, mas parte sua não queria estragar aquilo. Quando os olhos esmeralda viraram-se para fita-lo, Beerin cedeu. Suas asas travaram e ele gemeu de dor enquanto caia soltando a mão de Cam. O assassino disparou em sua direção e com um sorriso no rosto o pegou no ar, envolvendo os braços em torno do seu corpo. "Agora eu te salvei, posso te chamar de princesa?" O rosto de Beerin corou. Não tinha graça. "Eu ia te avisar..." "No último segundo?" Perguntou bufando "Vamos, eu te ajudo, estamos quase lá" O príncipe envolveu os braços em torno do pescoço de Cam e com sua ajuda, apoiado nele, sobrevoou todo o lugar. Cam agora não girava tão rapidamente no ar, mas ainda disparava entre as nuvens fazendo o cabelo de Beerin se bagunçar tanto quanto o seu; até que o príncipe notou uma colina ao longe. Um grande templo aprecia se ergue atrás da colina e os olhos bicolores brilharam com empolgação. "Que bonito..." murmurou. Cam sorriu de forma debochada. "Eu sei, falo isso todos os dias quando me olho no espelho" Beerin o fuzilou com o olhar. "i****a" "Realista" "Estou falando da vista" resmungou revirando os olhos ao se dar por vencido. "É, ela também é bonita" o assassino admitiu e então pousou sobre o penhasco. O chão era firme, mas macio. A grama era verde escuro e as flores eram pequenas e delicadas, tão rosadas quanto as lágrimas de sereias que Beerin havia visto ilustradas em muitos livros da biblioteca. "Olhe para lá" Cam disse e antes que Beerin se soltasse, ele o virou gentilmente pelo quadril, o fazendo olhar para a frente, para além da ponta do penhasco. Para Águas serenas. "Uau..." o príncipe soltou e um suspiro ainda mais admirado surgiu quando a brisa suave dançou a sua frente com as folhas de outono que caiam das árvores. "Que lindo..." "Sim" Cam disse e Beerin então notou que ele ainda estava perto demais. As mãos ainda paradas em seu quadril. "Esse é o meu lugar favorito" o assassino sussurrou e o príncipe pensou que aquilo havia soado como uma verdadeira confissão. Como um segredo que Cam jamais havia contado a alguém e algo em seu peito, aqueceu. Mas como em um passe de mágica, o assassino e afastou e seu tom voltou ao normal. "Durante as noites de inverno, milhares de lanternas são acendidas e jogadas aos céus" ele disse se recostando a pequena cerca de madeira antiga que cercava todo o penhasco. "E durante os festivais, você consegue ver as magias sendo traçadas perfeitamente daqui de cima" Beerin o fitou. "Você viu tudo isso?" "E muito mais..." Cam sussurrou e com certa melancolia, olhou para baixo. "Esse lugar também já foi o testemunho de muitos finais" Beerin acompanhou seu olhar e em sua mente Kendra sussurrou. "Muitos morreram aqui, desistiram aqui. Esse é um lugar de dor". Por algum motivo, Beerin só conseguiu pensar naquele momento, que aquele lugar combinava com Cam. Talvez fosse culpa da melancolia em seu olhar, talvez pela forma como ele se debruçava agora sobre a cerca. Quantas vezes Cam havia pensado em pular? Quantas vezes ele pulou e abriu suas asas praticamente no último segundo? Quantas vezes ele bebeu até se jogar dali esperando por um fim? Beerin não sabia o porquê, mas algo nele, algo na Fênix o dizia que Cam, não podia morrer tão facilmente. Então... quantas vezez? "Você assistiu a isso também?" Questionou e os olhos esmeralda vacilaram. "Algumas vezes..." respondeu praticamente sem rodeios. E Beerin sorriu. Ao menos ele não estava mentindo outra vez. ✶✶✶ •*¨*•. ¸¸♪ Sumário ♪¸¸.•*¨*•. Lágrima da sereia: Item raro capaz de regenerar até mesmo partes perdidas do corpo, como braços e pernas amputados ou olhos arrancados. O processo é doloroso, mas não impossível. Se a criatura resistir a dor da regeneração, terá seus membros de volta. A lágrima da sereia não traz mortos de volta à vida, mesmo que regenere seu corpo, não traz sua alma de volta, portanto, não pode ser utilizada dessa forma. Fênix: uma criatura fabulosa, única de sua espécie. Suas chamas douradas eram capazes de curar toda e qualquer enfermidade. A lágrima da fênix era capaz de tornar imortal aquele que a bebe e suas penas são consideradas como itens maravilhosos, capazes de potencializar feitiços e poções.
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