.•*¨*•.¸¸♪ Capítulo 16 ♪¸¸.•*¨*•.

2356 Words
.•¨ •.¸¸♪ Aquele onde se conta a história de Baeddan ♪¸¸.•¨ •. Arawn, uma voz murmurou. Uma voz doce, como se uma ninfa o chamasse. A quem pertencia essa voz? Arawn, meu pequeno Arawn, o mundo inteiro vai estar aos teus pés, a voz continuava, como se o estivesse a ninar. Os olhos daquela que o segurava em seus braços de forma calorosa e gentil, eram como duas grandes safiras, a pele n***a se destacava junto aos cabelos brancos como a neve. Você é o meu pequeno rei, o maior de todos os reis, aquele que a terra, o céu e os oceanos irão temer… meu doce e lindo Arawn, a mulher continuou, com um sorriso que parecia iluminar o lugar onde estavam. Como se aquela fosse apenas uma visão dentre a névoa, ela se desfez e então, com os olhos queimando, Renriel gritou, mas já não era sua voz, ou ao menos o seu corpo que sofria. “Mãe! Não! Não toque nela!” Ela/ele gritava. “Não ouse encostar nela!!”. Por que aquela dor parecia tão sua? “Levem-na!” Ordenou uma voz rouca. “Não! Não faça isso! Por favor!!! Eu imploro!” Pediu, mas como resposta, teve apenas um soco no estômago e uma dor dilacerante em seus braços e pernas. “Você realmente acha que é algo além de um escravo? Cale a merda da boca antes que eu decida arrancar sua língua!” O homem com a voz rouca, vociferou. “Esses lixos de Baeddan! Tch… escravos inúteis”. Renriel sentiu em seu corpo uma dor que nunca pensou ser capaz de suportar, e então… ela/ele gritou. Os gritos daquele que ela estava vendo sofrer, se unindo aos seus próprios gritos. Doía, doía…, mas a dor daquele homem não era nada perto do medo que ele sentia em relação ao que estavam fazendo a sua mãe. Eu tenho que salvá-la, eu tenho que salvá-la, eu preciso salvá-la! Ele pensava enquanto seu corpo era dilacerado por chicotes de fogo. Eu PRECISO salvá-la! E embora ele gritasse e se debatesse, nada acontecia. As correntes gemiam, o aço gritava, mas nada além ocorria. Seus gritos se tornaram roucos, suas lágrimas já nem existiam, mas a dor permanecia ali enquanto ele continuava a se questionar. Por que? Por que? Por que eu não consegui salvá-la? Por que eu não consigo fazer nada? A névoa se foi outra vez e a arena que surgiu a sua frente, fez a adrenalina correr por suas veias. O cabo de uma espada longa estava entre seus dedos e com uma maestria que era estranha até mesmo para Renriel, ela/ele girou a espada entre os dedos, brincando enquanto andava na direção do inimigo. Os tambores ecoavam cada vez mais alto e o grito das pessoas na arena era como música para seus ouvidos. Faça-os sangrar. Ele pensava com um sorriso. Um passo a mais para libertá-la. Repetia como uma forma de consolo. Então, um passo, dois passos e uma girada completa, o corpo sem cabeça de seu adversário, caída ao chão e o sangue que descia pela lâmina afiada, nada mais parecia além de algo descartável. Era como a fumaça que surgiu e a névoa que novamente a levou para outra cena. Uma cama de dossel, um perfume afrodisíaco e um cachimbo que pendia dos lábios vermelhos de uma nobre. O corpo daquela mulher estava sobre o seu. As pernas dos lados do seu corpo e os dedos maliciosos, deslizando por sua pele bronzeada. Os olhos dourados brilhavam com luxúria e então ela se movia. Sua mão, deslizava pelas curvas de forma brusca e mesmo que o estômago embrulhasse e cada toque se tornasse cada vez mais asqueroso, ele suportava, com um sorriso em seus lábios. Afinal, era um passo mais perto de sua mãe. Naquele momento, Renriel preferia retornar a masmorra com o corpo sendo dilacerado pelos chicotes de fogo, mas névoa, como uma boa amiga, retornou e o quarto se desfez em sua frente. Então, o desespero tomou seu corpo e alma. Sua respiração estava mais e mais ofegante e como uma criança prestes a ficar sem ar, seus olhos se abriram em busca de algo. “MÃE!!” Ele gritou, mas os cascos podiam ser ouvidos e ele sabia que não iria fugir a tempo. “Vá, por favor!” Ele implorou, mas a mulher com os olhos de um lindo azul safira, apenas chorou, negando gentilmente com a cabeça. “Por favor, mãe, eles arrancaram sua língua, eles… te maltrataram e eu não pude fazer nada… por favor, vá embora. Eu prometo que um dia…”, mas ela nem mesmo o deixou terminar. As mãos trêmulas e friamente brutalizadas, seguraram as suas com força, como em um pedido desesperado para que ele se fosse. “Não! Não! Nem pensar!” Ele rosnou e antes que pudesse argumentar e convencê-la a ir, uma rajada de vento o jogou para longe e uma flecha n***a atravessou o coração da mulher. Os olhos de safira, apagaram-se como uma estrela ao cair no solo e os lábios que sussurravam docemente, se fecharam. Ele gritou e gritou, rastejou em sua direção, enquanto adagas e flechas atingiam seu corpo. Ele não lutou, mesmo quando o veneno se espalhava por suas veias, mas gritou, desesperado, vendo a sua razão de existir, se esvair em sua frente. O corpo sendo mutilado pelas mesmas pessoas que a torturaram e abusaram. ✶✶✶ Mark estava debruçado sobre a borda do navio quando ouviu os gritos da capitã. Seus olhos se arregalaram enquanto ele corria em direção a cabine. O medo de que algo houvesse acontecido se unia ao desespero, mas ao chegar à porta, era Cameron quem a guardava. “Saia da frente!” Ele ordenou e com um pequeno sorriso, Cameron se retirou, dando passagem apenas para Mark. Renriel estava sentada, as unhas cravadas na mesa de e nos papéis que ali restavam, seus olhos consumidos pela escuridão e as estrelas brilhavam em cada uma de suas tatuagens, enquanto novos símbolos subiam por seu pescoço. “O que caralhos…” ele murmurou, mesmo vendo Lucien por anos, ainda era assustador observar Sírius em ação. Ele esperou, ao lado da mesa, mas os gritos agonizantes da capitã, pareciam se tornar mais altos. Ela chorava, e gritava, desesperada. O idioma em que falava, era tão antigo quanto a existência do mundo e a sua dor era profunda como a que Lucien parecia carregar. Aquela foi a primeira vez na qual o imediato se perguntou, se realmente valia a pena ser o capitão de Sírius. Mas antes que Mark obtivesse a sua resposta, os gritos de Renriel se tornaram estridentes e o mar, parecia se tornar turbulento. Foda-se, ele pensou agarrando os braços de Riel e a chamando “capitã! Capitã! Acorde!”, mas ela continuava a gritar. “Renriel! Renriel, acorde! Você não está presa! Não tem ninguém para salvar!” Ele repetia a chamando. “Mãe!” Ela gritou com lágrimas de sangue descendo por seu rosto. “Renriel!!!” Mark chamou, abraçando o corpo da garota e limpando suas lágrimas. “Por favor, mãe, eles arrancaram sua língua, eles… te maltrataram e eu não pude fazer nada… por favor, vá embora. Eu prometo que um dia…” ela pedia, com a voz esganiçada pelas lágrimas. “Ren-Ren…” Mark murmurou, sentindo sua garganta apertar. A criança que ele cuidou, agora sofria em seus braços “Ren-Ren… acorde…” “Não! Não! Nem pensar!” Ela rosnou, soluçando e então gritou outra vez. Um grito de desespero e horror. Um grito que Mark ouviu muitas vezes ao consolar Lucien em pesadelos. Então, com os braços apertados em torno de ambos, ele deixou que a brisa envolvesse ambos, o aroma calmante de jasmim e lavanda, retornando ao cômodo. A canção do vento, sendo tocado como um sussurro dissonante e assim como era com os pesadelos de Lucien, foi com Renriel. Os gritos se foram, os soluços se acalmaram e o corpo tenso amoleceu em seus braços. Quando seus olhos se abriram, a capitã parecia uma completa confusão, mas de seus lábios, ele ouviu um nome que não esperava ouvir. “Baeddan”. ✶✶✶ “O que é Baeddan?” Beerin questionou com certa curiosidade. “Baeddan era um dos cinco reinos do leste. O quarto reino, localizado no centro do continente, onde faz fronteira com Eilir, Carwyn e Celyn. O reino mais abundante dentre os cinco reinos do continente de Eorwyn e também o mais pacifico desde sua fundação.” Foi Mark quem explicou, massageando as têmporas com uma expressão preocupada. O príncipe que ainda tinha seu corpo dolorido pelo “treino” com Cameron, ergueu uma sobrancelha, agora se tornando ainda mais curioso sobre o lugar. “O que foi, princesa, nunca ouviu falar dos cinco reinos?” Cameron provocou, em resposta, Beerin apenas suspirou. Então, ignorando a provocação, ele voltou a atenção para Mark e questionou “E o que aconteceu com esse reino?” “O rei de Baeddan era gentil e protegia seu povo como sua própria família, os cuidando e se certificando de que não haveria desigualdade ou crueldade entre os seus.” Mark disse como se tentasse rodear um assunto doloroso, mas Cameron então tomou a frente, explicando sem muita emoção “O povo de Baeddan eram caracterizados por seus olhos que lembrava safiras, e brincavam entre as cores azul, branco, violeta e cinza. Eles tinham uma pele de ébano, comumente pintada com símbolos dourados e seus cabelos que variavam de crespos a ondulados, desciam em longas cascatas brancas como a neve. Eles eram mais fortes, aptos à magia e inteligentes que a maioria dos humanos. Eles realmente foram pacíficos e bondosos, mas a paz que os alcançava não durou tanto quanto eles desejavam. Já que diferente de Baeddan, a fome e a guerra atingiram os outros quatro reinos, assim como a ganância”. Mark virou-se como se não quisesse ouvir a continuação e tomando como uma resposta afirmativa para que continuasse, Cam sorriu, satisfeito. “Eilir tinha poder massivo, magos poderosos e inteligentes, mas pobres de minérios e armamento, assim como de poderio militar. Carwyn, possuía minas repletas de joias e minérios, seus ferreiros eram inigualáveis e suas armas certamente eram as mais poderosas, mas ali, a terra era deveras infértil e naquele solo, nada cresceria. Celyn, o quinto reino, possuía uma terra fértil - não como as de Baeddan -, mas o suficiente para plantar e colher com qualidade. Seus minérios não eram abrangentes, mas de forma alguma eram carentes de armas ou ouro. Porém, seu rei era ganancioso e um grandessíssimo p*u no **, então após uma visita a Baeddan, onde ele “se apaixonou” perdidamente pela terceira princesa, ele resolveu que precisava fazer algo para tê-la e foi aí que tudo começou a desandar para o quarto reino. A princesa já estava casada com um jovem musicista que ela amava.” “Eles começaram uma guerra por esses motivos? Isso não faz sentido!" Beerin resmungou. “Eles não precisavam de algo que fizesse sentido. O rei de Celyn, tomado pela fúria e pelo ciúme, ordenou que o rapaz fosse morto e enviou a cabeça do bardo para sua esposa - que havia acabado de dar à luz ao príncipe Arawn. Ele esperava que com isso, Baeddan entrasse em contato, fosse tentando retaliação ou conversas diplomáticas, e então ele teria a chance de exigir a terceira princesa como esposa. Um casamento político”. “Mas não aconteceu…” a capitã sussurrou. “Não. Baeddan não entrou em contato, nem retaliou… o rei era bondoso demais pra isso e a terceira princesa, embora estivesse sofrendo, preferiu viver sua vida pacificamente com seu filho, mas em vez de admirar essa atitude, o rei de Celyn surtou”. “Um bosta” a capitã resmungou. “Um verdadeiro pedaço de merda” Cam disse com um sorriso, “mas um pedaço de merda muito inteligente. Ele sabia das dificuldades dos outros reinos, então, ele ofereceu a eles o que lhes faltava e em troca, exigiu apenas duas coisas: auxilio para a guerra contra Baeddan e a terceira princesa como seu prêmio final”. “Ele começou uma guerra, por ter seu orgulho ferido ao ser ignorado por Baeddan” Mark murmurou. “Ele foi perdoado por Baeddan” Cam corrigiu. “Ele conseguiu… e destruiu tudo e escravizou o povo.” Renriel concluiu. “Mas ele foi morto de forma c***l e dolorosa, 100 anos depois” Cameron disse por fim, sorrindo de forma satisfeita. Beerin que olhava de um para o outro tentando entender, suspirou “então… o que Baeddan tem a ver com a capitã?” “Aparentemente? A capitã viu tudo pelos olhos de um cidadão de Baeddan”. Cam disse dando de ombros. “Eu o vi nascer… e… morrer…” ela disse fechando os olhos pesadamente. “Eu ainda não entendi o porquê de estarmos contando isso pra princesa” Cam sussurrou, aproximando-se da capitã. “Só cala a boca, Cameron…” “Você pode me mandar calar a boca, capitã, mas não pode dizer que estou errado em questionar, afinal… ele era pra ser um prisioneiro” Renriel suspirou e ergueu o olhar para o assassino. “A princesa não demonstra nenhum perigo”. “São informações que ele não teria facilmente”. “Ele é confiável” Mark interveio. “Verdade, afinal… ele salvou a pessoa que o sequestrou” Cam provocou com um sorriso debochado. ✶✶✶  .•*¨*•.¸¸♪ Sumário♪¸¸.•*¨*•. Os 5 reinos: Localizados no lado leste, são os cinco reinos que dividem o maior continente desse mundo. Dividido em: 1º reino: Avalon, 2º reino: Carwyn, 3º reino: Eilir, 4º reino: Baeddan e 5º reino: Celyn. Baeddan foi dizimada e renomeado como sede de Celyn a séculos, mas recentemente, retornou ao seu nome original.
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