.•¨ •.¸¸♪ Aquele onde Beerin se lembra dos 13 ♪¸¸.•¨ •.
As asas de Cameron se esticaram de forma preguiçosa enquanto o vento gelado daquela noite o envolvia. Para o assassino, conhecido no submundo por sua crueldade - era reconfortante sentir a brisa que envolvia os lugares onde o quinto príncipe de Camellia se encontrava. Ele até mesmo poderia considerar desagradável a ideia de sempre estar indo e vindo, mas estar preso a um navio, certamente não era o seu ideal.
Mas o que seus olhos estavam presenciando?! A jovem de cabelos ruivos e olhos que outrora brilharam como duas grandes esmeraldas, estava realmente ao lado do herdeiro da família Angelov?
Muitas coisas poderiam ser explicadas, muitas coisas já estavam na palma de suas mãos. Informações não era um problema para Cameron e certamente nunca seria um problema para um m****o da família Callan. Fosse ele a usar o sobrenome, ou Renriel. Callan era um legado bem maior que Lucien, era algo respeitado em todos os reinos e por todo o submundo. Então, não tinha sido realmente complicado entender como as peças estavam prestes a se encaixar.
Uma bruxa do mar havia surgido em águas serenas, depois de 300 anos. O único príncipe da família Angelov – conhecida por serem os portadores da fênix –, foi raptado no dia do seu casamento por piratas navegando em um navio de velas estreladas. Sacerdotes de Agreste, encontraram um artefato mágico capaz de trazer a pessoa amada de volta a vida. Andrea estava encontrando dificuldades contra corsários de Fiesty e o mais assustador: Em dois meses, ocorreria o alinhamento dos planetas e o mar n***o estaria turbulento outra vez. Criaturas a muito adormecida, acordariam e logo, novos caçadores teriam navios e jovens capitães inexperientes como suas presas.
As coisas não ficavam agitadas assim por coincidência. Afinal, quem em sã consciência ainda acreditava na baboseira que significava a crença em coincidências? Algo grande estava por vir e isso envolveria os Callan, Angelov e certamente, a família Mirra. Um calor familiar se desvencilhou e inundou o corpo de Cameron, ele m*l podia esperar para ver tudo isso se desenrolar.
Os olhos do assassino demoraram-se sobre os dois mais abaixo, os braços de Renriel envoltos no corpo do príncipe, o guiando enquanto ela sorria. O rosto corado de Beerin, deixava claro até mesmo para as estrelas que havia muito mais do que se estava vendo. Cam bufou uma risada de pura diversão, enquanto girava no ar.
“A capitã pirata que se apaixonou pelo noivo do inverno... tão dramático”.
O assassino não pode deixar de pensar no qual bom seria uma peça com tal título. Como ele deveria chamar? Princesa... princesa, uma doce princesa que se apaixonou por uma pirata. Que nome eu daria?
Ah! Seus olhos brilharam na mesma intensidade que as estrelas, quando o rosto de Beerin se iluminou e em seus olhos bicolores, Cam pode ver as ondas do mar. Sim... Seria um bom nome. Princesa do mar...
Talvez, se Beerin ou Renriel tivessem consciência dos olhos de Cam, seus corações não se sentissem tão agitados, seus sorrisos não se tornassem tão brilhantes, mas para o assassino, que apenas via morte e sangue, aquela era uma cena para se guardar. Afinal, grandes amores levavam a grandes tragédias e Cameron m*l podia esperar para saber... qual a grande tragédia surgiria dessa história de amor.
✶✶✶
O príncipe Beerin tinha sentido seu coração palpitar. Não, seria certo dizer que ele estava batendo rápido o suficiente para que ouvir seus próprios pensando no lugar de seus batimentos cardíacos, se tornasse uma missão complicada, mas por algum motivo, aquela foi uma sensação que Beerin considerou como boa.
Suas mãos, estavam machucadas. E como não ficariam depois de tanto treinamento? Se Cameron parecia não leva-lo a sério e se divertir com suas falhas; Renriel era uma treinadora impiedosa e c***l, principalmente quando sabia que a menor aproximação, desconsertava completamente o jovem príncipe.
É tão difícil saber o que ela quer. Ele pensou enquanto pensamentos que ele tentava ignorar o diziam o contrário. A certo tempo, Beerin havia decidido não dar ouvidos a esses pensamentos.
Seus músculos queimavam, qualquer simples movimento era seguido de uma dor excruciante em seu corpo. Ele tinha sobrevivido a coisas piores – ele tentava dizer para se mesmo, tentando se convencer de que levantar e andar não era tão r**m. Quanto tempo fazia desde que Renriel o havia deixado ali?
Com certo pesar, ele se deitou no lastro do navio. A madeira era tão fria, que o príncipe se questionou se era por causa do vento noturno; mas seus olhos logo recaíram sobre uma figura que sobrevoava o navio. Os cabelos negros – assim como as asas que saiam de suas costas – deixavam claro que aquele, era Cameron. Os olhos de esmeralda, pareciam afiados como os de uma águia e mesmo lá em cima, Beerin conseguia ver o sorriso convencido que nunca largava os lábios do assassino.
“O que está fazendo aqui?” Ele perguntou com desanimo, sabendo que mesmo a 80 metros, Cameron ainda o ouviria perfeitamente.
“Eu que deveria te perguntar isso, majestade. Você me parece tão cansado...” Cameron o provocou. Seu tom era o usual. Deboche simples e puro, com um ar de superioridade que cairia bem para qualquer m****o da nobreza.
“Eu deveria te reportar tudo o que faço?”
Um riso frouxo pode ser ouvido, mas a voz de Cameron parecia próxima, tão próxima que Beerin sentiu a respiração dele em sua nuca, quando o assassino respondeu. “Talvez fosse bom não esquecer que ainda é um príncipe que foi sequestrado. Esquecer seu lugar, pode te causar muitos problemas, princesa.”
Os poucos marujos que ainda andavam de um lado para o outro, arrumando caixas ou puxando barris pesados pelo deck, pareciam ignorar o príncipe que falava sozinho, então, sem dar importância a todo o resto, Beerin apenas fechou seus olhos com força. Ele não precisava que Cameron o lembrasse de algo assim.
Como se lesse seus pensamentos, o assassino pousou. Os dedos finos e longos, deslizaram de forma descuidada por seus cabelos negros e ondulados.
“Talvez precise, afinal... você me parece totalmente sem rumo, meu doce príncipe”.
Beerin respirou fundo, tentando absorver a brisa noturna como uma energia extra, como se apenas aquele simples inspirar e expirar, o livrasse da irritação que Cameron parecia acarretar em quem quer que se aproximasse.
“Eu estou cansado...”
Ele riu, dando de ombros com descaso.
“Posso imaginar o porquê”.
O olhar dele, parecia fixar-se na rapier que estava jogada ao lado de Beerin. As botas de couro de Cameron, rangeram quando ele pareceu trocar o peso de uma perna para a outra, como se analisasse e cogitasse se algo realmente valeria a pena. Beerin por sua vez, implorou a deusa que ele resolvesse que: não valia a pena, fosse lá o que ele estivesse pensando.
Talvez, uma Deusa realmente não existisse, mas naquele momento, foi como se ela o houvesse dado ouvidos. As sombras que envolviam Cam, se tornaram mais espessas e como se suas asas estivessem se retraindo, o rapaz fez uma expressão carrancuda e avançou para o céu novamente, deixando apenas um resmungo inaudível para trás.
Com a sua tão desejada paz de volta, Beerin se questionou se já havia parado para admirar o céu desde a caminhada com Eilidh. Seu corpo, agora não parecia tão quente quanto ao se jogar no lastro de Sírius e o vento gelado da noite, o abraçava como uma criança carinhosa. A madeira n***a com a qual Sírius parecia ter sido construído, era muito bem trabalhada e delicada ao toque. Tantos detalhes esculpidos em suas bordas, mastros e escadas. Um trabalho digno de um feérico – Beerin não consegui evitar o pensamento de que um dia, ele gostaria de conhecer a pessoa que projetou tal navio.
Em sua mente, ainda havia as canções antigas e nelas, ele ainda se recordava de imagens dançantes sobre o ar.
“Com linhas tão finas, vem Virgo dançando.
Com trajes tão nobres, é Leon que renasce.
A graça de Aquários, traçando seu caminho.
É Pices que destoa do mar e do vinho.
A força de Tauros, acorrenta seus erros.
A justiça de Libra, é o coração de um mundo.
Como as estrelas de Gemini, que atraí os tolos.
A bondade que existe até no coração de Scorpion.
É Cancer o responsável por todas as lágrimas?
Ou talvez seja Sargitarius que outra vez se enganou.
Os tesouros são guardados no peito de Capricorn,
Assim como o poder de Aries dança pelas nuvens.
Mas seja dia ou noite, com velas estreladas, é Sírius quem ordena a vida passada.”
Os Lábios de Beerin murmuraram a canção, como se precisasse de cada palavra para se fazer entender. Sírius - o 13º navio lendário, era também o mais poderoso. E se ele era real, seriam também todos os outros doze?
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Ela m*l teve tempo de retornar a cabine. Seu corpo tremia como se estivesse prestes a colapsar. O que diabos isso significava? Assim que se aproximou da poltrona que Mark havia colocado próxima a sua cama, ela sentiu sua visão escurecer. Seu corpo queimava e a voz familiar que pertencia a Sírius, ria com diversão. A neblina e escuridão, logo a engoliria e Renriel se questionou... sobre o que realmente veria dessa vez, mas a voz de Mark, fez seu coração parar, porquê o sentimento de estar sufocando ao vê-lo chorar, a fez saber no corpo de quem, ela estava dessa vez.
"Eu te imploro, não faça isso...” ele implorou com lágrimas em seus olhos.
Um sorriso triste era esboçado naqueles lábios rosados. “Desculpe...”
“Não! Não ouse se desculpar!”
“Desculpe, mas...”
“VOCÊ VAI MORRER POR ELA? Você está indo direto pra morte!” Ele rosnou.
“Ela foi a única...”
“Não! Ela não foi! Eu estou aqui droga!”
Os dedos de Lucien acariciaram seu rosto com pesar. “Você é um deles, Markel... e eu sou o vilão dessa história.”
O peito de Mark apertou como se estivesse prestes a explodir. Por que diabos era tão doloroso?
“Lucien... não faça isso...” pediu com a voz falha.
“Markel Camellia...” ele o chamou com o tom doce e carinho, que fez seu coração vacilar. “Eu sinto muito...”
“O que você quer? O que eu preciso fazer pra que me escute?”
“Nada, eu só vim dizer adeus” Lucien sussurrou, recostando a testa a sua e fechando os olhos de céu estrelado que fazia o coração de Mark acelerar. “Porque durante todo esse tempo, eu procurei algo, eu senti que algo estava faltando e quando ti vi, com os cabelos brancos, envolto pela neblina verde, eu soube que havia encontrado”.
“Então não vá...”
Lucien suspirou “eu preciso, Markel”.
“Não! Você não precisa! Droga! Você... você é um pirata, não um herói!”
O ruivo bufou uma risada contida “Piratas não abandonam os seus e um capitã... nunca abandona seu navio...”.
“Ele afunda com ele...” Mark completou com pesar.
Quando Lucien se afastou, um pedaço de sua alma o acompanhou, e Markel, o mestre do vento do sul, jamais pensou que algo doeria tanto quanto ver as costas daquele homem e saber que nunca o veria novamente.
Os lábios de Renriel tremeram e ela teve que se segurar na poltrona estofada de azul ciano para não desabar ao chão. Quanto tempo ela ainda teria essas visões? Seu peito parecia esmagar com os sentimentos de Lucien e ela se questionou se Mark a explicaria caso ela questionasse.
Você parece um filho da p**a sádico. Ela rosnou para o navio, que com uma risada contida, não a respondeu.
Está sendo divertido, brincar com a minha cabeça?
“Não chamaria de diversão, mas já que tocou no assunto, eu particularmente gosto”. Sírius respondeu sem rodeios. A voz estrondosa em sua mente, a fazendo segurar a cabeça com ambas as mãos antes de se jogar na poltrona na qual se apoiava.
Por que não decide ser útil e me explica como ocultar nossa presença?
“Talvez porque além de nunca ter pedido isso antes, você parecia ocupada com o príncipe Beerin Amarílis Angelov.”
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.•*¨*•.¸¸♪ Sumário♪¸¸.•*¨*•.
Rapier: é um tipo distinto de arma branca, uma espada comprida e estreita, popular desde o período Medieval até a Renascença. são geralmente descritas como sendo espadas com a lâmina relativamente longa e fina, ideal para golpes de perfurações e uma proteção guarda-mão com complicados filetes de metal, o que a torna uma bela arma, podendo ser usada na esgrima artística (mesmo não sendo uma arma própria para o desporto). A lâmina pode ter largura suficiente para cortar a golpe, mas o poder da rapieira vem da sua habilidade de perfuração. Rapieras podem ter gumes com fio de corte só dum lado, com fio de corte dum lado só da ponta até ao meio (como descreveu Capoferro), ou podem ter gumes completamente cegos.