.•*¨*•.¸¸♪ Capítulo 17 ♪¸¸.•*¨*•.

1520 Words
.•¨ •.¸¸♪ Aquele onde o mundo é injusto ♪¸¸.•¨ •. Ela já estava chorando nos braços de Mark quando sua visão retornou. A névoa que normalmente se dissipava a cada vez que ela era imersa naquele turbilhão de sentimentos, a havia traído dessa vez e sem um único segundo de paz, ela foi jogada de volta ao seu corpo, mas ainda sentia a dor de cada uma das flechas e a agonia de ver a mulher de olhos de safira, caída e morta a poucos metros de distância; sua mão, ainda estendida para frente, era segurada pelo imediato que murmurava “Ren-Ren, está tudo bem, isso não é real...”. Ela não queria chorar, mas as lágrimas não cessavam; sua garganta queimava e o desespero ainda era palpável, mas o odor de lavanda que impregnou suas narinas, pouco a pouco a acalmou. “Se sente melhor?” Mark sussurrou, beijando o topo de sua cabeça. “Sim” ela sussurrou fechando os olhos pesadamente. “O que aconteceu?” Foi Beerin quem questionou, irrompendo da porta ao lado de Cam; o assassino a fitava com curiosidade brilhando pelos olhos esmeralda. Com Mark ainda a abraçando, a capitã respondeu, recostando a cabeça no peito do loiro. “Sírius aconteceu...” “Ela viu algo... referente a Baeddan” disse Mark. acariciando o rosto de Renriel. “Acho que você deveria descansar”. “O que é Baeddan?” O príncipe então questionou, com os olhos fixos na capitã e em seu imediato, que com certo desconforto, a soltou. Renriel sentiu Mark se afastar antes de começar a explicar sobre o lugar e como uma criança medrosa, ela quase o puxou de volta; mas se conteve e abriu os olhos com dificuldade. Era doloroso... como a luz fosse excessiva. Os pergaminhos em sua mesa, estavam manchados com sangue e alguns estavam rasgados e desfeitos em pedaços; naquele momento, ela já nem sabia se ficava feliz ou triste por ter sido a causadora daquele estrago, afinal, já não tinha com quem reclamar. Por outro lado, Mark e Cam pouco a pouco explicaram sobre o antigo reino de Baeddan para Beerin e assim como ela esperava, a reação do príncipe foi de simples indignação. Era sempre surpreendente o quanto ele não entendia sobre a crueldade da nobreza, principalmente por ele ter sido vítima da mesma por tanto tempo. Talvez, Beerin se tornasse um bom rei, caso Asaph fosse dada em suas mãos - ela se pegou pensando -, mas aquele não era realmente um dos seus problemas. ✶✶✶ Mark a abraçava como se o mundo estivesse prestes a cair e uma aura esverdeada os envolvia. O rosto da capitã estava manchado de sangue, mas nem mesmo isso o havia surpreendido mais que a explicação de Baeddan. Ela havia sofrido tanto por apenas ver algo daquele reino perdido e destruído? Mark se retirou, dizendo precisar conversar com Lex sobre assuntos pertinentes e Cam, com uma certa alegria, se retirou junto a ele, o provocando como parecia adorar fazer; talvez para seu azar, Beerin não conseguiu tirar os olhos de Renriel, que agora segurava um litro de rum pela metade com os pés jogados sobre os pergaminhos rasgados. “Você sempre bebe pra lidar com seus problemas?” Ele se viu perguntando, cheio de uma coragem que não sabia de onde havia vindo. Ela fez uma careta soltando um riso abafado. “Talvez... tem uma sugestão melhor?” O príncipe jogou a cabeça para trás com certo desconforto, afinal ele nunca tinha bebido por vontade própria e tudo o que sentia em relação a bebida era o medo e o enjoo, ambos relacionados ao fato de o forçarem a isso, a ponto de sua mente se desligar e seu estômago devolver tudo no dia seguinte. “Não sei se posso opinar” “Foi um inferno” ela disse com a voz baixa. “O que você viu?” O rosto da capitã franziu-se em uma careta dolorosa, como se ela realmente não desejasse lembrar. “Muita coisa..., mas não foi tão simples” resmungou virando a garrafa e bebendo no gargalo. Beerin recostou-se no sofá a observando. “Você realmente quer falar sobre isso?” Renriel bufou uma risada sem graça enquanto murmurava “achei que era eu aquela que te consolova e não o contrário". Ele deu de ombros. “Não sei se isso pode ser considerado consolar...” ele disse desviando o olhar para o lado. Renriel era uma pirata, assim como era a responsável pelo caos que sua vida tinha se tornado, mas ainda assim, algo o atraia para ela, como um imã que o impedia de manter distância; algo que o impedia de odiá-la. Algo que o fazia temer que ela descobrisse existir, mas o barulho da garrafa sendo solta de forma descuidada a sua frente, fez seus olhos retornarem à direção da capitã e para sua surpresa, ela estava a centímetros dele. Com a garrafa de rum em uma das mãos e o corpo recostado a mesinha, Renriel o fitava a menos de dois pés de distância. Aqueles grandes olhos de céu estrelado, brilhavam com malícia enquanto seu rosto pendia para o lado, os cabelos ruivos ainda bagunçados. “Então como você poderia me consolar, princesa?” Beerin sentiu o ar lhe faltar aos pulmões ao ouvir aquelas palavras e seu rosto corou com os pensamentos que lhe surgiram de imediato, com rapidez, ele abaixou a cabeça, desviando o olhar para baixo; mas Renriel não o deixaria escapar. “Humm... está pensando besteira, princesa?” Ela se colocou de joelhos entre as pernas dele e segurou em seu queixo com uma das mãos, o forçando a fita-la nos olhos “não vai me consolar?” perguntou de forma manhosa. Com o rosto em chamas, ele pigarreou, tentando mudar de assunto. “Es-essa é outra forma de... lidar com os problemas?” As unhas dela roçaram em sua bochecha e o rosto dela se aproximou o suficiente para que Beerin conseguisse sentir seu hálito. “Não, é apenas algo que considero divertido” esboçou um sorriso de canto “você fica tão desconcertado quando te toco... que me sinto tentada a provoca-lo". Seu rosto queimava com cada palavra dita por ela, era pedir demais que aquilo não acabasse de um jeito r**m? De certa forma, ele desejava que não ficasse apenas em provocações. Então, antes que a coragem que lhe restava o abandonasse, ele murmurou. “E o que faria se eu reagisse a isso?” O sorriso no rosto de Renriel não se desfez, mesmo quando seus olhos azulados demonstraram surpresa. Não seja ganancioso, a voz familiar o advertiu. Então, com uma voz doce e melodiosa, ela perguntou, "Você reagiria, príncipe Beerin?" Desconcertado, ele respondeu, desviando o olhar. "Não devia brincar assim com as pessoas, capitã… isso é meio c***l". "É mesmo?" Os dedos em seu queixo deslizaram delicadamente por sua bochecha e logo, o toque quente e suave se tornou um carinho. "Mas você é tão tentador…" Aquelas simples palavras despertaram algo dentro do príncipe. Não o sentimento angustiante e sufocante, o calafrio ou o embrulho em seu estômago; era algo que aquecia seu corpo, que envolvia seus pensamentos em uma bolha incolor e enevoada, mas como uma brisa forte, que espalha para longe a neblina sobre seus pensamentos, um rosto frio e delicado surgiu em sua mente. "É uma pena. Em Fiesty quase nunca ah sol". O que era essa lembrança? Beerin engoliu em seco e por um momento, ele se lembrou daquelas palavras ditas por Eilidh. O rosto sem expressão que não combinava com o cuidado de suas palavras. Ela ainda o estava procurando e esperando. Por um momento, seu peito pesou, como se uma pedra o ancorasse ao chão; e com os olhos azulados o fitando, Beerin sussurrou com decepção “Isso é tão injusto...”, mas aquelas palavras não foram para a capitã, ou para a rainha Eilidh que reinava sobre Fiesty. Eram apenas uma afirmação solitária. A afirmação de alguém que nunca pode escolher seu próprio caminho. Uma criança fadada a viver da forma que o mundo desejava, o príncipe condenado ao ódio de seu pai, a aberração vendida a um reino distante em um casamento político, o simples objeto de desgosto e usos promíscuos do reino de Asaph. Beerin poderia ser tudo, menos algo que ele realmente desejava e por todo aquele tempo, ele nem mesmo conseguiu entender o que era desejar algo. No fim, isso era realmente injusto. ✶✶✶ .•*¨*•.¸¸♪ Sumário♪¸¸.•*¨*•. Eilidh: Rainha de Fiesty, coroada a 3 anos e noiva do príncipe Beerin. Asaph: reino localizado no continente n***o do extremo sul. Governado por Abellio – Rei regente. Reino de onde Beerin é o príncipe herdeiro. Fiesty: reino localizado no continente gélido no extremo norte. Governado por Eilidh. Em Fiesty é de conhecimento geral que apenas mulheres podem reinar.
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