.•*¨*•.¸¸♪ Capítulo 58 ♪¸¸.•*¨*•.

1541 Words
•*¨*•.¸¸♪ Aquele onde Beerin bebe com a capitã ♪¸¸.•*¨*•. Renriel nunca pensou que ouviria palavras como aquelas. Nunca esperou que Beerin sentisse que havia sido salvo por ela, mas ainda assim, foi como se ele simplesmente arrancasse de seu peito e de sua mente toda a escuridão que a rodeava. Eu não o machuquei. Ela pensou. Ao menos... não o machuquei mais. “Eu...” ele suspirou “poderia não me evitar?” Ela piscou algumas vezes e sentindo seu rosto corar levemente, pigarreou. “Não estava...” “Você é uma péssima mentirosa para quem é uma pirata tão boa” ele zombou e capitã sentiu seu rosto esquentar. Ela mentia muito bem, tão bem que as vezes enganava até mesmo a Markel, mas... não quando se tratava de Beerin. Porque nada era como deveria ser quando se tratava de Beerin. “Eu só não queria... impor a minha presença a você” sussurrou “não queria ser...” “A amante que espera que eu corresponda aos sentimentos?” ele perguntou, os olhos bicolores brilhando com diversão. “Sim” ela admitiu dando de ombros “não queria fazer esse papel ridículo”. “Bom, você não está fazendo” ele disse levantando da poltrona e sentando-se ao lado dela. Os cabelos de Beerin estavam soltos e caiam por seus ombros quando ele se inclinou para ela “não é a amante a espera de ser correspondida se sinto interesse, certo?” Renriel riu. “Você ao menos sabe se realmente é interesse?” Questionou. “Perdi minha memória, capitã, não os neurônios responsáveis pelas emoções” ele zombou. “Tem certeza?” Ela o provocou. “Maldade” ele choramingou e a capitã se deu por vencida. “Certo...” sorriu “eu não irei evita-lo” Beerin sorriu “então beba comigo”. Renriel piscou sem a certeza de que havia escutado direito as palavras de Beerin. “Como?” “Beba comigo” ele repetiu, o rosto apoiado em uma das mãos enquanto o cotovelo apoiava-se na perna. “Você não bebe...” ela disse sem entender. “Bom...” ele sorriu “quero tentar” “Comigo?” Ela ergueu uma sobrancelha em descrença. “Por que não?” Porque você não duraria três shot’s, ela pensou, mas ainda assim, sorriu se dando por vencida. Sabendo que não conseguiria dizer não para aquele rostinho. “Certo, podemos beber” ela olhou em volta “mas começaremos com vinho” “Vinho?” Ele mostrou a língua “eu vi você bebendo Rum esses dias” Renriel riu. “Rum? Docinho... você não conseguiria beber rum, é muito forte e amargo” Ele arqueou uma das sobrancelhas, como se a desafiasse. “Como é?” Renriel mordeu o lábio contendo o sorriso. Ou ao menos tentando. “Eu só acho que como não está acostumado, não vai gostar do sabor” “Você parece me subestimar, capitã” ele murmurou fazendo bico. A ruiva se viu o comparando a uma criança contrariada e por um momento, aquele era apenas Beerin. O mesmo Beerin que fazia bico e a questionava sobre Andreas. Um Beerin doce e ciumento, um Beerin mimado e levemente infantil. “Acha que te subestimo?” Ela o incentivou e o príncipe virou o rosto bufando. “Está me tratando como criança” “Claro que não” ela mentiu. “Vou te mostrar que está errada” ele disse virando-se na direção de Renriel e esboçando um pequeno sorriso. Aquele sorriso fez a espinha da capitã, gelar. Como Beerin havia pedido, ela não iria negar, então, quando comeram e estavam sentados na cabine, a capitã buscou duas garrafas de rum e duas de vinho para a mesinha de centro que ficava entre os sofás. “Certo, por onde quer começar?” Perguntou sentando-se de pernas cruzadas ao lado do príncipe. “Rum” ele disse pegando um dos copos de cristal que ele havia posto a sua frente e colocando ali o que seria equivalente a duas doses de rum. Os olhos da capitã estreitaram-se enquanto ela tentava conter o riso. Era impossível se manter séria por muito tempo quando Beerin pegava uma garrafa de rum e colocava um pouco em um copo. Ele cheirou uma, duas, três vezes antes de beber e quando seu rosto se contorceu em uma careta, ela se viu tendo que se segurar para não dizer – eu avisei. “Por que alguém bebe isso?” Resmungou. “Porque existem pessoas que gostam do sabor” Renriel respondeu enquanto tomava o copo das mãos dele e virava ela mesma “como eu” Beerin fez bico. “Está me chamando de fraco?” “Não, querido, apenas dizendo que temos gostos diferentes” Temos muito de diferente, ela completou mentalmente e como se pudesse ler sua mente, Beerin suspirou pegando uma das taças que foram postas ali e servindo para si um pouco de vinho. “Por que exatamente as pessoas bebem?” Perguntou enquanto tomava um gole. Renriel se viu em silencio por tempo demais, ela não tinha certeza do porque os outros bebiam, no fim, parecia confuso de se explicar. “Depende” se viu murmurando enquanto se servia outra dose de rum “existem muitos motivos para se beber” Beerin a fitou, esperando pelos motivos, pelo porquê. “Bom...” ela olhou para seu copo “alguns bebem ocasionalmente por gostar do sabor, afinal é o mesmo motivo pelo qual se come algo específico” deu um longo gole “outros...” “Pra esquecer a dor?” Beerin questionou com a taça sobre os lábios. “Sim. Esquecer é outro motivo” Renriel admitiu “esquecer é normalmente o maior motivo. Alguns costumam se enganar e achar que só querem a sensação de entorpecimento, mas não se necessita estar entorpecido sem que precise se esquecer de algo” “Porque quando se está feliz... você não deseja ser entorpecido daquela sensação ou realidade” Beerin completou. “Exato” Renriel sorriu “pessoas felizes não precisam se entorpecer, o problema é que raramente alguém é feliz” Beerin assentiu. “Mas existem outros motivos” admitiu “alguns bebem apenas porque é uma forma de se matar” Os olhos bicolores fixaram-se nela com um misto de preocupação e curiosidade. “Cada ser humano tenta se destruir de uma forma” murmurou “uns se colocam em perigo constante, outros abdicam de coisas simples que são necessárias para se viver e outra... bom, elas preferem se envenenar” Ela sorriu, um sorriso calmo e simples. “Por que está tentando se envenenar?” Beerin piscou como se só então se desse conta, mas seus lábios se curvaram quando ele tomou outro gole do vinho. “Quero saber o gosto do veneno que costuma ingerir com tanta felicidade” “Ah...” “Mas sinceramente? Tem um gosto horrível, então... o que você está tentando esquecer?” “Tantas coisas...” “Eu estou entre elas?” A voz dele parecia fraca quando questionou. Em partes – ela queria admitir, mas por que? Beerin não era algo que ela queria esquecer. “Sim e não” se sentiu forçada a falar “quando você desmaiou em Agreste...” a voz dela falhou “eu não sabia o que fazer, nem como agir” Pigarreou. “Me vi bebendo por dias, provavelmente até mais do que bebi quando Lucien se foi...” Agreste... Beerin não se lembrava do que havia acontecido, mas sabia onde o reino se encontrava. O que havia acontecido lá? Para responder sua pergunta, Renriel continuou. “Você parecia morto... mesmo que ainda respirasse, seu corpo estava gelado, seus lábios estavam azulados e as vezes eu acordava no meio da noite e tinha que checar se respirava para sentir que ainda estava vivo, porque sinceramente? Não parecia estar” Parecia doloroso, o príncipe pensou. “Eu sabia que me importava com você, mas naquele momento confesso que não soube como agir. Não lido bem com perdas, nunca lidei e não sei se um dia vou aprender a lidar...” Ela pigarreou virando a bebida que restava em seu copo. “Naqueles dias, durante as duas semanas onde não acordou, eu bebi. Eu desejei esquecer que você era importante, que tinha te beijado e o quanto queria que você acordasse. Tentei esquecer, mas nem mesmo o rum me ajudou” ela sorriu, um sorriso vazio “no fim, mesmo quando minha consciência flutuava, eu ainda olhava pro seu rosto e sentia meu peito afundar com a dor, com a dor que a ideia de nunca te ver acordar causava” Renriel suspirou. “Mas você acordou e então foi imprudente, de novo e de novo. Acho que esse deve ser um dos seus charmes” brincou servindo para si outra dose de rum. “E agora?” Beerin questionou “bebe pra esquecer que perdi a memória?” A ruiva sorriu. “Não, eu bebo pra conseguir dormir sem o calor que me acostumei a ter do meu lado”. ✶✶✶
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