.•*¨*•.¸¸♪ Capítulo 64 ♪¸¸.•*¨*•.

1598 Words
•*¨*•. ¸¸♪ Aquele onde o assassino não tem um nome ♪¸¸.•*¨*•. "O que houve?" Beerin questionou. Cameron tossiu tentando alcançar a xícara com chá, sua garganta estava queimando, sua boca parecia completamente ausente e ele podia jurar que sua alma estava morrendo naquele exato momento. "Acho que o demônio esmeralda ainda não está acostumado a pimenta" o homem que os serviu brincou e Beerin olhou pada Cam em busca de respostas. "Está tentando me matar?" O homem riu. "O seu amigo está indo muito bem, não culpe a nós" Ele sabia que não podia culpar, mas seu orgulho estava ferido naquele momento. Beerin por sua vez provou novamente o prato a sua frente. "Não entendo..., não achei tão forte assim" Cam sentiu seu rosto esquentar, mas já não tinha certeza se era pela pimenta, pela vergonha ou irritação. "Talvez fosse melhor ficar quieto" resmungou enquanto tomava todo o chá que havia se servido e preenchia a xícara outra vez. O príncipe sorriu. "Então essa é a sua fraqueza? Pimenta?" Cam o fuzilou com os olhos. "Não tenho fraquezas" Beerin arqueou os lábios com deboche. "Seu rosto corado e a falta de ar me diz o contrário" Ele queria negar, queria poder dizer que Beerin estava enganado, mas a verdade era exatamente aquela. Cameron odiava pimenta e era tão resistente a ela quanto qualquer outro ser comum que coexistia naquele universo. E isso era algo que ele odiava ainda mais. Para seu total azar, Beerin jamais iria esquecer sobre isso. O mundo é realmente c***l, ele pensou e sentindo sua língua ainda arder, suspirou se dando por vencido pelas provocações de Beerin. O príncipe por sua vez, aproveitou a refeição como se aquela fosse a melhor coisa que já comeu em sua vida. Seus olhos brilhavam, sua voz parecia tão empolgada quanto a de uma criança hiperativa e Cameron jamais conseguiria entender como ele conseguiu comer uma quantidade tão absurda de comida em tão pouco tempo. Ao fim, o assassino se viu deixando naquela barraca um saquinho com 30 peças de ouro e grande parte do seu orgulho ferido. Mas enquanto Cameron afundava em sua dor e no ardor que ainda não o havia abandonado, Beerin se deliciava com as novas sensações e sua curiosidade. Ele andou de barraca em barraca, deslizando entre os negociantes, os gritos, os chamados. Ele olhou jóias, tecidos, enfeites de cabelo e até mesmo armas ornamentadas. Mas o mais engraçado foi o assassino ter total certeza de que mesmo que o príncipe ainda tivesse suas memórias, suas reações seriam as mesmas. Em dado momento ele foi puxado pela multidão e entre os bardos que tocavam por todo o canto, foi incentivado a dançar. "Vamos, dance comigo" uma moça de cabelos loiros instigou enquanto segurava as saias com as pontas dos dedos e dançava em torno de Beerin "se liberte, venha!" Cameron sabia onde iria dar, mas ainda assim se viu parado, assistindo. Diferente do esperado - e do antigo Beerin -, ele aceitou e com a mão segurando a dela, ele dançou. O assassino se viu parado, assistindo enquanto ele dançava com a garota; a multidão que já era grande se tornou maior ao ver um casal tão bonito se apresentando e Cam teve inveja daquela leveza e de como Beerin agora parecia tão livre. Aquela era uma liberdade que ele nunca teria. "Ainda bem que sabe" a voz familiar murmurou e Cam sentiu seus ossos gelarem. Não é ela, não pode ser, não existe uma forma de ser ela. Ela está morta. "Você sempre foi assim, medíocre" a voz continuou "e eu que pensei que poderia servir de algo, mas até seus resultados foram medíocres... você só me decepcionou" Não é ela, não é ela. "Lembra quando te joguei naquele lugar cheio de escorpiões? Esperava que ao menos me poupasse o trabalho e morresse de uma vez, mas você os comeu" Flashback's indesejados inundou a mente do assassino e enquanto Beerin sorria e dançava, Cam segurava firme em uma das barracas e seus dedos estraçalhavam a madeira. "Você não é real" ele rosnou fechando seus olhos com força ao sentir a mão fria sobre seu ombro. Ele se lembrava bem desse toque. Um toque sem amor, sem carinho, sem nenhuma vontade de ajudar. "Você não vai conseguir escapar de quem realmente é, experimento 078" Cameron estremeceu. "Esse não é meu nome..." Ela sorriu, ele podia sentir mesmo que não a visse, mesmo que se recusasse a ver aquele maldito rosto outra vez. "Você não tem um nome" Alguém faz isso parar. "Eu tenho..." ele murmurou. "Ah... sério? Ainda se chama de Cameron?" Ela riu um riso de puro escárnio. Ele não queria responder, não queria continuar a ouvi-la porque sabia como terminaria, como ela o machucaria. "Nariz torto" ela bufou "se gosta tanto desse nome, deveria me agradecer" "Cala a boca" ele rosnou e ela riu alto. "O que foi? Aprendeu a responder?" "Cala. a p***a. da sua boca" ele disse pausadamente sentindo todo o seu sangue ferver. "Não gosta tanto do seu nome, Cameron, então agradeça a sua mãe apropriadamente. Fui eu que quebrei ele aquele dia, não se lembra? Você foi tão desobediente não matando aquele bicho idiota... eu tinha que te punir" Os olhos de Cameron se abriram com a raiva que inflamava seu peito. Ele podia ouvir os gritos de desespero do cachorrinho que havia ganho do homem que sempre a acompanhava. "Não..." ele murmurou tentando afastar aquela memória, uma memória desagradável. Desnecessária. "Lembra de como você gritou quando eu o matei? Vai gritar assim se eu matar todos eles? Eu deveria começar por quem?" O corpo do cachorrinho no chão fez Cameron sentir o ar sumir de seus pulmões. "Ah! Verdade... a capitã vai morrer de qualquer forma... então talvez eu deva começar pelo príncipe?" "CALA A BOCA!" Cameron gritou e o rosto a sua frente se contorceu em um sorriso amplo e alegre. "Vai embora..." ele pediu e sentiu sua garganta queimar "você não pode ser real" Ela riu. "Não posso?" Cameron grunhiu, Renriel não podia morrer, mas tão pouco ele podia interferir. "Vai embora..." implorou e a mão de Ames segurou em seu ombro o fazendo virar em sua direção e olhar em seu rosto. "Cam? Com quem está falando?" Os olhos esmeraldas estavam marejados e ela se lembrava bem daquela expressão. Era a mesma da noite em que Cameron voou para longe do seu quarto e sumiu por meses, sem ao menos lhe mandar uma única carta. Um sinal de estar vivo. "Ames..." ele murmurou com um tom embargado pelo choro. "O que aconteceu? Onde está Beerin?" Beerin... o olhar de Cameron foi para o centro da multidão e lá o príncipe ainda dançava. Ames suspirou. "Você está bem?" Cameron sorriu, um sorriso que não alcançou seus olhos. "Estou" Mentira. Ames sabia que era mentira, assim como sabia que Cameron jamais se abriria com ela. A realidade era que na tripulação não existia alguém além de Lucien que conhecesse Cameron de verdade. Para todos, ele era apenas o que desejava ser. A sombra da capitã, o assassino temido em Águas Serenas, impiedoso, sem escrúpulos e sem sentimentos. Uma parte de Ames acreditava naquele disfarce, ou ao menos em partes dele; mas outra - aquela que viu um certo brilho no olhar de Cam -, não conseguia evitar de esperar ver o que havia além daquilo, além do medo que ele nutria em torno de si mesmo, além do seu egoísmo e egocentrismo inicial. Cameron era mais, muito mais do que mostrava e as lágrimas que pareciam prestes a rolar de seus olhos eram como uma prova viva disso. Ames sorriu. "Certo, então não perca Beerin de vista. Vou me encontrar com Jace e ver se consigo veneno de trasgo para minhas flechas" Cameron assentiu, agora parecendo menos pálido e abatido. "Te vejo no navio" ela disse antes de sair, e se Ames fosse aquela capaz de ler mentes, se ela houvesse herdado o dom de sua família, talvez ela soubesse naquele momento o quanto o assassino estava grato. "Rao" ele chamou baixinho e a espada em seu quadril tremeu. "Dói?" ela perguntou. "Muito..." ele sussurrou e parte sua pode jurar que uma mão gentil tocou seu rosto em uma breve carícia. "Eu sei o seu nome, Cam... ele existe, é seu. Está gravado em sua alma" ela tentou conforma-lo e Cameron se questionou, o quão quebrado ele deveria parecer para que Rao desejasse confortá-lo? Talvez... aquela mulher estivesse certa. Talvez ele não passasse de algo medíocre. Um fracasso. ✶✶✶ .•*¨*•.¸¸♪ Sumário♪¸¸.•*¨*•. Rao: Rao é uma lâmina amaldiçoada que possuí alma e consciência. Ela está viva, como espada e se tornou imortal graças a isso. Bardos: Pessoas capazes de se vincular com instrumentos e ferramentas, os tornando canalizadores mágicos. Bardos possuem habilidades capazes de manipular as emoções e os sentidos de outras seres. Águas Serenas: Uma ilha localizada na parte superior Leste do mundo. Ela é protegida por inúmeras magias e artefatos, tendo sua entrada permitida apenas por aqueles que carregam os nove mares em seus corações. Demônio esmeralda: a forma como aqueles que conhecem Cameron Callan se referem a ele no submundo - isso incluí águas serenas. Sombra: título dado aos assassinos que servem fielmente a um senhor. Após um juramento, o assassino serve a esse senhor como sua sombra, indo aonde ele vai, realizando todos os seus desejos.
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