.•*¨*•.¸¸♪ Capítulo 57 ♪¸¸.•*¨*•.

1889 Words
•*¨*•.¸¸♪ Aquele onde Beerin questiona Cameron ♪¸¸.•*¨*•. Renriel o fitou como se tentasse entender aquelas palavras e Beerin sabia que para ela, era confuso vê-lo falar daquela forma. Ele podia não se lembrar como era, mas era obvio que sua personalidade era diferente; era obvio pela forma como o fitavam sempre que ele falava algo ou quando agia perto dos marujos. Era como se todos esperassem que ele tivesse medo. Ele queria tê-la segurado pelo pulso, queria ter segurado Renriel e dito que ele não tinha medo dela, mas quando a capitã o ajudou a levantar, ela sorriu brevemente se afastando. “Acho que é o suficiente por hoje” disse sem dar a ele chances para continuar. Isso tudo era culpa? Ela tinha tanto medo assim que ele se arrependesse? Beerin não conseguia entender, mas ainda assim a observou entrar na cabine. Ele suspirou pesadamente e enquanto tomava café, recostado a proa do navio no dia seguinte, o cheiro do perfume de Cameron impregnou suas narinas. “Você realmente precisa amenizar nesse perfume” brincou virando o rosto na direção do assassino. Cameron usava um traje que lembrava as kurtas usadas no reino de Imeril Carmesim; preta com bordados dourados. Os cabelos negros caindo em sua pele clara com um contraste quase inumano. Os olhos de esmeralda brilharam com malicia. “São poucos os momentos em que posso usar perfumes” disse sentando-se na proa. “Ser um assassino é meio chato quando se trata de deixar rastros” “Então tenta intoxicar seus amigos quando está fora do trabalho?” Zombou. “Amigos?” Cameron sorriu. Beerin o fitou com um pedaço de pão na boca. “Não somos amigos?” Perguntou de boca cheia. “Por que acha que somos, princesa?” O príncipe deu de ombros. “Você continua vindo até mim e mesmo que tente bancar o assassino frio e manipulador, ainda me questiona sobre como me sinto, ainda tenta me ajudar e parece cuidar de mim” falou sem se preocupar “se não é meu amigo, deveria ganhar um prêmio de humanidade” O assassino bufou um riso abafado. “Você realmente mudou, princesa” “Eu sei, acho que amnesia faz isso com as pessoas” brincou. “Se serve de algum consolo” Cam disse olhando para o céu “gosto mais de você assim” Beerin tomou um grande gole do café que tinha em mãos e suspirou. “Eu também”. Seu rosto voltou-se em direção a cabine e então, ele limpou a garganta. “Cam” chamou e os olhos esmeralda se fixaram nele “o que ela disse aquele dia... tudo aquilo era verdade? O sequestrou e...” Cameron assentiu. “Sim. Mas tem muita coisa por baixo disso” falou “a verdade é que você nunca foi o príncipe de Asaph de verdade. Nunca foi tratado como tal, se é que me entende” Ele entendia. “Você era constantemente assediado e abusado, seu pai deveria ganhar o prêmio de pai do ano” brincou “ele resolveu te vender a Fiesty como uma boa forma de se livrar de você, já que um burburinho se iniciou em Asaph, uns nobres revolucionários que se cansaram da monarquia tirânica e principalmente, do seu pai. Eles estavam planejando um golpe e sabiam como você era tratado. Bom, claro que deveriam saber” resmungou a ultima parte suspirando antes de continuar “bom, no fim ele conseguiu um bom trato e você era a mercadoria perfeita para a rainha de Fiesty. Um príncipe obediente, uma jovem donzela preparada para ser recatada e do lar. Uma verdadeira madre Tereza, pronta para obedecer e acatar qualquer coisa. Você era tão ferrado... que aceitava qualquer coisa como se fosse a maior declaração” Beerin sentiu suas bochechas esquentarem. “Você até achou que amava a rainha, tudo isso porque ela foi... minimante humana com você” zombou. “Então... a capitã me salvou” Beerin sussurrou. “Sim, mas não se engane, ela não era um príncipe em cavalo branco ou um ser bondoso que desejava cuidar de você. Renriel invadiu Asaph usando informações ilegais e após conseguir invadir, ela o sequestrou pela fama, poder e dinheiro que isso lhe daria. Era perfeito, ela mostrou a todos que conseguia fazer o que nenhum homem jamais conseguiu”, ele parecia orgulhoso enquanto falava “Foi fácil sabe? Mas acho que isso é óbvio só de olhar para suas habilidades atuais de esgrima. Você m*l conseguia segurar uma espada sem tremer” zombou e com os ombros arqueados continuou “ela te trouxe pro navio, então descobriu como você... realmente era” sussurrou limpando a garganta em seguida “então bom, ela resolveu cuidar de você..., mas sabe... ela já havia deixado um corvo para se comunicar com seu pai, mas não tivemos nenhuma resposta até o incidente com os navios da sua noiva...” “A rainha de Fiesty...” Beerin murmurou. “Sim” Cam suspirou “Eilidh é bem chata, nunca pensei que uma rainha do gelo fosse ser tão irritante. Elas costumam apenas observar o mundo funcionar a sua volta, mas acho que você a encantou, princesa” sibilou “você parece encantar a todos” Beerin sorriu. “É o meu charme pessoal” “Bom, seu charme pessoal colocou a rainha na cola do Andrea” Por alguma razão, Beerin mostrou a língua ao ouvir o nome dito por Cam e o assassino riu. “Que birrinha, princesa” “Eu tenho... birra com esse Andrea?” “Sim” Cam deu de ombros “você ficou se mordendo de ciúmes quando ele chegou e beijou a Renriel” Os olhos de Beerin arregalaram-se. “Ele beijou a capitã?” Cameron riu. “Sim, Andrea e Renriel sempre foram assim” “São... um casal?” “Não” Beerin suspirou, de certa forma aliviado. Afinal, mesmo que ele possuísse uma noiva, não se importava com ela, mas se houvesse outra pessoa na vida de Renriel... Bom... O que mudaria? Ele hesitou e Cameron continuou. “Andrea, Renriel e eu nos conhecemos desde criança” “Amigos de infância” murmurou. “Sim, algo assim” Cam disse puxando uma pequena adaga do bolso “mas Andrea se tornou capitão de seu próprio navio aos 12 e Renriel aos 15, então de certa forma, nos separamos” Beerin fitou o assassino, os olhos bicolores carregados de curiosidade. “Sente... vontade de se tornar um capitão, como eles?” O moreno sorriu. “Eu? Capitão? Sou a sombra de Renriel” disse olhando para as velas negras de Sírius. “Sou um assassino, não um pirata” “Ainda assim está em um navio pirata e convive com eles” Beerin o provocou. “E ainda assim, não sou como eles” Cam sorriu “nem você” O príncipe suspirou tomando o último gole de seu café. “E se eu quiser ser?” Cameron deu de ombros. “Então seja” ele diz saltando da proa para o chão “mas vai ter que me vencer antes de conseguir se chamar de pirata” Beerin sorriu, isso queria dizer um combate bem pior do que o que havia tido com Renriel. Afinal Cameron não parecia o tipo de pessoa que pegava leve com alguém. Assim como ele imaginava, foi. Lucien os observou do convés enquanto comia ao lado de Mark e ria enquanto Cameron o atacava com uma arma n***a que carinhosamente chamava de Rao. Mas Cameron era diferente demais de Renriel. Seus movimentos eram lentos, quase carregados, mas então ele parecia se fundir as sombras e tudo se tornava um flash. Ele estava levando a sério. Beerin engoliu em seco. Sua guarda tinha que estar alta, muito alta para que conseguisse sobreviver a Renriel, mas a Cameron? Ele era absurdo demais. A última coisa que seus inimigos veriam, seria o brilho esmeralda de seus olhos quando suas gargantas fossem dilaceradas. “Você foi bem” Cameron disse para consola-lo de forma quase humana estendendo a mão para Beerin “confesso que perto da criança que derrubei 132 vezes, você se tornou quase alguém descente” “Não seja tão duro” Lucien resmungou com a boca cheia de pão. “Não fale enquanto come” Mark reclamou limpando o canto da boca do ruivo, que sorriu olhando para o marido com certa doçura. “Não estou sendo duro, é a realidade” Cam disse girando a espada n***a no ar e a fazendo sumir entre as sombras de suas asas. No dia em que Beerin conseguisse vencer Cameron, ele sabia que conseguiria vencer qualquer monstro que surgisse a sua frente, mesmo que esse monstro fosse Abellio, seu pai. ✶✶✶ “Capitã” a voz de Beerin fez Renriel ter um leve sobressalto sobre os mapas que estavam dispostos sobre a mesa da cabine. “Oi” Ela respondeu limpando a garganta. “Queria... conversar” ele disse fechando a porta da cabine. Renriel sentiu o peso daquelas duas palavras afundar seu peito. Era como se seu coração estivesse sendo esmagado dentro da caixa toráxica. “Conversar?” “Sim” ele sorriu, um sorriso nitidamente falso. “Hum... certo” ela disse soltando o compasso e caminhando em direção ao sofá. Beerin – como sempre –, tomou a poltrona para si e respirou profundamente antes de olhar para ele, fixando seus olhos nos dela. “Eu...” ele suspira “Cameron me contou” diz simplesmente “ele me disse como tudo acontecia em Asaph” Renriel congelou. “Por que?” Murmurou sentindo seu sangue ferver. O que diabos Cameron queria? Machucar Beerin? Mas o príncipe sorriu. “Porque eu perguntei” “Tem coisas que...” ele a interrompeu. “Eu sei, mas o engraçado...” ele bufou “é que não consegui sentir nada. Quando ele me disse que fui abusado, que fui tratado m*l, que fui praticamente vendido a Fiesty... eu não senti nada” murmurou “eu não consigo me lembrar de nada e não consigo sentir nada sobre antes...” Renriel o ouviu, seus lábios pareciam selados enquanto Beerin falava. “Não consigo sentir falta de casa quando me falam de Asaph e sinceramente? Não sinto nada quando me falam da minha noiva..., então, é como se me contassem a história de outra pessoa” Ele sorriu. “Eu não sou o príncipe de Asaph, ao menos não agora...” seus olhos permaneceram em Renriel e ele inclinou-se para a frente “eu não sinto nada sobre Asaph, ou sobre Eilidh..., mas eu sinto sobre você. Eu gosto de como age comigo, gosto de ouvir sua voz e gosto da sua companhia – mesmo que pareça me ignorar e evitar a todo custo...” brincou “eu gosto de como me olha, gosto de como seu rosto se ilumina quando me vê...” Renriel sentiu o peso em seu peito se desfazer ao ouvir aquelas palavras. “Mesmo que eu tenha... te sequestrado?” Ele riu. “Você pode ter sequestrado o príncipe Beerin, herdeiro de Asaph, mas... você me salvou, Renriel” ✶✶✶
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