.•*¨*•.¸¸♪ Capítulo 9 ♪¸¸.•*¨*•.

1627 Words
.•¨ •.¸¸♪ Aquele onde Beerin perde a consciência ♪¸¸.•¨ •. Pesadelo nunca definiria o que os olhos de Beerin estavam vendo. De início, o barulho o assustou, mas não foi o suficiente para fazer seu coração disparar daquela forma. Afinal, o que era aquela coisa? Tentáculos que pareciam feitos de nuvens venenosas se enroscavam no casco do navio, alguns pareciam da grossura do corpo de um homem adulto e corpulento - outros eram finos como os mastros do navio. E mesmo parecendo serem feitos de fumaça, ainda sangravam - um veneno que trazia aos marujos, tossidas de sangue pelo deck. Era desespero que brilhava no olhar de cada um daqueles homens, mas mesmo ao ver aquelas coisas - não foi o medo da morte que fez o corpo de Beerin se mover. Foi aquela figura, parada na parte superior, com o leme ainda em mãos. Ela gritava de dor. Seus olhos lentamente perdiam a cor e em meio a todos os gritos, xingamentos e vozes… ele ouvia apenas a sua. Era a sua dor que o agonizava, eram seus gritos que o ensurdeciam e mesmo que ele implorasse, ninguém fazia nada. Ele correu antes mesmo de saber que o poderia fazer e mesmo com seus pulmões queimando como se as chamas verdes do inferno o envolvessem - ele a alcançou. Mark não me ouviu gritar? ele se perguntou, mas de relance, pode ver Mark sorrindo antes de avançar na direção da fumaça. Os cabelos brancos pareciam agora se unir ao ar. Os olhos de um azul celestial, agora eram luz pura e simples, onde nem mesmo a íris era vista e as tatuagens - parecidas com as que Ren carregava em seu corpo -, brilhavam em um tom igualmente azulado. Aquela era a magia ancestral que tantos reinos temiam? Talvez se não fosse pelo corpo de Renriel que parecia prestes a colapsar, ele tivesse prestado mais atenção a todo o resto ou até mesmo, se dado ao trabalho de ficar surpreso com os inúmeros eventos que pareciam ocorrer de uma única vez. Para seu azar, toda vez que a criatura atingia o navio, os gritos de Ren se tornavam mais altos e agonizantes e mesmo que ele continuasse a pedir para os marujos a pararem, nenhum deles se aproximava da garota. “POR FAVOR! PARE ELA!” ele tentou uma última vez, as lágrimas caiam sem nenhuma represa. Sua voz já havia se tornado rouca e falha. Completamente embargada pelo desespero. “Cala a boca! Ela vai nos matar!” O marujo que havia batido nele quando estava preso em sua cela rosnou. Beerin sentiu seu coração apertar, mas ao ouvir a voz de Renriel se tornar quase gutural enquanto falava “10 dias…” ele finalmente entendeu. Uma relíquia capaz de trazer aquele que se ama de volta à vida, o papiro cinzento - jogado sobre a mesa dizia. será selado no templo que se localiza abaixo do castelo de lunar em 10 dias. Tudo aquilo era pela relíquia em Agreste. Toda a dor que ela sentia, era pela vida que ela queria de volta… De quem era essa vida? Quem era tão importante? Beerin queria saber. Quem havia levado uma parte do coração de Ren junto a seu cadáver? Quem a fez sorrir sussurrando 10 dias, enquanto seu corpo colapsava? Ele queria saber. Mesmo ali, parado com o corpo gélido dela em seus braços, Beerin consegui sentir a fúria acordar em seu peito. Nada jamais havia sido tão importante para ele, nada além de sobreviver tinha importado antes. Nada… Então por que ele estava chorando por aquela garota? Ela o havia raptado. Havia roubado sua chance de fugir de Asaph e da torre n***a. Ela o tinha trancado na cela fedorenta e escura. Tinha zombado dele. O chamou de aberração - assim como muitos outros. Então… por que ele chorava? Por que doía tanto? Por que a dor dela, parecia sua? Por que os seus olhos de céu estrelado o faziam querer voar? Por que o calor de suas mãos, o deixavam em paz? E por que era tão assustador o fato de senti-la gelada em seus braços? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Ele iria perdê-la. Ele a estava perdendo e por algum motivo, Beerin sabia disso. Era como se algo estivesse se quebrando… desaparecendo. NÃO!!! NÃO OUSE! NÃO OUSE TIRA-LA DE MIM!! NÃO!! NÃO VOU DEIXAR QUE A TIRE DE MIM!!! NÃO OUSE TIRA-LA DE MIM OUTRA VEZ!!! Outra vez. Foi como se um eco gigantesco abrisse em sua mente e então, tudo se tornou escuridão e calor. Beerin - o príncipe herdeiro de Asaph apagou. ✶✶✶ “Hunf’ quem diria…” Lex sussurrou para si mesmo quando a luz que envolvia Renriel e Beerin, se expandiu por todo o navio. Mark jogava para longe a fumaça venenosa e com rajadas cada vez mais densas de ar, ele as cortava fora como lâminas afiadas. Mas Lex? Ele havia vivido o suficiente para não temer um kraken tanto quanto temia Sírius. Lex tinha crescido com Lucien e o visto perder o controle mais de uma vez. Assim como aquele que compartilhava com o navio sua própria alma e existência - Lex conhecia o preço e consequência. Ele estava lá quando Lucien morreu. Esteva lá, quando Ren assumiu e esteve lá, quando ela tentou e falhou em controlar a energia de Sírius. Aquele navio, era bem mais do que a criança de Lucien poderia suportar - ao menos, foi um dia. “Lex! O que caralhos é essa luz?” Ames gritou. “É a princesa!” Ele devolveu “Apenas continue!” “Mas e a capitã?” “Ela está bem!” Mark gritou mais ao longe. “O navio afundaria se ela morresse” Lex acrescentou e ele pode sentir que Ames congelou por alguns segundos ao pensar em afundar perto de algo como aqueles tentáculos enevoados. Os olhos do homem não conseguiam desgrudar de Beerin e Riel. O corpo da capitã entre os braços do príncipe - que outrora parecia fraco e inútil, mas -, agora era iluminado por uma luz quente e poderosa. Com os olhos queimando como as chamas de uma fênix. Nas costas de Beerin, podia-se ver uma silhueta que ainda parecia confusa, mas trouxe a Lex um sorriso condescendente. Havia décadas desde que ele vislumbrou aquela silhueta pela primeira vez. Beerin - o príncipe herdeiro de Asaph -, iluminava Sírius como o próprio sol iluminava os dias. Seu rosto - que minutos atrás era conturbado e doloroso -, agora estava pacifico e sereno. Isso o fez lembrar que certamente, Beerin não se recordaria de nada quando despertasse. ✶✶✶ Mark sentiu o calor inundar o seu corpo e alma. Sentiu a calmaria que vinha junto ao calor e soube naquele mesmo instante que algo havia mudado no curso do destino. Como tilintar de guizos, seu corpo estremeceu e mesmo que seu sangue estivesse prestes a ferver, o mestre dos ventos lutou. O grito ensurdecedor da criatura foi o que anunciou sua vitória, quando os mil cortes em cada tentáculo foram executados - Mark sentiu que estava prestes a desabar. Não seja imprudente, pequeno Breeze, o vento sussurrou. Perdão, Esen. Ele murmurou. Eu não posso perder ela também… Sempre tão doce, o vento respondeu. Eu senti medo, Mark admitiu, como uma criança que pede colo aos pais após um pesadelo. Seus olhos ainda queimavam em azul celestial. Então fique tranquilo, pequeno Breeze, eu ainda estarei aqui para te proteger quando o sol voltar a nascer. O vento o acalentou. Olhe para a sua pequena estrela e veja… ela vai crescer bem. O coração de Mark disparou e então, com o rosto virado na direção de onde antes estava Renriel, ele viu. Beerin estava de pé - o corpo iluminado por uma chama dourada que no lugar de consumir, alimentava e acalentava tudo ao seu redor. Em seus braços, como uma criança adormecida, havia a capitã. Aconchegada em seu peito como se esse fosse seu lugar de origem. Porém, com a mesma intensidade que a luz de Beerin brilhou, ela se foi. E o corpo magro e fraco do príncipe desabou com a capitã em seus braços. ✶✶✶ .•*¨*•.¸¸♪ Sumário♪¸¸.•*¨*•. Asaph: reino localizado no continente n***o do sul. Governado por Abellio – Rei regente. Reino de onde Beerin é o príncipe herdeiro. Fênix: uma criatura fabulosa, única de sua espécie. Suas chamas douradas eram capazes de curar toda e qualquer enfermidade. A lágrima da fênix era capaz de tornar imortal aquele que a bebe e suas penas são consideradas como itens maravilhosos, capazes de potencializar feitiços e poções. Sírius: um navio pirata lendário – criado pela bruxa. Sírius é um navio que divide com seu capitão sua alma e essência vital. Sem um capitão, ele afunda e permanece no fundo do mar pela eternidade. Assim como suas velas, os olhos de seu capitão, são como o céu estrelado que a bruxa tanto amou. Os poderes envoltos de Sírius e seu portador são desconhecidos. Breeze: é uma palavra de élfico antigo, que significa - um vento leve e suave. Esen: é o nome pelo qual Mark chama o Deus do vento.
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