.•*¨*•.¸¸♪ Capítulo 4 ♪¸¸.•*¨*•.

1574 Words
.•*¨*•.¸¸♪ Aquele onde uma coroa é dada como oferenda ♪¸¸.•*¨*•. “Não toque em nada, ou quebro todos os seus dedinhos” ela havia dito, mas ainda assim – sem nenhum motivo aparente –, a capitã pirata o havia levado para sua cabine. Beerin não conseguia definir aquele lugar com palavras melhores que – pergaminhos antigos e tinta. Os móveis eram grosseiramente deixados de canto, como algo subjetivo e pronto para ser jogado fora quando se tornasse inútil aos olhos de sua dona. Já os pergaminhos, livros e milhares de papéis – espalhados por todo o lugar, em grandes pilhas –, eram guardados com certo cuidado. Não havia ali um único grão de poeira. Na cabine, haviam três portas e uma delas – que se encontrava entreaberta –, deixava livre a visão de uma cama bagunçada. Os lençóis jogados para todos os lados, travesseiros desleixadamente atirados ao chão e garrafas de rum e whisky, acumuladas em volta do móvel. Não havia mais nada naquele cômodo além da cama e das garrafas; e Beerin se pegou pensando, por que ela precisa tanto beber? Não era que ele fosse curioso – ou houvesse tido algo pelo que se interessar em todos os seus 23 anos de vida –, mas algo nos olhos de céu estrelado da capitã, o intrigou. Era um sentimento familiar. Talvez, fosse apenas confusão de um garoto bobo e medroso, mas enquanto permanecia parado – sentado em uma poltrona de estofado vermelho –, ele aos poucos se deu conta de que ao ser tirado da cela, já não sentia tanto medo. Seu corpo havia congelado lá embaixo; ele não podia negar. Seus dedos ainda tremiam e cada parte de sua pele que havia sido cortada, queimava. Não que aquela fosse realmente uma novidade – como se ele jamais houvesse sofrido com agressões ou abusos, mas algo dentro dele, havia acreditado que não voltaria para aquela escuridão. Era assustador – não somente a prisão escura, fria e fedorenta –, estar ali era completamente apavorante. Haviam tantas vozes, tantos gritos e xingamentos. Aquilo era o que ser um pirata significava? Ele tinha lido tantas histórias, mas a realidade e a fantasia eram realmente diferentes uma da outra. Vai ficar tudo bem, desde que não desobedeça, tentou se convencer, aconchegando-se na poltrona. Mas por alguma razão, mesmo enquanto estava encolhido na cela, com medo das criaturas rastejantes e da dor que ainda lhe seria causada, Beerin não parou de pensar que as mãos da capitã, eram realmente calorosas. Seu rosto enrubesceu ao se dar conta de seu próprio pensamento. “Ren-Ren!” Uma voz gentil o fez levantar o rosto, para sua surpresa, era o homem loiro de olhos cor do céu, que sorria alegremente se aproximando da capitã. “Mark... eu já te disse pra não me chamar assim...” a capitã resmungou, batendo em seu rosto com uma das mãos. “Não seja tão má... PELOS NOVE MARES, O QUE ACONTECEU COM ELE?” Perguntou escandalosamente, arregalando os olhos redondos e brilhantes na direção de Beerin. “Acho que alguns marujos fizeram uma visitinha para a princesa” Ren disse, olhando para o príncipe com algo que pareceu desprezo aos seus olhos. Beerin abaixou o rosto com vergonha. Ele estava acostumado a ser culpado por tudo. Ser espancado não era tão incomum, mas ainda assim... ele gritou. Ele implorou como quando era uma criança de 5 anos e foi trancado na torre pela primeira vez. “Aqueles arrombadinhos...” Mark resmungou. “Tch... não se preocupe, vou cuidar melhor da nossa princesa” a capitã disse, lançando a Beerin um olhar de canto. “E para alguém tão barulhento, a princesa parece bem quieta desde que entrou em minha cabine. Me pergunto se era somente minha companhia que ele desejava” debochou enquanto se servia de um copo de rum. “Talvez seja sua presença ameaçadora, capitã” Mark brincou, debruçando-se sobre a mesa de cartografia “ou seu figurino, que deve tê-lo deixado envergonhado. Afinal... é de um príncipe que estamos falando. Será que ao menos ele já havia visto sua noiva em tão poucas roupas? Duvido muito”. Foi apenas após essas palavras, que os olhos de Beerin desceram do rosto de Ren, para seu corpo. O pescoço bronzeado e delicado, a clavícula exposta, ornada por tatuagens em símbolos que ele não entendia. A camisa – que era basicamente tudo o que Ren usava naquele momento –, descia com apenas alguns botões abotoados. Deixando a vista um decote perfeito em v, junto a suas coxas desnudas, repletas de cicatrizes e mais daqueles símbolos estranhos. Para seu azar, Mark e Ren agora o observavam e ambos sorriram ao notarem seu olhar sobre o corpo da capitã. “Ora, ora, Mark... acho que a princesa está se aproveitando da situação” Ren brincou. “E eu que pensei que a realeza de Asaph fosse mais educada” Mark incentivou. “Nã-Não... não é isso...” Beerin tentou argumentar. “Então não estava olhando para a Ren-Ren?” Mark perguntou em descrença, arregalando os olhos azuis, como duas grandes safiras. “Não estava olhando para minhas pernas? Tenho certeza de sentir minha pele queimar, princesa...” Ren provocou, subindo a barra da camisa com um dos dedos de forma provocativa. Beerin fechou os olhos com força, sentindo seu rosto esquentar – assim como suas orelhas –, enquanto murmurava uma resposta falha. “E-eu... não tinha visto antes... eu só... eu não queria... eu...” Renriel riu junto a Mark. Por todo o fim daquele dia, Beerin desejava se manter quieto. Desejava que a capitã o esquecesse enquanto conversava com o rapaz chamado Mark sobre rotas e futuros saques; mas para seu azar, uma mão pousou em seu ombro minutos depois. Seu corpo gelou e cada um de seus ossos, tremeu quando Mark o tocou antes de dizer “você precisa de um banho, vossa alteza...” o homem limpou a garganta, afastando a mão de seu ombro e continuou “venha, vou te mostrar onde pode se limpar”. Foram as palavras de Mark, antes de abrir a segunda das três portas da cabine. Ele não havia notado o quão cansado estava até deitar-se na tina com água morna que foi preparada por Mark. Seus ferimentos, pouco a pouco, se fecharam magicamente e Beerin quase sentiu que poderia relaxar. O sono o arrebatou antes que conseguisse notar e com as roupas sujas – com as quais iria se casar –, ele adormeceu no sofá da capitã., ouvindo o barulho da pena nos pergaminhos e o farfalhar dos papéis. Quando seus olhos se abriram, Beerin se questionou se não estava em um sonho. A porta da cabine, estava aberta e do deck, ele ouvia uma voz harmoniosa e angelical que cantarolava em uma língua desconhecida. Ela parecia triste e solitária, Beerin pensou. E demorou alguns segundos para que seus olhos se acostumassem à escuridão e ele entendesse que aquela que andava pelo deck do navio, com a lua no centro do céu noturno, era Renriel. Cantarolando enquanto carregava sua coroa ornada de rubis na mão esquerda. Ela caminhava pelo deck com os pés desnudos, seus cabelos – que ondulavam com o vento –, pareciam chamas vivas, balançando-se em ondas revoltas até que a garota parou, de pé, sobre a proa do navio. Volte a dormir, tentou dizer para si mesmo. Não seja tão curioso. Ordenou sua voz interior, mas quando se deu conta, já estava de pé, escondendo-se atrás de caixas e barris, enquanto seus olhos acompanhavam cada movimenta de Renriel. Ela cantou o último refrão de sua música e se debruçou sobre a proa. Por um momento, Beerin se perguntou se ela pularia e seu coração errou uma batida, mas em seguida, ela ergueu sua mão que segurava a coroa e com um sorriso que não alcançou seus olhos, ela a soltou para o mar. Murmurando dolorosamente palavras que pareceram uma despedida. Beerin suspirou, recostando-se ao barril enquanto a olhava ali. Renriel observava a água como se esperasse uma resposta e todos aqueles sorrisos de deboche e escárnio – assim como a língua afiada –, haviam sumido. Ele estava prestes a voltar para a cabine, quando seus olhos se arregalaram. Foi somente naquele momento, que Beerin soube onde realmente estava. Seu peito explodia com uma mistura de felicidade, empolgação e medo, pois as velas que tremeluziam com o vento da noite, eram velas de um lindo céu estrelado – assim como os olhos de sua capitã. Beerin estava a bordo de Sírius. O único navio pirata capaz de enfrentar o próprio rei dos nove mares. ✶✶✶ .•*¨*•.¸¸♪ Sumário♪¸¸.•*¨*•. Asaph: reino localizado no continente n***o do sul. Governado por Abellio – Rei regente. Reino de onde Beerin é o príncipe herdeiro. Sírius: Um navio pirata lendário – criado pela bruxa, que possuí o céu estrelado em suas velas. Rei dos 9 mares: O título que apenas o ser que conquistou os 9 mares e as criaturas que neles habitam pode receber. 9 mares: Os oceanos são divididos em 9 territórios. Cada um deles tem seu próprio habitat e é conhecido por suas criaturas e mudanças.
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