.•*¨*•.¸¸♪ Capítulo 44 ♪¸¸.•*¨*•.

1269 Words
.•*¨*•.¸¸♪ Aquele onde Beerin descobre o preço ♪¸¸.•*¨*•. Beerin sentiu o peso das palavras de Cameron ressoarem por sua mente. Renriel havia matado Lucien, ao menos era isso que provavelmente devia pensar e quando o príncipe se deu conta de tal fato, se recordou da noite em que a viu cantar enquanto jogava a coroa ao mar. A cena era vivida em sua memória, desde a melancolia em sua voz até as lágrimas que derramava. Ela se culpava e o quão torturante deveria ser? Ele queria perguntar, mas temia que para isso, nem mesmo Cameron soubesse a resposta. Não era algo simples de se responder ou pensar, ainda mais quando o era nítido que a morte do capitão afetava até mesmo o assassino de uma forma que ele preferia fingir apatia a admitir sua dor. E como se não quisesse mais perder seu tempo ali, o assassino abriu suas asas e em um bater rápido se impulsionou para cima sumindo entre as velas do navio em direção ao céu. Para Beerin era difícil entender o quanto aquilo poderia doer, era difícil imaginar como seria a culpa por matar o seu próprio pai quando nem mesmo podia se dizer que havia tido um, mas de alguma forma, ele podia dizer que aquele sentimento – o que apareceu naquela noite –, era quase palpável e ele não queria ver Renriel chorar daquela forma outra vez. “O que irá fazer?” Kendra o questionou com a cabeça recostada em seu ombro. Beerin voltou seu olhar para cima, para o céu estrelado que se unia as velas de Sírius, esperando que alguma delas lhe dessa a resposta correta. Ele não sabia o que iria fazer, mas sabia o que queria fazer. “Kendra” ele a chamou suavemente “você poderia me ajudar?” A fênix que se recostava no príncipe, grunhiu com empolgação. “Em tudo que precisar, my prince” Os lábios de Beerin arquearam-se em um sorriso ao ouvir a resposta e como Cameron havia esperado que ele fizesse, o príncipe voltou a cabine. Foi preciso atenção – era verdade –, e muito cuidado para levar a grande harpa de Apollo para fora da cabine de Renriel sem desperta-la, mas para Beerin aquela tinha sido a tarefa mais fácil. “Precisa ser cuidadoso e meticuloso” Kendra o avisou “uma palavra em falso e pode perder-se para sempre no véu entre os vivos e os mortos”. Beerin sentiu sua espinha gelar, era realmente algo com o que se preocupar. Era imprudente, provavelmente tão ridicularmente imprudente quanto havia sido em Agreste, mas ao menos dessa vez era por um motivo melhor que o seu falso senso de bondade. Era por algo além de não querer se parecer ao monstro que o havia criado. Mas nada disso mudava o fato de que aquilo tudo ainda era necromancia e necromancia era algo que Beerin não estaria pronto para lidar nem mesmo após meses de treinamento e leitura. Tudo que sabia sobre era datado de 250 A.A. e havia lido em um livro que falava sobre linhagens mágicas desvanecidas pelo tempo. “Preciso que me guie” ele pediu e a fênix com felicidade concordou enquanto o príncipe desenhava no piso de madeira n***a os símbolos mágicos utilizando sua mana. Um grande circulo e uma estrela de cinco pontas, entre as pontas deveria se existir uma runa representando os 5 elementos e por fim, ele se recordou de evocar as velas. Uma vela verde para terra, uma vela branca para o ar, uma vela vermelha para o fogo, uma vela azul para a água e na última ponta uma vela roxa para espirito, a essência da vida. “O círculo está pronto” ele proferiu e com os olhos dourados e a harpa posicionado no centro da estrela, ele ouviu Kendra murmurar “toque..., mas precisa tocar algo que o chame até aqui” Algo que o chame...? Beerin suspirou e então a melodia daquela noite lhe veio a mente e como se sempre o houvesse feito, ele dedilhou a harpa com a delicadeza e cuidado que um amante toca a pele daquela a quem serve. A melodia se espalhou, unindo a madeira Sírius, ao céu estrelado, as nuvens e ao mar. Para Beerin tudo havia se tornado um e ele podia sentir os fios entrelaçando-se a sua alma enquanto procurava como uma voz na imensidão. “Lucien” ele chamou e a melodia pareceu então se intensificar. “Chame-o outra vez” Kendra incentivou “continue a tocar” Como uma criança obediente, Beerin continuou e entre a melodia suave, chamou “Lucien, retorne... todos sentem a sua falta”. "Não deveriam" ele ouviu uma doce voz murmurar, era suave, serena e assemelhava-se em certo nível com a voz de alguém que lhe era familiar. "Os vivos deveriam deixar os mortos para trás" "Lucien?" Beerin questionou e com um tom de risada soprada a voz lhe respondeu. "Não era por mim que chamava, pequeno príncipe?" "Sim…" o moreno sorriu "eu o chamei…" "Eu vejo o porquê…" Lucien sussurrou "aquelas crianças outra vez foram impulsivas e outra vez não ouviram Mark, não é? Ele estava certo… eu não dei limites a eles. Provavelmente sou o culpado por isso" Ele os conhecia tão bem, Beerin se deu conta; mas no fim era esse o papel de um pai. "Eles foram…" o príncipe afirmou "mas tudo isso por sentirem sua falta" "Não deveriam" Lucien repetiu "não se deve mexer com o véu. É perigoso demais e você deveria parar enquanto ainda há tempo, criança de fogo". “Não era comigo que deveria se preocupar” “Mas não é você aquele que está se colocando em risco?” Lucien o questionou. “Sou o herdeiro da fênix” o príncipe respondeu “renasço de minhas próprias cinzas não importa quantas vezes tentem me matar” “Não antes de completar o ritual, criança do fogo. Não se esqueça que ainda não é aquele que porta a joia de Angelov. A joia é um dos três pilares, não é?” Lucien murmurou e junto as suas palavras, Beerin sentiu um arrepio percorrer sua espinha e Kendra sussurrar ao seu ouvido. “Cuidado, Lucien não está sozinho” “O que te impede de voltar?” Beerin murmurou e como se esperasse por aquela pergunta, Lucien suspirou. “Amarras que fiz em vida e que agora me prendem a um lindo lugar” Lucien respondeu e junto a sua resposta, Beerin o viu tomar forma a sua frente; um semblante espectral, azulado, mas ainda assim, um homem de cabelos ruivos e olhos estrelados. Haviam correntes por todo o seu corpo e elas se uniam ao navio como se acorrentassem a alma de Lucien, como se tornasse ele parte da embarcação. “Esse é o preço?” Beerin murmurou e Lucien que agora o fitava com certa melancolia, assentiu. “Uns pagam mais que outros, mas sim... unir-se a Sírius em sua morte é o preço por se tornar o seu capitão” ✶✶✶ .•*¨*•.¸¸♪ Sumário♪¸¸.•*¨*•. O véu: também conhecido como limbo, a grande imensidão ou purgatório. O véu é o plano que coexiste entre o plano espiritual e o plano mortal. Todos que possuem uma alma e acabam por morrer, passam pelo véu para que chegue ao outro lado e reencarnem outra vez.
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