Eu ainda te odeio

2263 Words
Depois de tudo o que aconteceu, todas as pessoas que perdemos, depois de quase morrer. Ainda seria possível viver uma vida normal? Eu e meu marido, sozinhos desde que chegamos, eu iria aproveitar, não é lá a melhor companhia do mundo, mas William tem me tratado muito bem desde que chegamos, então, por que não dar uma chance? A cama balançava com um ranger agudo e baixinho, o silêncio era quebrado por meus gemidos incessantes, enquanto o corpo de meu marido, suado e quente, estava colado junto ao meu. Eu arranhava suas costas, ele gemia em meu ouvido, enquanto entrava e saía de dentro de mim, e eu, não me limitava quando precisava gemer seu nome bem alto, aproveitando do fato de que ninguém nos escutaria Eu parecia estar no início desse relacionamento, quando sexo com o meu – naquela época – namorado era prazeroso e sem nenhum pingo de fingimento Eu precisava, eu gostava, e mais do que nunca, eu queria sentir o William Seus movimentos, eram agressivos, mas também controlados. Uma coisa eu nunca tive como negar, William sabe t*****r muito bem Ele sai de dentro de mim, e uma sensação de alívio me invade quando ele faz isso, mas logo sinto falta, ele se senta ao meu lado, logo entendo o recado e sento em seu colo, lhe dando um beijo elétrico William, enfia dois dedos em mim sem prévio aviso, e começa a movimenta-los, a sensação foi incrivelmente prazerosa, ele sorri ao escutar meu gemido Abraço seu pescoço e me aconchego em sua pele, buscando alguma forma de descontar o t***o que sentia. Em todas as nossas transas, essa sempre era minha parte favorita, a parte em que ele realmente me provocava um intenso e verdadeiro prazer Ele sempre fazia a mesma expressão enquanto me tocava, um sorriso maroto de moleque, que eu adorava olhar. Era nítido em seus olhos o quanto ele adorava me ver assim, completamente louco e entregue a ele Sinto meu ápice chegando, jogo minha cabeça para trás e puxo seu cabelo da nuca, afim de novamente descontar meu prazer em alguma coisa Me desmancho no abdômen de William, gozando fartamente ali - Minha vez, pequeno - ele anuncia - Me jogo em seu peito afim de descansar e deixar que ele termine tudo, mas William não pensava da mesma forma Me segurando na cintura, ele me empurra na cama e me deixa na mesma posição de antes, só que dessa vez, ele não cola seu corpo no meu, e fica de joelhos Sinto seu m****o entrar em mim de uma vez, sem ele se quer usar as mãos, William começa a me penetrar com rapidez, e logo sua expressão vai mudando de garoto sorridente para cheio de raiva, me fodendo cada vez mais forte Ele logo anuncia seu orgasmo, e eu posso finalmente sentir seu m****o pulsar dentro de mim seguidas vezes, seu g**o, porém, foi contido pela camisinha William tira seu m****o de dentro de mim, tira a camisinha, faz um nó e joga fora ...... Os sons do g**o cantando, com o do rio e do resto da natureza, me relaxa, antes mesmo de eu abrir os olhos Passo a mão sobre a cama, logo me decepcionando com fato de que ele não está ali. Me sento na cama e me estico, eu com certeza não queria levantar agora Mas era necessário, então, saio da cama, me visto com a camisa do William que estava no chão e uma cueca minha Saio do quarto, e logo me dirigi para a porta da casa, passando o olhar por todo o terreno, afim de achar meu marido, que também não estava lá Saindo da casa, sou recebido com pulos de alegria dos cachorros até a cozinha, não pude deixar de sorrir e dar bom dia para cada um Logo entro na cozinha, e me deparo com o primeiro sinal de vida do meu marido, um papel escrito a mão em cima da mesa "Oi pequeno Eu tive que acordar muito cedo, pra ir até a cidade mais próxima, o que vou fazer lá você descobre quando eu chegar. Relaxa, eu já dei comida pros bichos, e deixei seu café pronto, eu sei que não gosta de ficar sozinho, então no caminho vou mandar uma pessoa de confiança pra te fazer companhia, ela é muito legal Te amo" Esse homem só pode ter ficado maluco, mandar alguém que eu m*l conheço? Quem poderia ser? E o que raios de tão importante esse homem foi fazer que não podia esperar eu acordar? Ouço passos, vindos de fora da cozinha, meu corpo gela e o coração logo acelera Vou pra fora e me deparo com um senhora, meia idade, carregando um largo sorriso e um embrulho nas mãos - Bom dia, vizinho! - Bom dia - Então você é o famoso marido do Willizinho?? "Willizinho, hahaha" - Pois é... Tudo que eu pude pensar era se isso não era estranho pra ela, o fato de que o William tinha se casado com outro homem - Não se preocupe, querido, sei o que deve estar pensando, mas fica tranquilo, eu também vim da cidade, e dois homens juntos não é nada estranho pra mim Sua simplicidade faz surgir um sorriso em meu rosto - Vamos entrar então - a convido - Passaram-se pelo menos algumas horas de conversa com Marília, que me contou tudo que eu precisava saber pra viver aqui, e que eu podia contar com todo mundo aqui por perto Logo a dúvida do "Willizinho" veio na minha cabeça, eu precisava saber mais sobre William, e se ele tem esse apelido, deve ser por que viveu aqui - Marília, pode me contar mais sobre a infância do William nesse lugar? - Bem, ele nasceu aqui, eu mesma fiz o parto da mãe dele. O Willizinho viveu nesse sítio até os seis ou sete anos se eu não me engano. Todo mundo aqui conhece ele, ele com certeza era o menino mais levado de todos - É mesmo? - Ish...entrava no chiqueiro pra assustar os porco, corria atrás das galinhas, subia nas árvores, atirava pedra nos passarinhos... - disse dando uma risadinha - E era namorador, muito, desde pequeno ele vivia dizendo que tal menina era namorada dele, as vezes a tal menina não tinha nem noção de quem ele era Isso arrancou uma risada forte de mim - Mas aí...aconteceu o que ninguém imaginava, o pai dele, estressado com a estiagem da época, começou a chegar cada vez mais bravo em casa, até começar a bater na mulher Isso não me trás lembranças nada boas - Mas a Susane não era de levar desaforo pra casa, juntou as coisas, pegou o filho e foi embora. Eu nunca mais vi a minha amiga, soube que seguiu a carreira de enfermeira na cidade, e o Willizinho conheceu a vida no crime, e esqueceu da gente, e de toda a infância...desculpe, eu fico meio emocionada com essa história - Claro, não precisa se desculpar. Eu só estou chocado - Você não sabia de nada disso? - Tem muita coisa sobre o meu marido que talvez eu nunca saiba Thiago As coisas no morro estão desastrosas, Pedro pensou que libertária o povo da tirania do Medo, mas só se tornou um tirano pior ainda. Eu só não tinha certeza se ele sabia disso Katianne entra na casa, eu estava na sala, ela agora usa uma peruca, e espalha por aí que o filho do William na verdade é do Pedro, dando a entender que ela estava traindo o Medo, uma mentira descarada Ao contrário de William, meu irmão não tem apenas uma fiel, já contei pelo menos umas três que vivem aqui dentro. As pessoas estão extremamente insatisfeitas, só não falam isso em voz alta Minha mãe, vive aqui agora, ela chorou por horas ao saber que estou vivo. Mas passou, e ela tem muito orgulho do meu irmão, não só por ele ser um bandido, mas principalmente por causa da forma como ele derrubou o seu antecessor Não citamos mais o nome do William nessa casa, em nenhuma hipótese, todo mundo acredita que ele está morto - Oi, meu amor - Diz meu irmão, abraçando Katianne e a beijando - A garota olha pra mim e sorri, piscando por trás do abraço de Pedro. Só consigo revirar os olhos se raiva dela, eu nunca gostei dela, e só de pensar em tudo que ela fazia com o Augusto, me dá ódio Não dá pra continuar nessa casa, preciso sair, pra tomar um ar Vou pra fora, enquanto caminho pelo bairro, todos me olham, eu ganhei muitos nomes desde que voltei "O que voltou dos mortos" "O morto-vivo" "O irmão do ditador" Esses pelo menos, eram os que mais me machucavam, eu deixei de ser um moleque qualquer. Paro em um bar da baixada, até porque, agora nem o seu Joaquim me quer no bar dele Me sento no balcão, um rapaz alto e mais novo que eu atende, peço apenas um copo de cachaça - Quanto tá o atacado do gift aí, meu bem? - pergunta alguém do meu lado - - Cinquenta centavos - Então me vê uns seis, que hoje o dia tá uma merda Uma garota, loira de cabelos curtos, se apoia no balcão bem ao meu lado - Tá tudo bem? - pergunto - - Qual parte de "tudo uma merda" você não entendeu? Isso provoca em mim uma risadinha - Tá vindo do trabalho? - Se é que se pode  chamar o que eu faço de trabalho - Então acho que estamos no mesmo barco. Isso pelo menos, desde que o novo dono chegou - Nem me fale, é bem mais difícil ser uma garota trans quando o cara que comanda o buraco onde você vive é um transfóbico de merda - Fizeram alguma coisa com você? - Não é da sua conta - disse após um pesado suspiro - Ela me lembra o Augusto, principalmente porque eu o conheci da mesma forma, com a mesma grosseria que se transformou em amizade - Prazer, Thiago - estendo a mão para ela, que apenas a olha e ignora - - Aline - disse - Augusto Após horas conversando com Marília, horas essas que passaram voando. Finalmente escuto o som do carro velho de William se aproximando, e entrando no terreno. Interrompendo a conversa, vou até o quintal com certa pressa, o observando sair do carro - Sentiu falta de mim, bebê? - perguntou se aproximando - - Senti sim. Senti falta de te mandar a merda, William Ele ri, me dando um selinho - Tenho uma surpresa pra você - disse baixinho, com aquele sorriso dele que sempre vem antes de me mostrar alguma coisa que fez - Oi, Mari!! Ele foi até Marília e a abraçou - Obrigado por ter cuidado dele - Que nada, as vezes um bom papo faz falta, eu fico tão sozinha naquela casa, eu que agradeço. Agora eu tenho que ir - Mas já? Fica pro almoço - ofereço - - Não, o meu marido deixou o almoço pronto lá em casa, outro dia eu dou uma passada aqui pra ter mais um dedin de proza com vocês Ela se despediu, indo embora, imagino que a casa dela deva ser bem próxima já que está indo a pé William deu um beijo em sua bochecha para se despedir e veio correndo até mim, me puxando pelo braço - Calma! - Vem logo! Ele abre o porta malas, e revela várias sacolas de supermercado, uma se destacava pela cor e tamanho, uma caixa embalada em uma sacola plástica grande, eu abro, e me assusto vendo que a caixa era de um Xbox - Tá maluco? - É pra gente passar o tempo, amor - William, se você gastar o dinheiro do banco com esse tipo de coisa em pouco tempo vamos ficar na miséria - Ai que drama, Augusto, é só um vídeo game. Parece que eu trouxe uma estátua minha de ouro dentro do carro - Tá, e a gente vai jogar de que jeito? Naquela televisão de tubo que nem liga? - Não, é por isso que eu tenho outra coisa pra te mostrar no banco de trás - Você comprou uma televisão né seu filho da p**a? Ele soltou uma alta e exagerada risada Ele abre as portas de trás, e sim, tinha uma TV de tela plana em cima do banco - á vista - disse abrindo a porta - Eu te odeio tanto... - minto pondo a mão na testa e liberando a risada que ele me provocou - William veio por trás e beijou meu pescoço - Amor, é pra gente, a gente merece. Passamos por tanta merda, quase morremos nas mãos daquele desgraçado. Deixa eu te mimar um pouquinho, pra vida aqui não virar um tédio total - Eu só tenho medo de você gastar toda grana que sobrou no banco, dessa vez não tem de onde tirar dinheiro - No futuro a gente pensa depois, tá? - Você as vezes parece um adolescente irresponsável...mas, mesmo assim, obrigado pelo presente Me viro de frente pra ele, observando seu sorriso sem mostrar os dentes. Dou leve e fraco tapa em seu rosto, o fazendo dar uma fraca risadinha, toco seus lábios com os meus, ele aceita e encerra com um selinho - Eu te amo demais - sussurrou, se afundando no meu pescoço - - Eu ainda te odeio - digo arrancando dele uma risada, acompanhada de uma pequena mordida no pescoço - .....
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