Paula Davis
Hoje é sexta, segunda tenho uma entrevista de emprego, nada louco, aqui em Nova Orleans há muito trabalho, mas não tão puxado como no Centro das grandes capitais do mundo.
Estou organizando as últimas malas no meu novo closet, eu ganhei até um vestido lindo do meu irmãozão.
- Ele é lindo... - Mamã para ao meu lado, está com um turbante lindo na cabeça e com sua esfoliação em dia.
- É, não sei o que meu irmão quis dizer com esse vestido... - O vestido é de seda perolado rosé, com as costas nuas e o caimento perfeito ao corpo.
- Ele quer que você se divertir! Está a dez anos vivendo o sonho do meu filho, não sei como te agradecer tamanho empenho, dedicação e amor demonstrado naquela época, mas não precisa mais disso Paula, agora pode sair, beijar, viver um pouco...
- As crianças? Samuel começa na escolinha de futebol amanhã e Sara...
- O que tem a Sara minha filha? - Minha sogra me ollha preocupada.
- Ela é linda, não tem nada errado, somente não sei se consigo sair para "ficar"...- Mamã ri das minhas confissões de recém divorciada.
- Quer o conselho de uma velha que amou tanto um homem que se anulou durante tantos anos e agora vê ele feliz com uma mulher trinta anos mais nova de ele? - Esse foi o meu alerta em relação a Carlos Eduardo, o pai do meu ex era igual ao filho, somente enxergava o trabalho na frente, Senhor César Silva é um renomado dono de uma rede de supermercados, mas não dava atenção a minha sogra.
Quando Ana descobriu a traição, bom, ela fez o homem vender metade de todos os seus mercados com o divórcio.
Os dois tinham construído a rede, mas Ana ficou em casa para cuidar de Cadu, bom, o velho ficou doido, mas não teve advogado que tirasse os direitos da minha sogra, com a sua rede praticamente falida, minha sogra focou em me ajuda com Samuel e meu sogro a tentar convencer a sua amante a ficar depois de milhões mais pobre na conta bancária.
- Vai com a mente aberta Paula, tenha o que você não teve durante esse tempo, nem fale seu nome, brinque, se diverte, beije, transe... viva o que não conseguiu viver com Carlos, depois volte para os seus filhos no amanhecer do dia, estamos na época de carnaval, pode ficar com alguém e nem o vê nunca mais... Sara e Samuel não vou te julgar por uma noite ou por você também ser feliz. Eles vão amar ver uma mãe mais leve, calma e feliz... Que cidade melhor seria para fazer isso? - Ela me olha com uma cara engraçada, de tipo, " eu sei que tenho razão".
- Ok, ok, vou aproveitar o carnaval, mas amanhã cedo a Paula mãe do Samuel e Sara volta...
Me arrumo com a ajuda da mamã, o meu irmão acertou nas medidas do meu corpo.
Minha mãe era brasileira e meu pai norte americano, eu e meu irmão temos os olhos e cabelos iguais ao do nosso falecido pai, mas meu corpo era igual o da minha falecida mãe, apesar que com a gravidez, tudo mudou um pouco.
A história deles é linda, pena que acabou, mentiria se dissesse que não sinto falta deles até hoje, meus pais enfrentaram muitos desafios para ficarem juntos, no Texas não era bem visto um americano com uma Latina, ainda mais brasileira.
Por isso os dois que eram formados em arquitetura e engenharia vieram morar em Nova Orleans, querendo ou não, aqui eles não sofreriam tanto como no Texas.
Meus filhos são a mistura minha e de Cadu, os dois são a razão do meu viver, quero dar tudo que não tive com os meus pais.
- Está maravilhosa... - Pego a minha bolsa, arrumo meu cabelo que está solto, suspiro com o coração na mão, tenho que reunir toda a minha força para não pular na minha cama com as quinhentas almofadas que acho um charme, mas me deixam irritada todas as noites.
- Qualquer coisa... - Ela me interfona.
- Te ligo, mas as crianças estão dormindo pelo fuso horário, amanhã Heitor vai passar o dia aqui, teremos ajuda para cuidar deles, aproveita!
Beijo minha mamã e vou com a cara e a coragem.
(...)
Não me lembrava do carnaval de Nova Orleans, Deus a cidade está uma verdadeira festa!
As bandas passam nas ruas com seu som animados, as cores, nossa tudo é tão colorido que acredito que por isso eu não estranhei o carnaval de São Paulo.
O cheiro de comida boa que vem das portas do bares e restaurantes é formidável, não sabia que tinha tenta saudade assim...
Vejo o restaurante com música ao vivo que tanto amo, ele ainda está aqui depois de dez anos...
Vou em direção ao local, mas sou puxada um mãos fortes, me assusto com a aproximação repentina, mas ao ver o homem na minha frente me sinto tentada a ouvir sua proposta, mas a boca receosa fala primeiro.
Digo que não vou mostrar os s***s por um colar, mas o sorriso sedutor que me é oferecido faz as minhas pernas perder um pouco da firmeza.
- Não quero te dar o colar, quero a mesma coisa que você, beber e curtir a noite... - Pela primeira vez nossos olhos se encontram, dá para ver a alma desse homem, ele é um livro aberto, me tem como uma presa, ele me quer em sua cama, sou o alvo da noite, o que na verdade me incomoda e querer ser o alvo da noite.
- Meu nome é... - Acabo o interrompendo, me com um dedo vai a sua boca gostosa...
- Sem nomes, somente a companhia um do outro... - As palavras de mais cedo vem na minha cabeça, hoje sou Paula amanhã volto a ser tudo que meus filhos precisam.
O sorriso dele é a coisa mais linda que vi nesses últimos tempos, Deus eu estou muito ferrada!
Lembro das palavras da minha querida mamã, viver o agora...
Mal sabia eu que viveria em prol de colocar aquele homem no lugar certo, e me machucar no processo, acho que eu gosto de sofrer...